Trocas de comando são sempre momentos delicados para qualquer instituição. No mundo do carnaval, é claro, não seria diferente. Após os desfiles de 2025, tal momento chegou para a Estrela do Terceiro Milênio. Eleito vereador da cidade de São Paulo nas eleições de 2024, Silvio Antonio de Azevedo, popularmente conhecido como Silvão Leite, deixou a carga para Gilberto Rodrigues, o Giba. Para conhecer um pouco mais do novo (ou melhor, do retorno) de Giba ao mais alto cargo da agremiação da Zona Sul, o CARNAVALESCO conversou com o presidente da instituição, que falou um pouco sobre diversos assuntos.
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A volta
Antes de mais nada, a reportagem queria saber, com mais detalhes, como se deu o retorno de Giba à presidência da Estrela do Terceiro Milênio. Ele não se fez de rogado: “Com a eleição do Silvão para vereador da cidade de São Paulo, ele não poderia continuar como presidente de uma escola. Juntamente com o nosso presidente de honra, Milton Leite, me chamaram para uma conversa e, daquele jeito delicado, em uma conversa muito demorada, eles me disseram que só tinham eu e que a comunidade gostava de mim. Eles me pediram ajuda”, lembrou.
A resposta já é conhecida de todo o mundo do samba: “De imediato, não tive como falar não. Já estava afastado há três anos do carnaval e, para ser bem sincero, na minha cabeça não teria essa volta. Mas… um pedido do Silvão e do nosso presidente de honra eu não tive como negar. Vamos embora para mais um carnaval”, disse.
O retorno de Giba foi anunciado em plena festa de aniversário da escola de samba, no qual Silvão destacou que estava saindo do cargo porque “ não teria como estar próximo da escola do jeito que ele ” por conta da vereança.
Estilos e mudanças
Há um motivo pelo qual Giba é querido pela comunidade da Estrela do Terceiro Milênio: ele já foi presidente da agremiação – mais precisamente, no período entre 2016 e 2022. Gilberto trabalhou na agremiação no antigo Grupo 1 da União das Escolas de Samba Paulistanas (UESP), que era o terceiro escalonamento do carnaval paulistano na época, e saiu deixando uma agremiação com o então até acesso inédito ao Grupo Especial. Foram, ainda, três títulos no currículo: além dos conquistados nos primeiros e últimos anos do mandato, outra taça em 2019, no segundo ano do terceiro pelotão da folia de São Paulo com o nome do Grupo de Acesso II.
Se, no primeiro mandato, Giba primeiro recolocar a Estrela do Terceiro Milênio nos trilhos, agora o papel é pelo topo. E, apesar de começar falando que não é necessário mudar algo, ele deixou escapar algo que quer aperfeiçoar: “Eu não vejo uma mudança no estilo como necessidade. Eu vejo um pouco mais em relação à valorização da comunidade: são eles que fazem acontecer tudo. Eu costumo sempre dizer que nós podemos ter a melhor fantasia e carros alegóricos de ouro; mas, se não tiver a comunidade, se não tiver o povo, a gente não chega em lugar nenhum”, comentou.
Giba segue: “Eu acredito que, cada vez mais, a gente tem que valorizar a comunidade. O componente é o povo que faz acontecer. Eu acho que eu preciso melhorar um pouco mais, trazer mais esse povo para mais próximo da escola. As escolas de samba estão perdendo um pouco disso. Você vê as dificuldades, hoje em dia, das escolas trazerem para dentro da sua quadra o povo. Eu acho que a gente tem que acolher mais para ser melhor. São os componentes que fazem acontecer – e, se não tiver eles… eu acho que, se eu trabalhar um pouquinho mais nisso aí, consigo melhorar um pouquinho mais esse contato”, ponderou.
Admiração
Se, ao falar da primeira gestão dele próprio, Giba destacou que pode ser melhor na segunda oportunidade que tem, ele acredita que o antecessor fez um trabalho irrepreensível: “Falar do Silvão é difícil… o Silvão é o coração dessa escola. Ele é o fundador da escola, é uma paixão enorme. É um cara que, se para dar a vida, ele dá pela escola. Tem os seus erros, como eu tenho, como nós temos os nossos erros. Mas eu não vejo nada para melhorar tirar nem tirar nem. É seguir o trabalho, apenas. A A escola chegou no Grupo Especial e se consolidou, com acertos em todos os departamentos – e sabemos o que está no caminho certo”, comentou.
Vale destacar que, assim como Giba neste momento, Silvão teve dois mandatos à frente da Estrela do Terceiro Milênio. Como dito pelo atual mandatário, ele foi um dos fundadores da agremiação e foi o escolhido para ser o primeiro presidente da instituição, em um mandato que começou em 1998 e foi até 2001.
Vida dedicada
Ao ser questionado sobre a sensação de retornar nos braços do povo grajauense, Giba fez questão de relembrar a própria história na instituição do Extremo Sul paulistano: “Cheguei perdido na escola, fui para ajudar e queria o que precisei, não sabia o que fazer Saí empurrando carro, como merendeiro, em 2009, e peguei uma paixão imensa. na presidência”, recorda com orgulho.
Ele fez questão de frisar que sentiu muita sinceridade em relação a cada cumprimento que recebeu ao voltar com o mandatário da instituição: “Em relação a essa volta, fiquei muito feliz, principalmente pelo acolhimento do povo, pela recepção a minha volta. Quando eu cheguei na quadra, quando eu fui anunciado, eu sinto aquele carinho – e verdadeiro. Cada abraço que eu ganha, cada beijo… isso me emociona e me dá mais força para batalhar por esse povo, colocar sob o braço. É rumo ao título, Desfile das Campeãs. Vamos brigar para esse povo, colocar sob o braço. isso”, finalizou.
Para voltar bem
Em 2026, a Estrela do Terceiro Milênio conduziu para a avenida o enredo “Hoje a poesia vem ao nosso encontro: Paulo César Pinheiro, uma viagem pela vida e obra do poeta das canções”, em homenagem ao compositor que está no título da apresentação, em desfile idealizado pelo carnavalesco Murilo Lobo.
O presidente destacou que, a priori, foi reticente em relação à proposta do carnavalesco, mas passou a ser um ferrenho defensor da temática: “Essa confusão é do Murilo! O Murilo gosta dessas confusões. Ele apresentou esse enredo e mais alguns para a gente. De imediato, não me chamou a atenção. Quem era ele? Busquei entender. E, no primeiro livro que eu peguei, nas três primeiras páginas que eu li, eu me encantei. Não é possível que esse cara tem mais de mil e duzentas músicas, compôs não sei com quem. A gente escuta tanta música, eu já chorei com tanta música desse cara e não sabia que era ele. Não quero nem ver o enredo em si, mas vai ser esse aqui.