Por Juliana Henrik e Matheus Vinícius

A União da Ilha anunciou às 5h50 deste domingo que os compositores Wagnão, Rony Sena, João Vidal, Vinícius Moro, Renan Diniz, Paulo Beckham, Jotapé e Gigi da Estiva venceram o concurso de samba-enredo para o Carnaval 2026. A escola levará para Marquês de Sapucaí o “Viva o hoje! O Amanhã? Fica pra depois” é o título do enredo que será desenvolvido pelo carnavalesco Marcus Ferreira. A agremiação será a sexta a desfilar, na sexta-feira, dia 13 de fevereiro de 2026, pela Série Ouro. * OUÇA AQUI O SAMBA

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Fotos: Juliana Henrik e Matheus Vinícius/CARNAVALESCO

“Mais uma vez, campeão na União da Ilha. Já tive o prazer de ser campeão em 2014. Fomos campeões na minha escola de coração, na escola em que eu nasci, do bairro que eu nasci. É um prazer enorme. Estamos muito felizes. O trunfo é que o samba é a cara da Ilha que a gente conhece e aprendeu com vários baluartes da escola. Minha parte favorita é o refrão principal. O insulano bate no peito, tem orgulho de ser insulano, ter nascido aqui e fazer parte dessa escola que é a União da Ilha do Governador”, comemorou o compositor Wagnão.

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“É uma emoção indescritível. Estou no carnaval desde moleque. Vou fazer 20 anos de disputa de samba. Já tive oportunidade de ter outros sambas campeões em agremiações importantes no carnaval, mas ganhar um samba na Ilha é especial. É uma parceria de amigos, família, que a gente se ajudou demais. Foi sofrido. A gente não tem investimento forte. Essa vitória representa a verdadeira essência do que é o compositor, do que é o sambista. Tentamos ir por um caminho diferente. Nós não fomos descritivos, passo a passo na sinopse. Imaginamos a essência do enredo”, comentou Jotapé.

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“Essa é minha segunda vitória na Ilha. Tem uma representatividade muito grande, porque eu não ia fazer samba, já que estava sem investidor, vocês sabem que, no samba, a gente precisa de investidor. Acreditei no projeto e chegamos à vitória. Ser bicampeão na União da Ilha, uma escola que tem uma representatividade na minha infância, é importante demais”, citou o compositor Paulo Beckham.

“Essa vitória pra mim foi muito importante. Eu venho de um bicampeonato, já fui campeão no Grupo Especial em 2017. A gente tem uma letra muito forte e uma melodia também muito forte que é característica da Ilha, que empolga”, afirmou o compositor Rony Sena.

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Projeto ambicioso

“O nosso projeto, com toda humildade, é ambicioso. O objetivo de todas as 15 escolas do grupo é chegar e conquistar o título. Essa é a nossa expectativa e o nosso objetivo. Eu não tenho nada a reclamar do desfile de 2025. Realmente, erramos. Admito o erro e, com certeza, ele será corrigido. Estamos recebendo apoios. É um prazer para nós. São muito bem-vindos e só espero que continuem nos ajudando, como já estão fazendo, para que possamos chegar onde queremos”, comentou o dirigente.

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Marcus Ferreira diz que escola está se estruturando

O carnavalesco Marcus Ferreira vai para o segundo ano consecutivo na escola. Ele fez um balanço inicialmente do desfile de 2025.

“A Ilha fez um grande carnaval dentro das nossas possibilidades, da luta do presidente. Fomos colocados como postulantes ao título, mas sabemos que erramos em alguns aspectos. Para esse próximo carnaval, estamos reavaliando nossos erros, nossos pontos perdidos nos quesitos e faremos um carnaval grandioso à altura da Ilha. Se Papai do Céu abençoar, a gente volta para o Grupo Especial”.

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Marcus Ferreira revelou como surgiu a ideia do enredo para 2026. “Eu já tinha como ideia contar a história do Cometa Halley. É um enredo que fala sobre esse espírito humano, que nos faz repensar o quanto humanos somos. Eu acho que nós preocupamos muito com o amanhã e acaba esquecendo o hoje, as nossas ações junto aos outros seres humanos também. A Ilha vem mostrar que, historicamente, a passagem do cometa em 1910, quando a Ciência não era avançada, resignificou o pensamento humano com muita positividade, muita perseverança no porvir, no amanhã em si”.

Em novo espaço, que está sendo construído um barracão, o carnavalesco explicou como funciona o trabalho da Ilha. “Nos mudamos tem quatro meses. Nós mesmos, o presidente e o Marcelo Viana, o nosso patrono, estamos a cada dia fazendo melhorias no espaço. Agora montamos um ateliê. A Ilha tem um ateliê físico junto ao barracão, o que a escola não tinha ano passado. Estamos nos estruturando a cada dia, a cada semana, para que possamos gerir com o conforto necessário para os nossos colaboradores, para os nossos profissionais e para que a Ilha saia campeã de lá. Nós já estamos na metade dos protótipos nessa semana. Nós fizemos o desmonte das alegorias quando mudamos para esse barracão. Agora começa o corte e a levantar a primeira alegoria. Acredito que daqui há um mês finalizamos os protótipos e início de produção.

