Por Gustavo Lima e Will Ferreira

A cidade de São Paulo conheceu, neste sábado, a Corte do Carnaval 2026. Após as eliminatórias nas Zonas Norte, Sul e Leste, a grande final do concurso foi realizada na Fábrica do Samba – e, após anos, sob a organização da Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo (Liga-SP). Com boa presença de público e muita emoção da plateia e de candidatos, o CARNAVALESCO conferiu o evento (que teve show de Renato da Rocinha, apresentação de Eloise Matos e Tiago Bombonatti e todos os eleitos da Corte do Carnaval de São Paulo 2025) e conversou com os integrantes da Corte do Carnaval 2026 de São Paulo.

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Felicidade estampada

Todos os vencedores, como não poderia deixar de ser, estavam radiantes quanto entrevistados pela reportagem. Pamela Lacerda, eleita a Rainha do Carnaval e representando a Mocidade Alegre, era uma delas: “Estou muito grata, muito feliz com todo o trabalho – e, claro, muito realizada e muito grata de poder estar representando tantas passistas que têm o sonho de estar aqui. O que eu tenho para falar para elas é que é possível estar aqui: sonhos foram feitos para se realizar. Hoje eu estou realizando o meu – amanhã pode ser uma delas”, disse.

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Pamela Lacerda, eleita a Rainha do Carnaval e representando a Mocidade Alegre

Representatividade e sonho também foram palavras usadas por Victória Santos, eleita a Primeira Princesa pelo Império de Casa Verde, “São 17 anos desfilando no Império de Casa Verde. Todas as pessoas que me acompanham, desde que eu entrei lá, sabem o quanto eu esperei por esse momento. Sinto que eu estou representando muitas meninas que têm a história igual a minha, e eu estou extremamente feliz. Eu ainda não estou acreditando em tudo que está acontecendo, mas o sentimento é de gratidão”, destacou.

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Victória Santos, eleita a Primeira Princesa pelo Império de Casa Verde

Já pensando no que pretende deixar enquanto integrante da corte, Letícia Carolino, do Rosas de Ouro e eleita Segunda Princesa na Corte, também falou sobre sonhos: “Meu legado é mostrar que é possível, mesmo que você não tenha nascido no samba. Desde que haja respeito e educação, você consegue”, revelou.

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Letícia Carolino, do Rosas de Ouro e eleita Segunda Princesa na Corte

André Luiz Alves, o Rei Momo, focou na escola que lhe deu a oportunidade de brilhar: “Ganhei e fiquei muito feliz pelo título, claro, mas fico ainda mais contente ao ver a minha comunidade vibrando comigo. A gente se emociona porque vê pessoas chorando por nós. Corremos atrás, fazemos de tudo, gastamos dinheiro, e ver todo mundo se dedicando por você, de um jeito que nem se imaginava, faz com que o mínimo seja dar o melhor de si. Tentei, no mínimo, levar alegria para o meu pessoal e para todos que estavam assistindo. Graças a Deus, deu certo”, comemorou.

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André Luiz Alves, o Rei Momo

O Rei Momo também falou sobre legado logo na sequência: “A ficha ainda não caiu. Pensamos no dia, mas eu ficava imaginando como seria vir na frente das escolas, sentir essa energia. Nunca tinha sentido. Sempre desfilei e era aquilo: entrava e saía. Para mim, ainda é tudo novo. Espero muito dessa experiência e estou disposto a descobrir, a estar presente, a fazer o máximo para transmitir boa energia e deixar um bom legado. Se eu puder ensinar, compartilhar e fazer a diferença, é isso que estou buscando”, destacou.

Caldeirão psicológico

Letícia fez questão de relembrar um nome especialíssimo ao falar da sensação pela qual estava passando com a eleição para a Corte: “É um misto de emoções. Junta o sentimento da vitória, o cansaço dos treinos e também o fato de nossa escola ter vivido um momento muito particular nos últimos dias, que foi a perda da dona Ana Paltrinieri, nossa baluarte. Ela fez parte da minha história dentro da escola. Mesmo assim, prevaleceu toda a dedicação, e eu consegui trazer essa faixa para o Rosas de Ouro. Estou muito feliz”, rememorou.

