Houve um tempo em que para apresentar a comissão de frente as escolas optavam por levar os baluartes da velha-guarda. Em um segundo momento começaram a surgir grandes coreógrafos, que impactaram o público com apresentações sincronizadas e baseadas em indumentárias poderosas. Na última década o quesito comissão de frente viveu uma autêntica revolução com comissões que arrancaram suspiros do público com um espetáculo que mesclava surpresa e impacto.
Na série ‘De olho nos quesitos’, o site CARNAVALESCO debate os parâmetros que envolvem um dos quesitos que mais mudou nos últimos anos. Uma comissão de frente é julgada através de quatro pilares básicos: concepção, apresentação, indumentária e realização.
Uma das grandes mudanças nos últimos anos no quesito comissão de frente foi o surgimento de elementos cenográficos de apoio cada vez maiores. Hoje em dia praticamente todas as apresentações contam com esses elementos. Entretanto, pode ser uma faca de dois gumes. Se a escola levar uma alegoria sem funcionalidade na apresentação isso pode acarretar na perda de pontos, como aconteceu com o Império Serrano em 2019.
“… observamos o elemento cenográfico o lado esperando para ser utilizado. Quando foi acionado nada trouxe para a evolução dramática da cena, uma vez que os moradores de rua lá estavam no lugar onde vivem: na rua…”, diz um trecho da justificativa do julgador Gustavo Paso.
Impacto visual é outro aspecto encontrado como um dos que mais fazem as agremiações perderem décimos no quesito. A apresentação precisa causar encantamento para alcançar a nota máxima. A Mangueira, em seu desfile de 2018, viveu um exemplo desta situação, como mostra a justificativa de Marcus Nery Magalhães.
“Na apresentação da comissão de frente falta ousadia para quebrar a linearidade da encenação para que fosse conduzida a uma teatralização mais impactante”, explicou ao tirar um décimo.
Talvez aquilo que mais cause a perda de décimos no quesito sejam as falhas durante as apresentações. Ninguém está imune às eventualidades que podem acometer um desfile de escola de samba. Um chapéu que cai, um elemento que não funciona, um componente que pode cair. Em 2017 o julgador João Wlamir trouxe duas justificativas com falhas nas apresentações.
“Mesmo com a boia ideia e execução coreográfica há que se penalizar a perda de sustentação de parte do figurino de uma personagem principal (o pajé e sua asa esquerda) pois prejudicou a perfeição do visual”, explicou para punir a Imperatriz.
“A bela coreografia foi prejudicada pela não abertura, no tempo preciso, da saia, prejudicando assim, um dos pontos altos de impacto da mesma”, explicou sobre a comissão da União da Ilha.
O apuro da indumentária é de suma importância para o alcance da nota 10 na comissão de frente. Há de estar bem apresentada, com uso de materiais que reunidos apresentem beleza e ainda seja de fácil entendimento para o público e os jurados. Esse foi um dos problemas d comissão de frente da Vila Isabel em 2016.
“Os dois figurantes que movimentavam o animal vieram com um vestimenta na cor branca, causando desconforto visual e incompatibilidade com a cor parda do animal”, alertou o julgador Paulo César Morato.
A leitura é um dos parâmetros estéticos mais desafiadores dos desfiles de escola de samba. Em qualquer um dos quesitos que envolvam o aspecto visual a leitura, ou seja o entendimento daquilo que se apresenta, é avaliado. A comissão de frente da Mocidade em 2015 pecou por este aspecto, conforme demonstra a justificativa abaixo, de Paulo Cesar Morato.
“Jorge e Saulo apresentam um espetáculo rico em cenas e efeitos especiais, porém a narratividade ficou comprometida o faltar um fio condutor que ligasse o conjunto sequencial e explicitasse melhor a destruição do planeta para o espectador”.
Aspectos observados pelos jurados para punição em comissão de frente nos últimos cinco anos.
– Falta de Leitura
– Indumentária
– Falhas e erros de apresentação
– Elemento cenográfico com problemas de acabamento ou sem função
– Pouco impacto visual