Última escola a desfilar no segundo dia de desfile do Grupo Especial, a Dragões da Real encerrou os desfiles da elite da forma que começou, que foi com chuva. Mesmo com tanta água caindo, a agremiação tricolor fez uma apresentação satisfatória no Anhembi, mas a grande expectativa que tinha o desfile em cima da ‘comunidade de gente feliz’, foi quebrada. O destaque principal fica para as alegorias, sobretudo para o grandioso abre-alas que levou uma grande escultura de um dragão que se movia. Vale ressaltar a estreia de mestre Klemen na bateria ‘Ritmo que Incendeia’, onde teve um desempenho que deve ser notável. * VEJA AQUI FOTOS DO DESFILE

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Comissão de frente

A ala, que é coreografada por Ricardo Negreiros, representou o mar, sol e Dragão apresentou belas fantasias. A comissão coreografava de um lado para o outro e tinha como objetivo em sua coreografia praticamente mostrar a relação entre mar e praia. Além disso, a típica festa junina aparece.

Vale destacar o luxo das fantasias. O material usado escolhido pelo carnavalesco Jorge Freitas foi de qualidade impecável.

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Mestre-sala e porta-bandeira

Entre todos os casais da noite, Rubens de Castro e Janny Moreno, foi o casal que mais sofreu com a pista molhada, pois a Dragões da Real sofreu uma chuva complicada. Em análise frente ao recuo de bateria, dentro das limitações, a dupla fez uma apresentação segura. Executaram lentamente os giros horários e anti-horários não deixando de lado o sorriso no rosto.

Falando especificamente do mestre-sala Rubens, ele tem especificamente uma característica de ser sorridente, bem humorado e até descontraído e engraçado.

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Entretanto, já é o segundo ano consecutivo que o mestre-sala não consegue mostrar isso. Em 2022 aconteceu a tragédia que todos sabem com a antiga porta-bandeira e, agora, a chuva o atrapalhou e o fez ficar focado somente nisso.

O casal foi representando os primeiros raios de sol das Américas.

Harmonia

Aparentemente a chuva só deu gás para a escola cantar cada vez mais forte. A Dragões da Real tem a fama de executar uma harmonia bem forte. Os componentes não tinham obrigação de ficar evoluindo em linhas, portanto o departamento de harmonia cobrava veementemente o canto dos integrantes da comunidade de gente feliz.

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A ala destaque foi a 10, que representava a cavalhada da fé. Todos os conjuntos de alas estavam bem animados, mas este, aparentemente, merece uma atenção maior.

Enredo

A Dragões da Real contou a história de João Pessoa partindo de uma forma diferente. O carnavalesco Jorge Freitas não quis mostrar nada histórico no primeiro momento. O objetivo do artista foi construir a narrativa através do sol, visto que a estrela nasce primeiro na cidade dentro da América Latina.

Para isso, a comissão de frente foi representada pelo mar e o sol. Só depois disso a agremiação tricolor foi entrar na parte histórica, como por exemplo, mostrar a grande cultura carnavalesca de João Pessoa e a questão de ser a capital mais verde do Brasil.

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Um misto de Jorge Freitas que fez todo o sentido. Principalmente o giro do tema em torno do sol. Uma pena que estava chovendo bastante na hora do desfile.

Evolução

Como nos últimos ensaios técnicos, o departamento de harmonia deixou a comunidade evoluir tranquilamente, sem alinhamento de fileiras e compactação entre as alas. A única junção de fato foi o conjunto entre uma ala e outra.

Vale destacar que, diferente dos anos anteriores, a ‘comunidade de gente feliz’, não tem coreografia padrão. Só a parte do “Voar, voar, voar”, em que os componentes fazem os movimentos de braço.

Samba-enredo

A ala musical, comandada por Renê Sobral, é uma das melhores do Grupo Especial. Além de o intérprete comandar o carro de som com extrema facilidade, os outros apoios com uma criatividade incrível.

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Exemplo: Nos versos “Óh mãe… Senhora da fé paraibana… A mulher tem sua luz… Emana uma força soberana…”. Nesta parte as segundas vozes fazem um arranjo vocal como “ôôôô”. Isso só enriqueceu ainda mais o samba.

Fantasias

O ateliê de Jorge Freitas novamente mostrou sua versatilidade com as vestimentas. Todas impecáveis e de extremo cuidado com a riqueza visual. Tudo trabalhado em um colorido muito grande. Coloridas, monocromáticas, mascaradas, maquiadas e tudo e mais um pouco.

A fantasia da ala das baianas foi muito criativa e representou todo o cortejo às festas juninas para o carnaval pessoense. Para eles é muita felicidade.

Alegorias

A primeira alegoria foi representando a chegada do dragão (maior símbolo da escola ao porto do sol das américas). O carro era monocromático com predominância das cores quentes como vermelho e laranja. O destaque principal vai para o gigante dragão na parte mais alta do carro. Ele mexia a cabeça e dava um efeito bacana.

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O segundo carro alegórico também tinha cor monocromática com a prioridade no roxo ou violeta. Tal alegoria representava o carnaval de João Pessoa e, nele, havia algumas esculturas de muriçocas, remetendo ao bloco ‘Muriçocas do Miramar’. Os rostos de pierrots, arlequins e colombinas também foram encontrados. Tais esculturas apresentavam caras realistas.

A terceira alegoria foi representando a fé dos moradores de João Pessoa. Momento de muita fé com as esculturas, principalmente a que vem na parte frontal do carro. Logo no início.

A quarta alegoria é uma homenagem aos povos nativos que descobriram, ensinaram e fizeram de João Pessoa a capital mais verde do Brasil.

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Ao todo, apesar dos contextos em setores não seguirem uma cronologia, tudo foi feito de forma inteligente e que, se prestar atenção, a fácil leitura das agremiações predominou.

Outros destaques

A bateria ‘Ritmo que Incendeia’, regida pelo mestre Klemen, teve um desempenho satisfatório. Vale destacar que Klemen fez sua estreia pela agremiação tricolor. A batucada realizou bossas e fez o que se pede no regulamento.