Oportunidades

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Ainda antes de ser eleito Rei Momo, André Luiz contou para a reportagem que já está em uma escola de samba do Rio de Janeiro ao lado de um grande destaque da dança: “Sempre fui Vai-Vai. Desfilo desde os meus seis anos e sempre estou lá. Meu pai é coordenador de Harmonia, então tudo é aquela correria. Minha família é um pouco contra, porque sou ator, e acabei indo para o Rio para fazer uma peça que me daria muita visibilidade. Fui em busca do meu DRT. Morei na casa de uma amiga, a quem agradeço muito até hoje. Depois decidi ficar por lá. Minha mãe não acreditou muito quando eu disse que estava indo, mas estou lá até hoje. Mesmo assim, todo mês estou em São Paulo, todo mês estou no Vai-Vai. Não consegui ficar longe. Minha família é muito grande e unida. Recebi uma oportunidade no Salgueiro, o coreógrafo e diretor artístico Carlinhos Salgueiro me convidou, é um excelente profissional, evoluí muito lá também, mas sempre mantendo nossa raiz, nosso jeito de ser e de sambar, com orgulho do Vai-Vai”, disse.

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Preparação

As integrantes da Corte detalharam como se tornaram Rainha e Princesas, a começar por Pamela: “Graças a Deus eu tenho uma comunidade que esteve em peso comigo, que está comigo desde o começo. Sem dúvidas, esse foi o meu combustível. Eu também tenho uma equipe maravilhosa, muito proativa. Ser eleita a Rainha do Carnaval é resultado de muito trabalho. Eu tenho comigo o professor e coreógrafo Gustavo Siqueira, eu tenho a coach de samba Mayara Santos, eu tenho o figurinista Fabson Rodriguez, eu tenho o cabeleireiro e maquiador Paulo Henrick, a Aline Oliveira, que é a rainha da Mocidade e que faz parte da minha equipe”, pontuou.

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Victória seguiu a mesma linha: “A gente está se preparando há muito tempo. Eu tive preparadores incríveis. Theba Pitylla, meu amigo e passista Murilo Braga, o professor de dança Will Tequila. Quando você tem pessoas boas do seu lado, tudo dá certo, tudo flui melhor. Eu tinha uma certa dificuldade com a Comunicação porque eu sou muito tímida: esse quesito, para mim, foi um desafio enorme. Mas, eu volto a repetir, quando você tem pessoas boas te preparando, tudo fica mais leve e flui melhor”, destacou.

Letícia fez questão de frisar qual parte da preparação mais exigiu cuidado: “Foi uma preparação muito intensa. É preciso construir um corpo, uma dança e uma apresentação para alcançar esse resultado. Não foi fácil, foi um caminho longo. A parte mental foi muito desafiadora, mas a recompensa de todo o esforço veio”, revelou.

Recado de sambista

Por fim, André Luiz fez questão de frisar o que, para ele, é mais importante na maior festa cultural e popular do planeta: “O carnaval pode ter luxo e toda a influência das redes sociais, pode ter muitas coisas. Mas, para existir uma escola de samba, é preciso ter o ritmista, o artista da dança, o sambista no pé, a comunidade e a Velha Guarda para transmitir o legado. Para muitos, o carnaval acontece em fevereiro ou março. Para nós, que estamos lá todos os dias, o carnaval se faz em agosto, outubro, novembro. Somos nós que sambamos no pé, que tocamos os instrumentos, que cantamos o samba-enredo, que lotamos o Anhembi para sentir a energia das pessoas e ver a escola de samba levando o que é tradicional: o batuque, o canto e a dança”, finalizou.