Após comandar uma comissão de frente que emocionou o público que compareceu ao Anhembi no carnaval de 2025, o coreógrafo Ricardo Negreiros compareceu com a Dragões da Real à festa de definição da ordem dos desfiles de 2026, realizada em 17 de maio, na Fábrica do Samba. O evento foi o pontapé inicial do ciclo em andamento para o próximo ano, no qual a escola da Vila Anastácio será a terceira agremiação a desfilar na sexta-feira, 13 de fevereiro, com o enredo “Guerreiras Icamiabas: Uma lendária história de força e resistência”, assinado pelo carnavalesco Jorge Freitas.

* Seja o primeiro a saber as notícias do carnaval! Clique aqui e siga o CARNAVALESCO no WhatsApp

comissaodragoes
Foto: Felipe Araujo/Liga-SP

Ousadia e esforço conquistam as arquibancadas

A comissão de frente da Dragões da Real não apenas cumpriu seu papel ao garantir as notas necessárias para a escola, como também conquistou o público com uma coreografia protagonizada por uma criança, que representou um pequeno astronauta ao longo do ciclo da vida. Em seu quinto carnaval na agremiação, Ricardo Negreiros exaltou o trabalho desenvolvido pelo quesito em 2025.

“Fizemos um projeto muito bacana, era um grupo grande. Infelizmente, nós não tivemos um desempenho de uma nota quarenta, mas ao mesmo tempo foi um projeto grandioso, mágico. Trouxemos uma criança, que é bem difícil você conduzir um projeto com crianças. Entendo que foi um projeto muito bom e que trouxe uma perspectiva diferente para a escola, porque não trazíamos as crianças na escola. É a segunda vez que eu trago o projeto com uma criança, adequando o projeto totalmente e esse ano eu fiquei muito feliz com o resultado, apesar de não ter sido quarenta. Para mim foi muito bom, muito gostoso”, exaltou o coreógrafo.

coreografo dragoes
Coreógrafo Ricardo Negreiros. Foto: Lucas Sampaio/CARNAVALESCO

Decolagem bem-sucedida

Um recurso inédito no carnaval paulistano foi o uso de um drone como elemento da coreografia da comissão de frente. O equipamento aéreo foi caracterizado como um pequeno foguete, que sobrevoou a Avenida ao final da apresentação, em resposta a gestos do astronauta mirim. Ricardo explicou como foi o processo de concepção da ideia e celebrou o êxito na execução.

“Foi bem complexo. É a primeira vez que fazemos um projeto com drone. Eu realmente não conheço nenhuma escola de São Paulo que fez um projeto com drone. Nós ensaiamos bastante. Teve uma equipe do Rio de Janeiro que fez todo o projeto à distância. Eu acompanhava à distância o tempo inteiro, os testes de drone e tudo mais. Eles vieram para São Paulo, nós testamos com eles de novo e fomos adequando o projeto no decorrer do tempo porque a alegoria não estava pensada para isso. No final das contas, fizemos um projeto que foi muito bem desenhado, bem redondinho, tanto que no final deu tudo certo, não teve nenhuma falha em nenhum momento na Avenida. Pensando que a nossa forma de julgamento é o tempo inteiro, conseguimos fazer com que o tempo inteiro fosse bem executado. Nós tínhamos dois drones, então a cada vez que executávamos a coreografia era um drone diferente”, afirmou.

O coreógrafo comentou que a ideia original para a cena era diferente, e que um trabalho coletivo foi fundamental para a decisão de usar o drone.

“Foram muitas cabeças pensantes. A princípio, nós não íamos ter um drone, faríamos o astronauta voar. Só que seria um barulho intenso, o custo com a operação seria muito caro, então fomos adequando e chegamos a um consenso. Teve a ideia do presidente, teve a ideia do carnavalesco, teve coisas minhas. No final das contas, cada um deu um ‘insight’ e chegamos no drone. A partir daí foi a correria atrás do drone”, disse.

Valorização da arte se faz necessária

Apesar de não obter as quatro notas máximas no quesito, não só a Dragões da Real, como todas as agremiações conseguiram o total de trinta pontos possíveis. Ricardo Negreiros acredita que a arte deveria ser mais valorizada no julgamento, mas elogiou o trabalho realizado pelas coirmãs do Grupo Especial em 2025.

“Senti que faltou uma avaliação artística. O carnaval de São Paulo peca por não avaliar artisticamente. Por outro lado, vi que tiveram comissões que tiveram uma avaliação muito bacana, foram comissões que se destacaram. Acho que falta um olhar artístico para o projeto, de fato, mas na minha visão foram muitos projetos muito bons, independente de nota, mas faltou um olhar artístico. Sinto que falta isso para o carnaval de São Paulo”, concluiu.