Por Gustavo Lima, Naomi Prado, Lucas Sampaio, Nabor Salvagnini e Will Ferreira. Fotos de Fábio Martins
O sábado foi especial na cidade de São Paulo não apenas por conta do Dia Internacional da Mulher. No Sambódromo do Anhembi, nove escolas de samba retornaram para a passarela e realizar o Desfile das Campeãs, encerrando o ciclo da instituições carnavalescas na folia de 2025. Ao todo, as cinco primeiras colocadas do Grupo Especial e as campeã e vice dos Grupos de Acesso I e II brilharam novamente na avenida ante um grande público nas arquibancadas. Acompanhando todas as instituições carnavalescas desde o início das atividades de cada uma delas, o CARNAVALESCO esteve presente no Anhembi e traz detalhes de cada uma das apresentações.
* Seja o primeiro a saber as notícias do carnaval! Clique aqui e siga o CARNAVALESCO no WhatsApp
Camisa 12
A agremiação oriunda da torcida organizada do Corinthians abriu o Desfile das Campeãs por ser a segunda colocada do Grupo de Acesso II, retornando ao Grupo de Acesso I – pelotão que não frequentava desde 2006. A agremiação desfilou com muita leveza e a comunidade cantou bastante.
A Ritmo 12 abrilhantou o espetáculo com direito a paradão da bateria comandada por mestre Lipe no segundo recuo – durando quase dois minutos de apagão, com o samba do enredo “Edun Ará Ase Idajo – Força que faz a Justiça”, do carnavalesco Delmo de Moraes, sendo bravamente sustentado pela comunidade. O ritmista-mor, inclusive, foi carregado no ombro de um dos diretores enquanto a bateria homenageava Roberto Moreira Junior, o eterno maestro Neno, estendendo uma bandeira com um dos mais icônicos mestres de bateria do carnaval paulistano – e pai de mestre Lipe.
Pérola Negra
Campeã do Grupo de Acesso II com o enredo ‘Exu Mulher’, do carnavalesco Rodrigo Meiners (que já anunciou a saída da escola, mas esteve presente e bem realizado com o trabalho desenvolvido), a escola da Vila Madalena aproveitou as várias estreias (como as de mestre Sombrinha, à frente da Swing da Madá, e de Lucas Donato, intérprete oficial ao lado de Bruno Ribas) para brilhar novamente.
A presidente Sheila Mônaco comemorou bastante o título entrando em cada ala da escola, enquanto o mestre Sombrinha estreante teve a parceria da mãe, Solange Cruz Bichara Rezende, presidente da Mocidade Alegre, que veio ao lado dos ritmistas. Eles, por sinal, abusaram das bossas durante o Desfile das Campeãs em clima de título e com festa total na Vila Madalenaa. O intérprete Bruno Ribas não esteve presente, com Lucas Donato comandando o carro de som.
Mocidade Unida da Mooca
Uma das grandes novidades do carnaval de São Paulo em 2026 será a presença da Mocidade Unida da Mooca no Grupo Especial: é a primeira vez que a agremiação estará no pelotão de elite. E o clima era de muita festa: o presidente Rafael Falanga comemorou bastante entre as alas, o carnavalesco Renan Ribeiro brincou com os intérpretes Emerson Dias e Gui Cruz – que estavam no meio da escola, confraternizando com os componentes, alegorias e harmonias.
O homenageado no enredo “Krenak – O Presente Ancestral” marcou presença no último carro, e chegou a receber o troféu de vice-campeão do Acesso I, mostrando-se muito satisfeito com o momento vivido no carnaval de São Paulo. A comunidade estava totalmente realizada e feliz, cantando bastante o samba escolhido para o carnaval, com a estreante coreógrafa Sabrina Cassimiro trazendo a comissão impactante que levantou o público ao retornar após a apresentação oficial. A bateria Chapa Quente, de mestre Denys, caprichou nas bossas – e não foi só isso: a rainha Valeska Reis foi destaque novamente, tal qual a musa à frente do abre-alas Jennifer Weida, a rainha do carnaval de São Paulo de 2024.
Tom Maior
A campeã do Grupo de Acesso I, retorna ao Especial após um ano ausente com o enredo “Uma nova Angola se abre para o mundo! Em nome da paz, Martinho da Vila canta a liberdade!”, originalmente apresentado em 2009 e reeditado nesta temporada. Mesmo com a ausência do Gilsinho, a ala musical comandada por Beah mostrou muita força e impôs o reconhecidíssimo samba.
O carnavalesco Flavio Campello foi bastante homenageado pelos componentes e diretores enquanto estava no recuo da bateria – o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Ruhanan Pontes e Ana Paula Sgarbi, por sinal, entrou no recuo, abriu o pavilhão e voltou para a pista, fazendo uma homenagem ao carnavalesco, chamando-o e enrolando-o no pavilhão. A Tom 30, bateria de mestre Carlão (também presidente da vermelho e amarelo) tirou onda com as bossas, levantando o público perto do Setor H – com direito a coreografia em cada uma delas.
Camisa Verde e Branco
Com o enredo “O Tempo Não Para! Cazuza – O Poeta Vive”, o Camisa ficou na quinta colocação do Grupo Especial – abrindo assim a passagem das escolas da elite do carnaval de São Paulo. O clima era de muita comemoração, já que o Trevo não voltava para o Desfile das Campeãs estando no pelotão de elite desde 2002.
