Por Matheus Morais e Rhayn de Meira
O comentarista Milton Cunha compareceu ao velório da carnavalesca Rosa Magalhães, no Palácio da Cidade, Zona Sul do Rio, e falou sobre a artista.
“A Rosa era uma mulher muito emocional. Ela brincava, falava muito sério, dava muita aula, uma grande amiga, um grande ser humano. Uma vez eu levei para Campos dos Goitacazes e ela sumiu. E quando eu descobri, ela tinha ido visitar a casa onde ela tinha passado um pedaço da infância com os avós. A grande estrela, a diva, só estava procurando seus parentes, a criança que ela foi. Isso resume bem a Rosa. Uma mulher incrível. Muito inteligente, formada, com referências enormes, erudição maravilhosa, mas ela era muito simples. Ela dizia, esquece a perfumaria, esquece fantasia, esquece alegoria. A grandeza da escola de samba é o samba, o sambista, o povo. Lição final da professora valoriza a comunidade, as pessoas que fazem escola de samba. Ela sabia que ela era divina, mas que ela só era um grão de areia. Ela sabia que quem ia defender o enredo dela eram os cinco mil que estavam destilando. Grande contadora de histórias. O jegue que carrega e o camelo importado que derruba todo mundo lá no Ceará, é a cara dela, né? Porque ela, professora brasileiríssima, triunfou no mundo inteiro e mais vale uma Rosa Magalhães que nos carregue do que as erudições estrangeiras que nos derrubem.
MIlton Cunha também responde sobre o legado deixado por Rosa Magalhães.
O legado é uma janela cultural que os carnavalescos devem aproveitar para contar grandes histórias do nosso país. É preciso continuar as pesquisas, trazer novas informações para o povo brasileiro, como ela trouxe. Legado de contação de histórias, importante para o nosso povo, porque as histórias da Rosa acabam mexendo com o nosso orgulho, o nosso ufanismo, a nossa qualidade de ser brasileiro. Estamos enterrando hoje Rosa Magalhães, uma grande brasileira, uma quality woman de categoria internacional. Estamos tristes, mas foi nossa honra ter convivido com esta mulher deslumbrante, esta professora querida que tanto nos alegrou lá na Marquês de Sapucaí. Que professora divina. Olha, esta mulher deixa um colar de pérolas fascinante. A gente agora que pega as pérolas e saia usando e honrando uma carnavalesca dessa estirpe. Ela é o refinamento internacional. Então, se você pegar o arco da glória de Rosa Magalhães internacionalmente, você vai ver ela desenhando figurinos para a Shakespeare Company, no Globe, em Londres. Quer dizer, é uma grande companhia, a sede de Shakespeare no mundo, convida a professora para fazer figurino. Tem umas parcerias dela com grifes francesas, com bonecas, e tudo isso ela levava na maior brincadeira, ela contava sempre casos. Ela me arrancava gargalhadas porque ela era muito engraçada”.