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Barracão construído do zero

Recém-chegado no comando da direção de carnaval da Ilha, Junior Cabeça, contou como está o trabalho. “Até agora é um balanço muito positivo. Fui muito bem recepcionado por toda diretoria da escola, por toda comunidade. O apoio até agora é de 100%. Comunidade insulana a todo momento mandando vibrações positivas, acreditando no projeto, acreditando no trabalho. Nós tivemos no desfile de 2025 alguns probleminhas em relação às fantasias, principalmente, na ala de abertura e também relacionada à roupa do casal de mestre-sala e porta-bandeira. Isso já está sendo visto, já estamos providenciando, dando um passo anterior ao que costumávamos dar para que os mesmos problemas não ocorram e que possamos elevar cada vez mais o nível do carnaval da União da Ilha”, disse.

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Cabeça explicou como está o processo de construção do novo barracão, já que a escola teve que ir para um local, próximo da Cidade do Samba, para produzir seu desfile. “É mais um desafio que a Ilha vem enfrentando nesse carnaval. Mas, graças a Deus, o presidente Ney tem dado apoio e agora, com a chegada do nosso patrono Marcelo Viana, as coisas se abriram para a União da Ilha. A União da Ilha vive outra realidade. A escola está forte, aguerrida e com muita vontade de fazer um grande desfile e brigar pelo título. Tanto o presidente quanto o patrono estão nos dando a condição de fazer um ateliê novo, uma barracão novo e de construir um grande carnaval”.

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O diretor de carnaval revelou que pretende desfilar em 2026 com 1300 componentes. “A nossa previsão é para que no começo do mês de novembro a gente começar a levar a escola para a rua para ensaiar. Esse ano nós temos um mês a menos diferente do carnaval do ano passado. Nós queremos começar um pouco mais cedo os ensaios de quadra e de rua também. Por isso, foi feita essa escolha de samba antes da maioria das escolas”.

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Indo para o segundo ano consecutivo como intérprete da Ilha. Tem-Tem JR, avalia o trabalho e enaltece relação com a bateria. “Nós ralamos tanto na temporada de ensaios para acertar detalhes. Posso dizer que tenho uma grande parceria com o mestre Marcelo. É essencial para qualquer carro de som ter sintonia com a bateria e nós conseguimos ter. A sintonia é 100%, respeitando um o espaço do outro, ouvindo o outro, que é muito importante. O resultado para mim foi dos melhores. Vieram prêmios, a nota máxima em Harmonia e Bateria. O trabalho foi bem feito, não só por mim, a escola toda está de parabéns. A Ilha é a cara do Grupo Especial, ficamos por detalhe. Vamos tentar acertar agora em 2026”.

Casal traz parceria da Viradouro para Ilha

Contratados para o Carnaval 2026, o casal de mestre-sala e porta-bandeira, João e Duda, conversou com o CARNAVALESCO e contou como surgiu o convite para a parceria da Viradouro ir para Ilha.

“Começamos no concurso da Viradouro para ser o terceiro casal de mestre-sala e porta-bandeira. São seis anos de parceria e é mágico dançar com o João. Eu sempre falo isso em todas as entrevistas: ele é um cavalheiro, ele é romântico. E não, a gente não namora. Mas, assim, ele é o meu par da vida inteira. Eu espero dançar com ele durante toda a minha carreira. É mágico. Ele é romântico, se preocupa comigo. É uma pessoa com quem sei que posso contar em todos os momentos, tanto na dança, no profissional, quanto na vida pessoal. Não vimos nossa fantasia ainda para 2026. O querido carnavalesco está fazendo suspense para a gente. Estamos ansiosos para ver”, disse a porta-bandeira.

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“Quando fez o concurso da Viradouro, teve um acontecimento engraçado: eu fiquei em segundo lugar e ela ficou em primeiro. Mas, quando o mestre-sala que ganhou o concurso foi assumir o posto, surgiu uma viagem para ele e ele precisou sair. A escola entrou em contato comigo e falou que seria eu. E, desde daí, a gente nunca mais parou de dançar junto e de se perturbar. É, a gente não namora, mas olha… é um casamento. A Duda ajuda sempre, vê a minha roupa, se tem algum problema. E não é só na dança: ela sempre pergunta como estou me sentindo, se aconteceu alguma coisa, se está tudo bem. A preocupação é a melhor qualidade dela”, completou o mestre-sala.

