O domingo foi de surpresa na edição mensal da feijoada da Unidos de Padre Miguel. A escola da Vila Vintém anunciou que Andressa Marinho, a Dedê, assume o posto de nova rainha de bateria para o Carnaval 2025, quando a escola estreia no Grupo Especial, segundo o modelo criado pela Liesa. Em entrevista ao site CARNAVALESCO, Dedê exaltou o carinho da escola e o apoio que sempre recebeu.

Fotos: Maria Clara Marcelo/CARNAVALESCO

“Sinceramente, a minha ficha ainda está caindo. É um processo. Realização de sonho. É muito grandioso esse cargo. São vários fatores que vem acontecendo: passei por corte da corte do carnaval, virei musa, a escola retona ao Grupo Especial, passei por insegurança e problemas, a Unidos sempre foi meu refúgio e minha cura. Não deixou de acreditar em mim. Hoje, o carinho é surreal. O mais importante é ser reconhecida e valorizada onde fui criada”, disse Dedê.

Ao CARNAVALESCO, a diretora de carnaval da UPM, Lara Mara, citou como foi a decisão de colocar Dedê como rainha de bateria para o desfile de 2025.

“Conheço a Dedê desde pequena. A gente foi criada na quadra da UPM, dentro da Vila Vintém. Ela está realizando o sonho dela que era ser rainha. O maior requisito para ocupar esse posto é a amar a comunidade e ser cria. Agora, nessa ascensão no Grupo Especial, acho que a gente tem é que honrar as pessoas que estiveram todos esses anos com a gente e sabem da história da UPM. Nada mais que merecido. Tenho certeza que outras meninas estão felizes. Sabem que ela ama escola. É sambista, linda, uma mulher sem palavras, fico muito feliz em ter muitas mulheres assim dentro da minha escola. Ver minha escola coroar mulheres assim é sensacional”, afirmou Lara.

Dedê Marinho revelou o que é preciso para chegar ao posto de rainha de bateria de uma escola de samba. A sambista enalteceu a representatividade com a comunidade.

“Para ser rainha primeiro tem que ter parceria com a bateria. Você está ali para conduzir, acompanhar e feminilizar essa energia. A bateria é o coração da escola. A rainha tem que ter muita postura, responsabilidade, poder e sabedoria. Estar sempre pronta para levar o nome da escola. Ser inspiração para crianças. Isso é uma coisa que levo muito forte dentro de mim. Vivo dentro da comunidade, quando saio para comprar pão com meu filho, encontro com crianças que me abraçam e dão carinho. Ser exemplo é importante. Posso mostrar que no samba há possibilidade de vida, oportunidade e felicidade”.

Cícero Costa, diretor de carnaval, citou que a escola não teve dificuldade em escolher Dedê Marinho como rainha de bateria. Ele citou a importância de olhar para dentro da comunidade.

“Foi uma decisão muito fácil. A escola valorizou quem sempre valorizou, que é a sua comunidade. Só escutamos eles. Se hoje somos uma escola é porque ouvimos a comunidade. Eles pediram e nos acatamos”, garantiu.

‘Nunca mais rainha fora da comunidade’, diz Lara Mara

Lara Mara assegurou que a UPM não terá nunca mais rainha de bateria de fora da comunidade.

“Não faltou nada. Tudo foi no momento certo. Com certeza, a Unidos não vai errar mais de botar outras pessoas à frente da bateria. Tem que ser cria da comunidade. Esse erro não vamos cometer mais”.

Sem o concurso de rainha de bateria, a escola fará uma disputa para escolher duas novas musas. Ao CARNAVALESCO, Lara Mara deu detalhes.

“Só vão poder participar meninas que foram passistas da escola e crias de Padre Miguel e adjacências. Para prestigiar vamos colocar duas musas da comunidade”.

Perguntada sobre a mensagem que pensa em deixar para comunidade, Dedê Marinho desabafou emocionada.

“A mensagem que passo é de perseverança e resiliência. Já tive paralisia facial, tive filho e depressão pós-parto, tive várias inseguranças e fraquezas, que me fizeram pensar em desistir de tudo. Não só da minha vida pessoal, mas de tudo da vida pessoal da Andressa. A UPM é o meu refúgio, onde consigo me libertar, consigo sonhar lá na frente. Compartilho a realização do meu sonho com crianças e com todas alas de passistas. Confiem no processo de vocês, floresçam, cresçam e brilhem. Não tive tempo ainda de falar com as passistas. Quero abraçar todas. Sabe como você sente apoio? É o sentimento que sinto. A ala de passistas é o lugar que vim, me criei, aprendi tudo e divido com minha família”.