A Unidos de Vila realizou um desfile espetacular na noite desta segunda pelo Grupo Especial do carnaval carioca. Contando com toda a criatividade do carnavalesco Paulo Barros, a azul e branca do bairro de Noel entrou na avenida extremamente feliz e se colocou na briga pelo título, muitos foram os destaques positivos, a começar pela apresentação da comissão de frente coreografada por Alex Neoral e Marcio Jahú, que fez os bailarinos flutuarem em plena avenida, a apresentação do casal de mestre-sala e porta-bandeira, Marcinho Siqueira e Cris Caldas arriscou ao promover uma troca de roupas em frente às cabines de julgamento, porém, em todos os módulos a ideia funcionou e serviu para que o público se entregasse. A comunicação com as arquibancadas foi incrível, a cada alegoria que entrava na Sapucaí, as pessoas paravam para admirar e observar a beleza e os truques, marca registrada de Paulo Barros. Aliás, o conjunto visual foi um dos melhores já desenvolvidos por Paulo em toda a sua carreira, ele derramou sobre a Vila todo o seu talento e bom gosto, a escola saiu da avenida com gritos de ‘é campeã’, e o carnavalesco, que teve sua contração contestada no pré-carnaval, foi aclamado. * VEJA AQUI FOTOS DO DESFILE
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Apresentando o enredo “Nessa Festa, Eu Levo Fé!”, assinado pelo carnavalesco Paulo Barros, a azul e branca do bairro de Noel levou para a avenida as festas religiosas espalhadas pelo Brasil, foi um passeio pela cultura festiva da Grécia antiga representada pelo Deus Baco, passando por festas no mundo todo, festas típicas do Brasil, as celebrações do dia dos mortos, até finalmente aportar no carnaval. A escola foi a terceira a cruzar a passarela do samba na segunda noite de desfiles do Grupo Especial. A escola terminou sua apresentação com 70 minutos.
LEIA ABAIXO MATÉRIAS ESPECIAIS DO DESFILE
* Paulo Barros volta para Vila e encanta componentes com a beleza de fantasias e alegorias
* Passistas da Vila Isabel foram noivos e noivas em celebração a Santo Antônio
* Carro da Vila celebra o Dia dos Mortos mexicano com muita cor e empolgação dos componentes
* Salve São Jorge! Festa do santo guerreiro é o tema do terceiro carro da Vila Isabel
* Última alegoria da Vila Isabel exalta o carnaval e traz o Rei Momo em veículo que descia até a pista
* Baianas de Vila Isabel simbolizaram a lavagem das escadarias da Igreja do Bonfim
Comissão de Frente
A comissão de frente coreografada Alex Neoral e Marcio Jahú abordou a origem mitológica do carnaval através da lenda do Deus Baco, os componentes estavam fantasiados de ninfas e sátiros, em fantasias extremamente bem confeccionadas. A coreografia representou o êxtase provocado pelo vinho, um estado da alma em que os sentidos se desprendem das coisas materiais, um prazer capaz de conduzir os seres à inspiração absoluta, de tirá-los do chão e aproximá-los da divindade a quem cultuam.
Os coreógrafos optaram pelo uso de um elemento cênico, de dentro dele, saiu um palco que utilizado para apresentação aos jurado, ele se abriu em cinco partes e as ninfas flutuaram pela avenida, o truque foi observado com empolgação e curiosidade pelo público, ao final da apresentação, Baco se transforma e em Rei momo, outro momento de muita empolgação. No geral, a comissão se apresentou de forma clara, leve e irônica, o enredo foi contado com maestria e a surpresa funcionou muito bem, a apresentação impulsionou o início do desfile da azul e branca.
Mestre-sala e Porta-bandeira
A dupla Marcinho Siqueira e Cris Caldas vai para o segundo carnaval defendendo o pavilhão da Vila e possivelmente realizaram um dos desfiles mais desafiantes de suas carreiras, eles trocaram de roupa na frente da cabine de jurados, a transformação causou um efeito poucas vezes vistos na avenida, com vestes simples no início representando o povo humilde, em poucos segundos eles colocaram o figurino e deram lugar a realeza, nesse momento, o público vibrou com muita intensidade.
O que poderia ser um risco para a apresentação deles, parece ter servido de combustível para uma das maiores apresentações que já realizaram, o entrosamento entre os dois é nítido, visto que apenas com o olhar se entendem. A intensidade da dança impressionou, assim como os giros de Cris que foram muito rápidos e precisos, a bandeira em todo o mundo se manteve desfraldada, o desempenho de Marcinho também merece elogios, ele riscou o chão da Sapucaí sempre com um sorriso no rosto.
Harmonia
Um show da escola de ponta a ponta, o desempenho do intérprete e de carro de som foi excepcional, a união entre o canto dos componentes, a forma que se entrosou com o ritmo da bateria e a entonação do intérprete foi um dos pontos altos do desfile, a comunicação com o público também foi assertiva, o que parece ter impulsionado ainda mais os componentes. A bateria Swingueira de Noel fez mais uma exibição de alto nível, a escola de Noel brincou o carnaval e saiu da avenida da mesma forma que entrou, cantando com muita garra.
Enredo
De volta à Vila Isabel, o carnavalesco Paulo Barros foi o responsável por desenvolver o enredo “Nessa Festa, eu levo fé”, inspirada pelas comemorações divinas e populares espalhadas ao redor do mundo, a Vila Isabel convidou a todos para esse passeio. O desfile foi dividido em cinco setores e passou com clareza o tema.
O primeiro setor, denominado “Quem nos ensinou a festejar… Foram os deuses milenares!” Começou o desfile mostrando o Deus Grego Baco, o setor também mostrou festivais em homenagem a outros deuses. O segundo setor, “Tem protetor e padroeiro no mundo inteiro”, mostrou as festas da fé, com destaque para São Jorge.
