De acordo com o manual do julgador da Liesa, o julgador de fantasia precisa observar além da beleza do figurino das alas e sua adequação ao enredo se o uso de materiais está adequado, se o entendimento é facilitado ou não e ainda deve apontar eventuais situações repetitivas. Ao se apresentar completa na avenida, uma escola de samba precisa parecer um grande “tapete” multicolorido.
A série ‘De olho nos quesitos‘ apresenta nesta reportagem uma minuciosa análise das notas e justificativas dos quatro julgadores de fantasia nos últimos carnavais. Paulo Paradela e Regina Oliva só não julgaram em 2020 nos últimos cinco anos. Sérgio Henrique e Wagner Louza estão no júri desde 2020. Os quatro terão a incumbência de avaliar os figurinos das 12 escolas do Grupo Especial na avenida este ano.
O site CARNAVALESCO levantou as justificativas mais utilizadas pelos quatro em seus julgamentos mais recentes e traz um guia aos carnavalescos sobre quais os temas mais causam perda de pontos. Assim como outros quesitos da festa, a fantasia se subdivide em concepção e realização. As perdas de pontos na maioria das vezes apontam para a realização. E a justificativa mais corriqueira nesse sentido é o acabamento das roupas. Se há partes caindo do corpo dos componentes, se algum tipo de iluminação está funcionando ou se eventuais maquiagens estão se desfazendo com o suor.
Outro aspecto bastante empregado nas justificativas é a leitura das fantasias. Não basta que elas estejam bem feitas, coloridas, criativas e com o emprego de diferentes materiais. Elas precisam dizer algo, precisam fazer sentido naquela parte do desfile e entrem com o fácil entendimento daquilo que representam. Caso contrário, os julgadores retiram décimos.
Um terceiro ponto bastante cobrado pelos jurados trata da paleta de cores. Se um determinado desfile tem um setor inteiro no mesmo tom de cor ou se a apresentação da escola como um todo abusa de uma mesma tonalidade, os julgadores também descontam décimos. O apuro visual das roupas, o excesso de informação, a volumetria das fantasias e a repetição de soluções estéticas em diferentes alas são outras justificativas enfatizadas pelos julgadores para punir as agremiações.
Julgadores de 2024 distribuíram 81 notas 10 em cinco anos
Os quatro julgadores do quesito fantasias aplicaram, desde 2018, 81 notas 10 para as escolas do Grupo Especial. O índice é quase metade (46%) das 176 notas totais distribuídas entre 2018 e 2023. 57% das notas máximas dadas por eles foram para as escolas de segunda-feira. Um índice mais equilibrado que em outros quesitos.
O julgador mais ‘generoso’ do júri deste ano é Sérgio Henrique. Ele é o único dos quatro que possui o índice de notas 10 acima dos 50%. Foram 20 notas 10 nos três anos que julgou, uma média de 6,6 por ano. Já Paulo Paradela é o mais exigente. 41% de suas notas nos quatro anos analisados foram 10 (21 de 51 notas dadas). Média de 5,25 por ano.
Viradouro ‘perde’ 0,5 décimo por ano e Mocidade quatro
A Viradouro é a escola de maior excelência no quesito a julgar pelas notas atribuídas pelos julgadores nos últimos cinco anos. Mesmo não tendo desfilado em 2018, a vermelha e branca de Niterói só perdeu dois décimos em 12 notas recebidas, o que dá uma média de apenas 0,5 décimo perdido por ano. Como não é possível perder meio décimo (se perde no mínimo um) pode-se sustentar que a escola é praticamente perfeita no quesito.
A Mocidade Independente de Padre Miguel, dentre aquelas que desfilam pelo menos quatro dos últimos cinco anos, é quem possui o desempenho mais baixo na média. A escola já perdeu 2,2 pontos em fantasias desde 2018 e só tirou quatro notas 10 em 14 possíveis. Isso dá uma média de perda de quatro décimos por ano.
Além da Viradouro as escolas com o melhor desempenho em fantasias são Vila Isabel, Mangueira, Salgueiro e Beija-Flor (0,1 décimo perdido por ano). As de desempenho mais fraco, além da Mocidade, foram Imperatriz e Tuiuti (0,3 por ano). Vale ressaltar que a série ‘De olho nos quesitos’ analisa apenas as notas dadas pelos jurados de cada quesito que estarão julgando em 2024. Notas atribuídas por outros jurados que não compõem o júri deste ano não foram analisadas.