Após mais de 14 anos fora da escola, no começo de 2020 o coreógrafo Sérgio Lobato assinou com a Unidos da Tijuca. Todavia em razão da pandemia mundial do Covid 19, somente no carnaval de 2022, Sérgio poderá retomar a sua casa. A última passagem do artista pela escola havia sido em 2006.
Lobato também já foi diretor artístico do Corpo de Baile do Theatro Municipal do Rio de Janeiro e do Teatro Bolshoi no Brasil, além de também ter brilhado em escolas como: São Clemente, Portela, União da Ilha do Governador, Unidos do Viradouro e sua última casa, Acadêmicos do Salgueiro. O artista contou ao CARNAVALESCO um pouco da sensação de estar de volta na azul e amarela tijucana.
“Primeiramente é uma grande honra retomar a essa maravilhosa escola, quero agradecer ao presidente Fernando Horta e a toda a diretoria e seguimentos que me receberam muito bem. Estou muito feliz também por estar retornando a avenida depois de todo esse tempo de pandemia e esperando essa festa. Vamos fazer um grande espetáculo para essa torcida maravilhosa”.
Empolgado e ansioso para mostrar seu trabalho árduo após dois anos saudosos, Sérgio aproveitou para falar um pouco de sua comissão, que conta com um pequeno tripé de apoio, o qual segundo ele servirá de coxia, para que todo o trabalho por eles realizado se esclareça como uma síntese do enredo.
“Podem esperar uma coreografia com muita energia e de intensidade muito grande. Buscaremos movimentações que possam abrir a escola com muita força, mesmo que contando uma história. No final deixaremos uma mensagem para todos nós brasileiros e para quem está de fora também”.
Quanto a performance apresentada no ensaio técnico, relatou: “No ensaio técnico não trouxemos a coreografia do desfile oficial, mas alguns trechos fazem parte. A coreografia que estamos apresentando em eventos como o que teve na Cidade do Samba e no Ensaio técnico, eu montei para a festa de celebração do aniversário da escola, e desde então estamos usando. Estou com componentes e substitutos e os trouxe hoje porque acho importante termos uma rodagem já que se trata de um ensaio técnico, então é necessário que eles pisem nessa avenida, com esse público, para que sintam essa cobrança e responsabilidade”, comentou o coreógrafo.
Em sua última passagem pela agremiação tijucana, Sérgio trabalhou com o carnavalesco Paulo Barros, que permaneceu na escola até o carnaval de 2014 e teve um breve retorno apenas para o carnaval de 2020. Hoje a escola é comandada pelo carnavalesco Jack Vasconcelos, com quem Lobato confessou ter tido certo receio no começo.
“Está sendo a primeira vez em que eu trabalho com o Jack, tem sido maravilhoso. Como eu não o conhecia, de primeira tive uma preocupação de criar essa amizade, essa interatividade, mas foi muito fácil e o trabalho tem sido maravilhoso com o apoio dele. O trabalho que nós vamos trazer é uma concepção dele junto comigo e isso tem sido até hoje muito bom”.
Apesar de ser um artista mais que consagrado no mundo do samba, todo grande talento possui uma grande inspiração. Lobato revelou que sempre foi muito apaixonado pelas comissões do Fábio de Melo e que as mesmas chamavam muito sua atenção. Apesar de reconhecer as grandes comissões inovadoras da atualidade, ressaltou a representatividade e a importância da origem dessa história.
“Não vou falar todas porque vou acabar esquecendo de alguma, mas eu poderia citar várias comissões de frente marcantes. Nós temos maravilhosos profissionais, a maioria são meus amigos. Então eu posso dizer que desde o Fábio de Melo, passando pelo Carlinhos de Jesus, só temos tido trabalhos incríveis. Nós temos hoje a Priscila que começou comigo, o Jorge, e assim vai”.
Embora sempre tenha sido um quesito esperado pelos telespectadores, depois de ótimas apresentações realizadas no que chamamos de “carnaval contemporâneo”, a comissão de frente tem causado bastante expectativa até mesmo em simpatizantes do samba. Com isso, o nível de responsabilidade que antes já era grande, agora só aumenta com toda essa espera. Abrir o desfile é de uma grande competência, coisa que a escola do Borel tem dominado otimamente.
Apelidados pelos componentes da escola como “incansáveis”, o grupo composto por homens e uma única mulher, tem se mostrado bastante empenhado, ensaiando todos os dias, como o próprio diretor de bateria da escola Mestre Casagrande fez questão de ressaltar recentemente em discurso.
“É uma grande responsabilidade abrir o desfile, principalmente hoje, onde as pessoas esperam muito para assistir à apresentação da comissão. Eu sempre levo muito a sério o fato de iniciarmos o desfile, pois se abrimos com alegria e com um trabalho que tenha uma boa receptividade, o restante que vem atrás se sentem cortejados a embarcarem na felicidade de desfilar pela escola”.
“Quando questionado sobre o que aperfeiçoaria no julgamento desse quesito que hoje é tão disputado, desabafou: “Eu gostaria muito que não houvesse comparação, e sim o merecimento artístico coreográfico de cada comissão. O problema é que nós não somos avaliados somente pelo o que apresentamos como enredo e como coreografia, e sim na comparação com outras escolas, quando possuímos enredos e figurinos diferentes”.
A Unidos da Tijuca será a quarta escola a desfilar na segunda noite de desfiles do grupo especial com o enredo “Waranã, a reexistência vermelha”.