Para homenagear Heitor dos Prazeres, a Unidos de Vila Isabel trouxe, na primeira noite de disputa, uma safra de alta qualidade. O enredo desenvolvido por Gabriel Haddad e Leonardo Bora permitiu que os compositores da escola criassem sambas interessantes que, com certeza, irão levantar o público até a grande final, marcada para o dia 12 de setembro. Abaixo, as análises dos sambas classificados para a próxima etapa eliminatória.

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Parceria de Moacyr Luz: A segunda apresentação da noite foi da composição de Moacyr Luz, Inácio Rios, Márcio André Filho, João Martins, Igor Federal, Dani Baga e Gustavo Clarão. O intérprete responsável por conduzi-la foi Bruno Ribas. É uma obra que conquista pela melodia e cadência, principalmente em sua primeira parte. Como exemplo, os versos: “Heitor dos Prazeres,/ sonhei seus saberes, Cateretê!/ Os velhos ranchos perfumando meu ilê/ Vou de camisa listrada/ A bença Ciata, tirei meu chapéu”. O refrão principal também merece destaque pela forma como a repetição de “Macumbembê Samborembá” é utilizada.
Parceria de Juju Ferreirah: Com a força de uma parceria totalmente feminina, as compositoras Juju Ferreirah, Eliza Barra, Euza Borges, Laudicéa Rodrigues, Maria Clara e Silvinha Melonio tiveram seu samba defendido pela intérprete Clara Vidal. A apresentação conseguiu levantar parte da quadra, mesmo com a torcida reduzida. É interessante como o refrão do meio utiliza os termos “Macumbembê” e “Samborembá”, que fazem parte do título do enredo, além de transformar “Kizomba” em verbo, com o criativo “Kizombear”. Os versos “Tem luta, terreiro e Ferreira/ Solta o alabê da Swingueira” preparam bem o refrão principal, em sintonia com o primeiro verso: “Desce o morro, moçada!”.
Parceria de Cláudio Matos: Cláudio Matos, Ribeirinho, Markinho da Vila, Didi Tupinambá, Américo Z. Zimmermann, Robson Bastos, Domingo PS e Carlinhos Niterói assinam o samba-enredo defendido por Igor Vianna. Durante a apresentação, o samba levantou o público, apesar de um detalhe: a aceleração perceptível na primeira parte. O trava-língua “Moço firmava a macumba e a moça de saia incorporou/ Gente que desce o morro num enredo de sonho que a Vila sonhou” foi bem utilizado para imprimir ritmo e dinâmica à obra.
Parceria de Ricardo Mendonça: Tem-Tem Jr. e Charles conduziram a apresentação da parceria formada por Ricardo Mendonça, Diego Nicolau, Deco Augusto, Guilherme Karraz, Marcão, Vitor Marques, Miguel Dibo e Gigi da Estiva. Um dos pontos altos foi o refrão do meio: “A kizomba é kizumba, saravá!/ Saravá! Saravá!/ Saravá é macumba, macumbá!/ Na gira! Da Vila!” Outro destaque foi o verso que encerra o refrão principal: “Quem assina a autoria é a Vila Isabel!”.
Parceria de André Diniz: O intérprete Wander Pires defendeu o samba de André Diniz e Evandro Bocão. Foi a única obra cujo refrão foi cantado em coro forte pela quadra, enquanto os integrantes do palco optaram por não cantar, permitindo que se ouvisse apenas a voz do público. Os versos que conduzem ao refrão principal carregam beleza poética e melodia envolvente: “De todos os tons, a Vila, negra é!/ De todos os sons, a negra Vila é!/ De China e Ferreira/ Mocambo, macacos e o Pau da Bandeira/ Da nossa favela, branca a azul do céu/ No branco da tela o azul do pincel/ Vem ser aquarela, pintar a Unidos de Vila Isabel”. Um detalhe notado foi um possível ajuste no microfone de Wander durante a apresentação.
Parceria de PC Feital: Encerrando a noite, a parceria de PC Feital, Thales Nunes, Gustavinho Oliveira, Danilo Garcia, Gabriel Simões, Hugo Oliveira, Telmo Augusto e Washington Motta foi defendida pelo intérprete Tinguinha. A melodia desenvolvida cria uma atmosfera calma, enquanto os refrões aparecem fortes e marcantes. Os versos se estendem com beleza: “Que eu me vejo refletida em seu olhar/ Mocambo dos macacos em cortejo, é carnaval/ Da África sonhada à Praça Onze original/ Um dengo de Ciata que nos faz lembrar”. Outro ponto alto é: “Desperta, afro-rei, nossa alma brasileira/ Entidade altaneira/ No berço do Carnaval/ Sou Vila,/ ‘Nossa Escola de Samba’ é madeira/ Do Morro do Pau da Bandeira/ Aos palcos do Senegal”. O trecho prepara com intensidade o refrão principal e fecha com vigor a apresentação.