A tradição dos desfiles de fantasias de luxo começa a ser recuperada no Rio de Janeiro. A ideia, resgatada em 2020 pelos empresários Alexis Vaulx e Marcelo Monteiro, teve sua segunda edição na noite da última segunda-feira, véspera do feriado de carnaval, mas sem a tradicional competição e sim em formato de desfiles e exaltação. Os oito destaques de várias escolas de samba se apresentaram no salão nobre do hotel Fairmont, Copacabana, exibindo as fantasias extremamente luxuosas, que variam de R$ 35 mil a 100 mil. Passaram pela passarela montada no hotel os destaques: Entre os belíssimos destaques desfilantes:elder, Nelcimar Pires, Zezito Ávila, Elton Oliveira, Simara Sukarno, Edmilton Paracambi, Rodrigo Leocadio e Rogéria Meneguel.
“Não dá para falar de fantasias de luxo, sem falar da inspiração Clóvis Bornay, e a gente quer trazer esse evento de volta para o calendário oficial da cidade. A cultura é responsabilidade social e responsabilidade com o planeta, por isso a gente precisa ter cada vez mais iniciativas carnavalescas no Rio de Janeiro. Precisamos saudar os destaques e os investimentos que eles fazem nas fantasias e no trabalho para abrilhantar ainda mais os desfiles das escolas de samba”, explicou Alexis Vaulx.
De fato, o evento é feito por pessoas apaixonadas pelo carnaval, e que dedicam suas vidas ao trabalho. O destaque João Helder conta que começa a montar a fantasia em julho para que esteja pronta em fevereiro. Inclusive, é ele quem costura, borda e faz todo o processo de produção. No baile, ele estava com a fantasia inspirada em Osiris, divindade do panteão egipcio. Todos os anos as fantasias mudam, mas Helder conta que os materiais podem ser reutilizados de um ano para o outro.
“A gente consegue reaproveitar pedrarias e penas para as novas fantasias, o meu prazer está em montar a minha fantasia, começo a fazer do zero e faço todos os detalhes. Eu sempre gostei dessa apresentação, já participei em alguns lugares do Brasil, mas aqui no Rio era necessário ter um evento desses, porque a gente tem um acervo gigante que passa na Marquês de Sapucaí e a gente não aproveita”, relatou.
Com o intuito de voltar ao calendário da cidade, o concurso de fantasias já teve outros palcos além do Municipal. No fim do século XX, Copacabana Palace e Hotel Glória recebiam o evento. O diretor cultural da Liesa e também presidente da Portela, Luis Carlos Magalhães, lembra que a mãe Araci era uma das fãs dos desfiles de fantasia de luxo e relembra as edições da revista Manchete que noticiavam os destaques de luxo.
“Eu venho sempre, eu gosto de prestigiar, pois o carnaval não se resume aos desfiles, ao contrário. Em 1963, tivemos a surpresa de ter a Isabel Valença, a Xica da Silva do Salgueiro como primeira colocada e aquilo mas foi um grande momento do carnaval. É uma alegria ver o concurso de volta”, disse.
O destaque Edmilton Paracambi lembra que começou há mais de 20 anos, mas que desde criança acompanhava os desfiles, já que a família gostava de carnaval. A primeira escola em que desfilou foi a Beija-Flor, justamente pela proximidade com Paracambi, onde morava.
“Essa roupa é incrível e tem uns balangandãs, que tinha tudo a ver com o enredo da Viradoura. Eu comecei a me tornar mais conhecido graças ao Milton Cunha, que começou a me divulgar, eu amo o carnaval e faço isso aqui com muito amor. Foram oito meses para preparar”, explicou.
Pelo caráter tradicional do evento, era esperada a presença da corte do Carnaval, que neste ano, em função do adiamento dos desfiles para abril, pode passar pela passarela dos destaques de luxo para “matar a saudade” da Avenida. O Rei Momo diz que vive um momento histórico de resgate do carnaval antigo.
“O destaque de luxo é uma das categorias do carnaval carioca e eu me sinto hoje na época do Clóvis Bornay, inclusive, Nelcimar Pires está aqui desfilando. Precisamos acabar com esse preconceito ao carnaval”, reforçou.
Nelcimar Pires, que está desde 1998 com fantasias de luxo, ganhou o primeiro de inúmeros prêmios em 2003. Hoje é um nome reconhecido do carnaval, sobretudo, na Imperatriz. Ela conta que a atual fantasia foi bordada junto com as vizinhas, amigas e com a mãe durante a pandemia. “Minha família sempre foi do carnaval e sempre me apoiou”, lembrou.
Bruno Chateaubriand também falou da importância cultural do evento para o Rio de Janeiro e para o carnaval, pois estimula os destaques que se dedicam às fantasias. “É necessário homenagear e prestigiar esses artistas, pois faz com que eles queiram aprimorar seus trabalhos ainda mais. Já tivemos desfiles de destaques de luxo televisionados. Referências da moda como Valentino e Jean-Paul Gaultier vem aos desfiles das escolas de samba para ver as referências, pois é tudo muito autoral, agora tenta encontrar eles numa semana de moda brasileira, eles não vem” explicou.
O evento foi modernizado na sua essência e entre as apresentações dos destaques de luxo, membros e componentes das escolas de samba se apresentaram. O casal de mestre-sala e porta-bandeira do Salgueiro Sidclei e Marcella, bem como o coreógrafo Carlinhos do Salgueiro estiveram no desfile. Outros casais também se apresentaram na passarela, Grande Rio, Mocidade, São Clemente e Portela. Vinícius e Jéssica, casal da Unidos de Padre Miguel, também fizeram parte do evento. Pinturas corporais, apresentações de embaixadinhas e até a Miss Brasil de Beleza Internacional 2021 e o Mister Guanabara 2022 caíram no samba.
“A gente está ansioso para o carnaval em abril, mas até lá a gente está aproveitando para matar as saudades. Achamos o evento incrível, com fantasias maravilhosas, e realmente de luxo. Resgatar eventos carnavalescos é fundamental para que a cultura do carnaval seja valorizada e também menos marginalizada”, relatou o casal da UPM, Vinícius e Jéssica.
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