No terceiro setor as festas brasileiras foram as grandes protagonistas, festas juninas, Caprichoso e Garantido, Iemanjá, todas as festas relacionadas ao Brasil estiveram presentes. O quarto setor, denominado “A morte é uma festa”, levou para a avenida celebração dos povos em torno da morte. A escola encerrou seu passeio com o setor “Carnaval: nessa festa, eu levo fé!”, a viagem pelos carnavais de Veneza, blocos de rua e uma homenagem às escolas de samba encerrou o desfile.
Evolução
Os 2600 componentes que desfilaram pela escola deram um show de evolução. Foi um desfile desfile quase perfeito nesse quesito, tirando um pequeno espaço deixado pelo último carro em frente a primeira cabine de jurados, a Vila passou pela avenida com muita desenvoltura e organização, as alas, em sua totalidade estavam muito compactas, os ensaios realizados no Boulevard 28 de setembro pôde ser visto no desfile. O enredo da Vila promovia uma grande festa, e foi justamente o que a Vila fez na avenida, a escola se divertiu na avenida e encantou do início ao fim.
Samba-Enredo
O samba-enredo composto por Dinny da Vila, Kleber Cassino, Mano 10, Doc Santana e Marcos foi a obra que a comunidade queria desde o início da disputa, a prova disso foi a forma que eles cantaram. De melodia e letra simples, o samba tem características que fizeram com que ele fosse cantado com muita força, porém, a segunda parte gerava uma explosão maior, com destaque para a parte “Pulei fogueira, anarriê no arraiá brinquei”, a explosão vista nesta parte continuou com o refrão principal e o “Evoé Evoé” logo caiu nas graças do público.
Alegorias e Adereços
A Unidos de Vila Isabel levou para a avenida um conjunto alegórico com todas as características marcantes do carnavalesco Paulo Barros, muito inspirado, Paulo presenteou o público com um conjunto de alegorias de muita criatividade, apuro estético e claro, trajes e surpresas, primando pelo acabamento e com efeitos especiais, as alegorias contaram o enredo com maestria. No total, foram 6 alegorias, uma delas acoplada, além de 2 tripés, e um elemento cenográfico da comissão de frente.
À frente da Escola, Martinho da Vila desfilou em um Pede-Passagem, ornamentado por uma composição de coroas, símbolo da Unidos de Vila Isabel e com elementos de algumas das mais importantes festividades religiosas que iriam ser retratadas na Sapucaí. O abre-alas, “Culto ao Baco na Roma Antiga”, encenou as homenagens para o deus do vinho, que representava uma transgressão às separações sociais, pois as pessoas gozavam de maiores liberdades, unidas pelo êxtase e pelo entusiasmo de festejar. Predominante branco, o carro jorrou vinho pela Sapucaí, o efeito funcionou por toda a avenida, um detalhe na traseira da alegoria, que passou com um pano cobrindo o que parecia ser o moto do carro pode tirar pontos.
O carro dois, “Festival das lanternas”, mostrou o festival criado no período da Dinastia Han, que encerra as comemorações do Ano Novo Chinês, a riqueza de detalhes e o acabamento promoção foram marcas desse carro, em alguns momentos, o grupo de dragões descia e interagia com a ala da frente. O terceiro carro, “Festas de São Jorge”, levou as festas e a imagem de São Jorge reluzindo em metal, para evidenciar a proteção rogada em sua oração, essa talvez seja a alegoria mais bonita que passou pela avenida neste carnaval, as esculturas vazadas causaram um efeito incrível.
Logo depois, a alegoria “Festival de Parintins”, apresentou a manifestação cultural do Norte do Brasil, que gira em torno da competição entre os bois: Garantido, o vermelho e o branco, e Caprichoso, o preto e o azul. O tripé “A caminho de Valhala”, reproduziu uma embarcação viking que faz parte do Festival do Fogo, a sensação causada era de que o elemento realmente estava sendo incendiado. O quinto carro, “Dia dos Mortos”, embarcou para o México e mostrou os cultos praticados pelos astecas, que, em homenagem aos mortos, conservavam seus crânios e os exibiam para celebrar o ciclo da vida e o renascimento. A Vila encerrou seu desfile com o carnaval, a morada do Rei Momo. O carro apostou em elementos típicos da folia, como a presença do Rei Momo que em alguns momentos descia a rampa em um carro e passeava pela ala da frente. Sem dúvidas, foi um dos melhores trabalhos plásticos de Paulo Barros, criticado em anos anteriores, ele mostrou todo seu talento neste desfile.
Fantasias
O conjunto de fantasias apresentado pela azul e branca seguiu o conjunto visual das alegorias, as fantasias impressionaram pela facilidade de leitura e pelo uso de materiais requintados, em sua totalidade, os figurinos estavam muito bem acabados. Paulo tem por característica a inventividade, esse ano, porém, ele aliou sua criatividade com o tradicional, o resultado foram fantasias volumosas, com costeiros bem trabalhados e muitos adereços de mão, o uso das cores também foi um dos pontos altos do conjunto, o azul, marca registrada da agremiação, esteve presente, mas o desfile foi extremamente colorido. A ala das baianas representou uma das maiores manifestações religiosas populares da Bahia, a lavagem das escadarias da Igreja do Senhor do Bonfim, o figurino foi um dos melhores que passaram pela avenida neste ano.
Outros Destaques
A presença de Sabrina Sato é sempre um acontecimento, esse ano, a rainha de bateria da Swingueira de Noel representou as festas juninas, ela levantou a Sapucaí sua alegria contagiante. O carnavalesco Paulo desfilou no final da escola, muito feliz, ele recebeu muitos aplausos do público.