A presidente Erica Ferro levou flores e foi distribuindo para componentes da escola, que a agradeciam. A Furiosa empilhou bossas, todas comandada por mestre Jeyson. Sophia Ferro, rainha da bateria, fez coreografias junto com os ritmistas e mexeu bastante com o público dos camarotes – que, tal qual as arquibancadas, estavam cheios. O trio de musos, Bruna Sarro, Guilherme Fiuza e Duda Gomes também fizeram a alegria do público e tiraram onda com o samba no pé. Assim como no último carro, o troféu foi carregado no espaço em que Lucinha Araújo, mão de Cazuza, esteve no desfile oficial da agremiação. Vale destacar, também, a fase vivida por Igor Vianna com o Trevo, sacudindo componentes e plateia.
Mocidade Alegre
Bicampeã do carnaval de 2023 e 2024, a Morada do Samba veio em um clima leve e levantou o público da arquibancada Monumental, perto do recuo, quando executou a já conhecida movimentação para exibir o terço e a imagem de Nossa Senhora Aparecida. Mestre Sombra comandou a Ritmo Puro, e a rainha Aline Oliveira, sempre com muito samba no pé, ajudou com o imenso terço – todo iluminado.
O momento marcante do carnaval, foi repetido e levantou o público que assistia à apresentação do enredo “Quem Não Pode com Mandinga, Não Carrega Patuá”, desenvolvido pelo carnavalesco Caio Araújo. A Mocidade teve um problema com o quarto carro (assim como no desfile), que atrasou o término do desfile. Todos os harmonias e até mesmo mestre Sombra foram ajudar a alegoria que teve um problema no motor – depois, a escola andou e ajustou o compasso. Era clima de festa por parte dos componentes – inclusive a última ala da escola ultrapassou o carro e tapou o buraco na maior descontração. O intérprete Igor Sorriso tirou onda com o público o tempo inteiro da apresentação.
Gaviões da Fiel
Para os componentes da Fiel Torcida, o sentimento é de muita felicidad – mas, internamente, a sensação é de que o título escapou por algo que não deveria acontecer – como os décimos perdidos no quesito samba-enredo, tido por muitos como um dos melhores do carnaval. Um dos jurados despontuou a Torcida que Samba por não ter ouvido a palavra ‘Odara’ presente no refrão de cabeça, e os alvinegros não deixaram por menos: levaram faixas com a palavra e colocaram em diversos cantos da apresentação de maneira bastante sarcástica.
O enredo “Irin Ajó Emi Ojisé – A Viagem do Espírito Mensageiro”, desenvolvido pelos carnavalescos Júlio Poloni e Rayner Pereira, é claramente fruto de uma agremiação que está retornando ao seu tempo de gigantismo – e o componente está bem ciente da nova fase da instituição do Bom Retiro, haja vista a alegria reinante no Anhembi neste sábado. O futuro é promissor e a esperança é de ainda mais investimentos no carnaval por parte da diretoria alvinegra. O intérprete Ernesto Teixeira, a bateria Ritimão e a rainha Sabrina Sato levantaram o público no Sambódromo – além da torcida, sempre um espetáculo à parte.
Acadêmicos do Tatuapé
A azul e branca da Zona Leste paulistana veio em um misto de seriedade e descontração: a escola tirou onda e cantou bastante (como é de praxe em toda e qualquer apresentação da escola), mas também mostrou bastante organização ao evoluir.
Cantando o enredo “Justiça – A Injustiça Num Lugar Qualquer é Uma Ameaça à Justiça em Todo Lugar”, desenvolvido pelo carnavalesco Wagner Santos, o intérprete Celsinho Mody mexeu bastante com o público e levantou o samba – que foi cantado pela última vez no Anhembi com a ilustre presença de outros cantores de renome no carro de som, como Keilla Regina, André Ricardo e Chocolate. A Qualidade Especial, bateria de mestre Léo Cupim, fez as já tradicionais bossas e brincou bastante durante todo o desfile. A rainha Muriel Quixaba brincava com cada componente e harmonia que passava no recuo tal qual como Daniel Manzioni, rei de bateria que se despediu do carnaval – bastante homenageado por conta de tal fato.
Rosas de Ouro
A grande campeã brincou com os lances na avenida. Embalados pelo já tradicional discurso de força misturado com humor da presidenta Angelina, os componentes da Roseira desfilaram soltos para apresentar pela última vez o enredo “Rosas de Ouro em uma Grande Jogada”, desenvolvido pelo carnavalesco Fábio Ricardo. Desde a concentração eram perceptíveis as lágrimas nos olhos dos apaixonados pela escola. E não era para menos: uma das maiores campeãs da história do carnaval de São Paulo voltou a figurar entre as grandes e levou a taça após 15 anos de jejum. A apresentação deste sábado foi uma consagração ao enorme sucesso do trabalho realizado.
O carnavalesco Fábio Ricardo e o enredista Roberto Vilaronga vieram na última alegoria, como Mario e Luigi – famosos personagens de jogos de videogame da Nintendo – fantasias já utilizadas em ensaios técnicos. Ambos fizeram parte do carro que mencionava o jogo tão famoso, diga-se. A presidente Angelina distribuiu cartas para público, enquanto a comissão de frente levantou as arquibancadas nao pegar os escudos como é tradicional, entraram e saíram do recuo por cerca de dois minutos até ficarem de vez no espaço. O intérprete Carlos Junior, subiu no palco de mestre Rafa e, juntos, ficaram cantando o samba campeão do carnaval ao lado dos ritmistas da Bateria Com Identidade.