InícioIntendenteCubango é sucesso na Intendente; alegorias e ancestralidade foram destaque da noite

Cubango é sucesso na Intendente; alegorias e ancestralidade foram destaque da noite

Por Juan Tavares

A Acadêmicos do Cubango terminou o Carnaval de 2025 com chave de ouro, destronando, inclusive, sua concorrente, o Império da Tijuca, que veio lindíssima para o último dia de desfile da Série Prata. Quando se mistura ouro e prata, o resultado pode ser surpreendente. A diferença em relação às outras agremiações começou no início da apresentação na Intendente, quando a musa, lindíssima e simpática, sambou com vontade na frente da própria comissão. Essa escolha revela que a escola busca inovar sem se prender à tradição para galgar uma posição na Série Ouro.

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Fotos: S1 Comunicação/CARNAVALESCO

O integrante que representou Exu o interpretou muito bem, não somente pela fantasia atribuída ao orixá, mas também pelos trejeitos, no modo como se movimentava e no seu olhar, que assustava e, ao mesmo tempo, causava admiração.

A agremiação parece ter compreendido a premissa de que menos é mais, como citei em outra análise. A Cubango conseguiu, digamos, tirar leite de pedra; fez muito com pouco sem que isso prejudicasse seu desempenho na avenida. Além disso, conseguiu finalizar o desfile com 39 minutos, motivo para celebrar.

Comissão de Frente

A comissão estava vestida com roupas simples, porém impactantes, nas cores marrom e dourado. A escola mostrou que o simples funciona muito bem. Além disso, o grupo teve grande energia para dançar, desde a concentração até a dispersão, e não perdeu em momento algum a energia e a vontade de estar à frente da escola. As palhas usadas como uma espécie de cinto valorizaram bastante a fantasia, contrastando com a maquiagem, mas sem pesar.

As coreógrafas Érika Souza e Sabrina Sant’Ana conseguiram transmitir o que pensavam para a comissão, principalmente por pensarem em colocar um ogã tocando atabaque.

Mestre-sala e porta-bandeira

Aline Flores e Wanderson Silva brilharam muito na apresentação. Eles conseguiram transmitir ao público a conexão da energia espiritual com a natureza, enquanto realizavam seus movimentos na avenida de forma poética, serena e, ao mesmo tempo, sem perder a essência da responsabilidade que o cargo exige. Aline conseguiu dançar com todo o vigor e fez com que sua fantasia ficasse ainda mais linda a cada giro.

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Harmonia

A ala das baianas conseguiu se integrar com as demais de modo equilibrado, sem tirar o brilho das outras. As cores branco, verde e laranja combinaram e criaram uma experiência visual excelente. Os puxadores conseguiram expressar cada estrofe do enredo como se fosse uma verdade absoluta. Achei o modo como cantavam muito interessante, principalmente quando “reproduziam” a risada de Exu com muito respeito.

Evolução

Este segmento seguiu dentro dos conformes, sem atraso nem pressa para correr com o desfile. A escola conseguiu chegar a um ponto em que foi possível fazer um desfile que mesclou quantidade e qualidade, algo muito difícil de se ver nos dias de hoje. Os componentes cantaram com o coração graças ao intérprete e à bateria, que estavam muito enérgicos apesar do horário.

Samba

O trecho do samba: “Eu sou Cubango. Meu tambor é de guerra. Renasci da palha, Atotô, Senhor da Terra” foi emocionante e um ponto de catarse da canção, pois o orixá Obaluaê é a divindade da cura, da doença e da morte.

Muitas pessoas acreditam que ele usa palha para ficar oculto, mas poucos entendem a razão de ele utilizar essas vestes. O enredo combinou em cada detalhe com as fantasias e com o modo como os componentes da comunidade se dedicaram, dando o seu melhor naquela madrugada, embora tenha sido a penúltima na ordem dos desfiles.

Outros destaques

O primeiro tripé, chamado Àyan, O Grande Espírito do Tambor, estava lindo. A figura da entidade era tão real que qualquer indivíduo poderia afirmar que aquele rosto do personagem era, de fato, o da divindade.

A segunda ala, nomeada Raízes Ancestrais, com toda a certeza, merece destaque. As fantasias de galhos com poucas plantas imprimiram uma simbiose entre a natureza e o divino sem precedentes. Era algo místico e grandioso, mesmo sendo considerado simples. A imperfeição das mãos humanas imprimiu uma verdade na indumentária que nenhuma outra inteligência superior à nossa seria capaz de realizar.

A musa Lorena, vestindo sua fantasia verde, entregou uma performance impecável e invejável, com muita simpatia, beleza, sorriso no rosto e carisma. Por mais que essas características sejam pré-requisitos para a função designada à jovem, ela conseguiu, surpreendentemente, ir além.

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