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Bateria focada em manter os 40 pontos

Comandante da “Baterilha”, mestre Marcelo Santos fez uma análise do desfile de 2025. “Sempre a melhor possível. A bateria se comportou muito bem. Conseguimos, mais uma vez, dar nota máxima para a escola, com os 40 pontos, o que muito me envaidece.
É um resultado de muito trabalho e muita dedicação. Eu só tenho a agradecer a oportunidade que a escola me deu de mostrar o meu trabalho e agradecer aos ritmistas que compraram a ideia, são comprometidos e, a cada ano, se superam mais. Porque tirar nota 40 não é algo fácil, mas é tranquilo; agora, manter é mais complicado. E, graças a Deus, já são três anos que a gente mantém os 40 pontos”.

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Perguntado se o enredo de 2026 permite pensar em algo especial o mestre foi claro: “Costumo pesquisar o enredo para tentar tirar alguma coisa de dentro dele. E, graças a Deus, mais um ano conseguimos, dentro do enredo, achar a possibilidade de criar uma batida no formato da ideia que ele propôs. Vamos ter alguma novidade, algum instrumento. Vamos nos dedicar para ver em qual parte podemos encaixar. O Tem-Tem Jr. (intérprete) é um cracaço, um talento dessa nova geração que está vindo aí. O encaixe foi perfeito, porque ele é um cara dedicado também, igual à bateria. Ele escuta nossas ideias, nós também escutamos as ideias dele, e essa parceria, essa intimidade que tenho com ele e que ele tem comigo e com a bateria facilita muito o nosso trabalho. Acredito que ele possa ficar aqui por muitos anos, pois se identificou com a escola. Desejo a ele só as melhores coisas”.

Como foram as apresentações na final

Parceria de André de Souza: A parceria encabeçada por André de Souza abriu as apresentações da noite de final e trouxe Evandro Malandro como intérprete. Começou com bastante animação e energia. Porém, a segunda parte da composição tem uma queda de intensidade que se mostrou evidente quando a apresentação se silenciou para a torcida cantar e o público pouco cantou. Os refrões têm força principalmente por versos como “Sou a Ilha/Eterna explosão de alegria”, “Batucaê! Hoje é festa, amor!” e “Enlouquecer num porre de prazer”.

Parceria de Romeu D´Malandro: A segunda apresentação nessa final foi da parceria de Romeu D’Malandro. Os interprétes Emerson Dias e Wander Pires representaram a composição no palco. O samba-enredo está melodicamente bonito e foi bem conduzido. Infelizmente, não levantou o público, inclusive, poucas pessoas da torcida sabiam cantá-lo. Mesmo assim, um ponto forte é o refrão do meio começando com “Era profusão de fé…”. Além disso, versos que se destacam pela beleza são a cabeça do samba “Sigo e permeio caminhos na imensidão/Lenda me torno e anseio os olhares” e “Veja o despertar da natureza no horizonte/Onde secam fontes, eu serei porto seguro”.

Parceria de Wagnão: Sendo um dos destaques da noite, o samba da parceria de Wagnão foi interpretado por Tinga e Dowglas Diniz. O refrão principal se mostrou muito forte com seu “Coração insulano bate dentro do peito/aprendi a te amar agora não tem jeito”. A apresentação deixou claro que é um samba que não deixa cair a animação. Outro trecho que merece destaque é a preparação para o refrão: “Ilha… te entrego com carinho meu diário/Lições dessajornada que bendiz/Ser presente é o segredo para ser feliz”.

Parceria de Almir da Ilha: A parceira liderada por Almir da Ilha foi a penúltima a pisar no palco desta disputa. Ito Melodia, que reverenciou Arlindo Cruz – cantor e compositor que faleceu na sexta-feira –, foi o intérprete que responsável pela apresentação. A quadra estava animada e este foi o samba o mais cantado integralmente pela torcida. O refrão principal se torna cativante com o trecho “A Ilha vai fazer um lê lê lê”. Já o do meio tem uma construção criativa. Como um todo, o samba tem irreverência e leveza. Além disso, possui referências a sambas históricos da Ilha com “Vem amor… na poesia outra vez rimar” e “É hoje o dia! Amanhã é pra depois!”.

Parceria de Queiroga: Para fechar a noite, a parceria de Queiroga levou os intérpretes Rodrigo Tinoco, Tuninho Junior e Igor Pitta para defender sua composição. O samba não cativou a quadra, embora seja bem coeso com o enredo e descritivo. O refrão principal tem impacto pela sua animação e o do meio apesar de curto tem força no verso “O astro é a Ilha”. Já a segunda estrofe “A manchete anunciou o astro brilhou[…] O Halley é carioca” tem uma construção confusa pela forma como os versos “O Halley é pop star” e “O Halley é carioca” se encaixam sem resultar em rima.