Para o Carnaval de 2025, a Imperatriz Leopoldinense apresentará o enredo intitulado “Ómi Tútu ao Olúfon – Água fresca para o Senhor de Ifón”, elaborado pelo carnavalesco Leandro Vieira. O desfile contará a jornada de Oxalá ao reino de Oyó para visitar Xangô, enfatizando valores como humildade e respeito. A última vez que a Imperatriz abordou um orixá como tema central foi em 1979, com o enredo “Oxumaré, a Lenda do Arco-Íris”. Agora, quase cinco décadas depois, a escola resgata suas raízes afro-brasileiras, celebrando a rica mitologia iorubá.
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Os membros da comunidade da Imperatriz estão profundamente engajados nos preparativos, participando de ensaios técnicos e eventos na quadra da escola, situada em Ramos, Zona Norte do Rio de Janeiro. A expectativa é de um desfile marcante, que exaltará a cultura afro-brasileira e conquistará o público na Marquês de Sapucaí.
Em função dessa expectativa, o CARNAVALESCO entrevistou alguns integrantes para saber como se sentem após a escolha de um enredo amplamente solicitado e de grande representatividade.
“É de suma importância que a Imperatriz, após tantos anos, traga um enredo que aborda os orixás e a nossa afro-brasilidade, resgatando e trazendo essa cultura para o nosso contexto. A comunidade se sente representada e o território da Leopoldina, incluindo o Complexo do Alemão, Ramos e Bonsucesso, está cada vez mais próximo da escola. Enredos como esse aproximam a comunidade da escola, e creio que esse é também o objetivo da atual diretoria: reforçar essa relação”, disse Rene Silva, 31 anos, fundador do Voz das Comunidades e morador do Complexo do Alemão.
A componente Aretuza expressou entusiasmo ao relatar que a escola finalmente aborda um enredo afro que homenageia nossos ancestrais.
“A escola fala sobre o enredo afro da nossa ancestralidade, trazendo alegria ao abordar nossa diversidade e a cultura africana. Isso é fundamental, pois precisamos valorizar a cultura do povo africano e de nós, negros. Somos uma mistura rica. Nossa religião é linda, e estou muito feliz. Como assistente responsável pela ala das crianças, fico contente por vê-los representando algo que, por muito tempo, foi tratado com preconceito. Agora, eles estão mais felizes ainda!”, afirmou Aretuza, 46 anos, moradora do Complexo do Alemão.
Michel comenta sobre a importância do reconhecimento da mitologia africana, que antes era pouco conhecida.
“Estou adorando, porque o enredo não se limita a um orixá específico; ele abrange uma mitologia que poucas escolas estão explorando. Quando você pesquisa, começa a entender melhor a história de Oxalá, as funções de Exu, o que Xangô pode fazer ou não. A representatividade em relação a essa mitologia é muito relevante, pois muitos conhecem o Candomblé ou a Umbanda com foco em cada orixá individualmente. Eu, pelo menos, não tinha conhecimento desses mitos mais amplos. Para mim, isso é uma grande oportunidade de representatividade para todos os componentes da Imperatriz!”, disse Michel Teixeira, 26 anos.
Maiara, passista da escola, ressalta a importância desse enredo para a comunidade, considerando-o uma verdadeira aula de história que frequentemente permanece inaudita.
“É de extrema importância abordar um tema tão delicado e essencial para nossa cultura. A escola precisava desse enredo, e a comunidade sonhava com isso. Acredito que isso trouxe um novo ânimo, garra e força. A escola vive um momento incrível e ficamos arrepiados apenas ao ouvir o samba, ao compreendê-lo. Isso nos leva a querer saber mais, pois o carnaval tem essa capacidade de trazer culturas e nos ensinar sobre elas. Para mim, tem sido uma experiência impressionante, surreal e mágica. Não sigo a religião, mas tenho aprendido muito sobre a cultura afro e sua religiosidade. Para mim, tem sido um aprendizado incrível, especialmente após 18 anos como passista na escola!”, compartilhou Maiara Simões, 34 anos.
A Imperatriz Leopoldinense desfilará no domingo, 2 de março de 2025, sendo a segunda escola a se apresentar na Marquês de Sapucaí, com o desfile programado para ocorrer entre 23h20 e 23h30.