Por Geissa Evaristo

Ponte desfile2019 58A Unidos da Ponte volta à Série A no Carnaval 2019 reeditando um de seus mais importantes enredos: “Oferendas”, de 1984 fazendo reverência aos ritos feitos para cada orixá nas religiões de origem africana, como a Umbanda e o Candomblé. A escola teve a missão de abrir os desfiles de sexta-feira de carnaval depois de um dos maiores temporais da história da Sapucaí com cerca de 30 minutos de atraso. O desfile teve duração de 54 minutos.

Trazendo a força do seu samba como seu grande trunfo, 35 anos depois, na Marquês de Sapucaí, a obra com melodia envolvente e letra didática, além de conhecida pelo público que acompanhou o primeiro desfile desta noite embalou o desfile que desafiou a chuva. O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, no entanto, foi o quesito mais prejudicado da noite. A dupla sofreu com o contratempo em todas as cabines dos módulos de julgadores.

Sem deter de muitos recursos financeiros, a escola da Baixada Fluminense, a azul e branca de São João de Meriti apostou em uma plástica simples. Os carnavalescos Rodrigo Marques e Guilherme Diniz apresentaram uma releitura do que foi apresentado anteriormente, e não exatamente uma reedição. Em sua segunda passagem pela Sapucaí, “Oferendas” trouxe uma nova estruturação e organização de enredo, além de uma estética atualizada, com toques mais modernos, se comparado ao que foi apresentado em 1984.

Comissão de Frente

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A comissão de frente dos coreógrafos Daniel Ferrão e Léo Torres apresentou “Agô para os meus orixás”. O grupo representou os filhos de santo praticando o ritual de oferenda “Padê” para saudar Orixá Exu Bará e abrir os caminhos. O grupo apresentou uma coreografia sem erros, no entanto a saia da fantasia de uma integrante desmontou na segunda cabine de julgadores e se apresentou da mesma forma frente as outras cabines. Partes da decoração imitando palha no tripé também desmancharam no decorrer do desfile, deixando rastros após a apresentação frente às cabines. Com a Sapucaí ainda fria e com chuva intensa, o grupo não empolgou o público.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

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Yuri Souza e Camyla Nascimento foram os que mais sofreram com o temporal que atingiu a Sapucaí no início dos desfiles da Série A. A dupla com um belo figurino representava “O sagrado oráculo de Ifá” e trazia os guardiões vestidos de “O jogo de Búzios”, apresentados pelo síndico da passarela do samba, Machine. A bandeira de Camyla chegou a enrolar algumas vezes tanto na primeira, quanto na segunda cabine de jurados. Sem sintonia, o mestre-sala estendeu a mão para a porta-bandeira que não retribuiu em ambas cabines. O bailado do casal estava inseguro, muito provavelmente pelo risco de virem a cair com a pista completamente molhada.

Harmonia / Samba-Enredo

O samba foi o grande destaque do desfile da Unidos da Ponte que escolheu a obra por sua força. A obra foi cantada por componentes e público, mas faltou explosão. Desfilar com um samba-enredo reeditado costuma colaborar para a Harmonia da escola e deu certo. No entanto, o canto dos componentes ficou aquém do esperado para um samba-enredo clássico da agremiação. As alas poderiam ter cantado com mais vontade o samba, porém as condições do desfile podem ter prejudicado o ânimo e garra dos componentes que tiveram uma concentração para o desfile com chuva muito intensa. Intérpretes oficiais Lico Monteiro e Tiganá fizeram um excelente trabalho no carro de som da azul e branca de São João de Meriti inflamando os componentes o tempo inteiro a cantar.

Enredo

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Com um enredo visualmente fácil de interpretar, a escola teve leitura clara tanto em alegorias, quanto em alas. A proposta dos carnavalescos estreantes. A escola respeitou a construção original da Ponte de 1984, mas trazendo características próprias em tudo. Como fantasias novas, uma leitura estética diferente, a construção dos carros. Tudo trabalhando com a questão da fé e da prosperidade.

Evolução

O desfile da Unidos da Ponte contou com uma boa evolução. Não foram percebidos buracos, nem grandes espaçamentos entre as alas que também tiveram suas demarcações bem definidas. A escola nem acelerou, nem andou rápido demais, mantendo um andamento regular. A agremiação encerrou seu desfile com 54 minutos. Componentes soltos, só faltou empolgação.

Fantasias

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A escola vestiu seus componentes de maneira simples. O conjunto de fantasias tinha leitura e quase nenhum luxo. As fantasias ficaram bem abaixo das alegorias, porém não foram percebidos problemas de acabamento nas alas, ainda que com o temporal que cai durante o desfile. Somente uma baiana foi vista sem o arco da saia. O mesmo aconteceu na comissão de frente. As fantasias demostravam facilidade para o componente desfilar, é bom destacar.

Alegorias

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As alegorias da agremiação estavam sem nenhum tipo de problemas de acabamento e continham efeitos de luz. Destaques para o carro abre-alas “Um culto ancestral afro brasileiro” que trazia os escravos como composição, a cerâmica como trabalho cenográfico e o uso de materiais rústicos. A quarta e última alegoria também chamou atenção uma escultura central caracterizada de Oxalá e uma homenagem a Mãe Stella de Oxóssi, que faleceu em meados de dezembro de 2018. Todo confeccionado na cor da escola.

Bateria

Ponte desfile2019 42A bateria de mestre Vitinho veio vestida de Ogans num figurino simples e leve facilitando a execução dos ritmistas que durante as passagens frente as cabines de julgadores abaixavam-se. A rainha de bateria, Rosana Farias vestiu-se com uma das mais belas fantasias apresentadas no desfile.

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