No gás final para o tão aguardado desfile das escolas de samba, em abril, a Beija-Flor retornou seus ensaios de rua, na noite do último sábado. Uma mudança simples de dia, que costumava ser aos domingos, fez a Avenida Mirandela encher de nilopolitanos fervorosos e dispostos a gritar o samba sem parar. Com uma harmonia invejável e uma evolução categórica, a azul e branca de Nilópolis parece ter a receita certa para tudo funcionar no grande dia. O ensaio não contou com a presença dos componentes da Comissão de frente e seu ponto alto foi o canto.

Diferente do que aconteceu nos últimos ensaios, dessa vez, a data apontava para um sábado. A previsão era de chuva e uma frente fria se aproximava. Mas, nem a natureza estragaria um dia de graça. As nuvens não vieram e a lua virou espectadora, em um céu estrelado, que testemunhou um ensaio digno da Deusa da Passarela. A Avenida Mirandela, palco de diversos ensaios de rua, aos domingos, estava lotada. Das varandas, os moradores gritavam em busca de serem notados pelos defensores de um pavilhão idolatrado. Era a Beija-Flor que passava de forma contagiante.

Não parecia só um ensaio de rua. Parecia uma escola de samba que estava se despedindo do povão para ir desfilar já no dia seguinte. Porém, o melhor é que o dia de hoje ainda tem mais algumas datas para se repetir. A mudança do dia funcionou porque era visível que tinha muito mais gente para aplaudir, pedir fotos com Claudinho e Selminha, gritar o nome da Raíssa e gravar stories dos passistas. Dudu Azevedo, diretor de carnaval, explicou a mudança para o sábado e já aprovou a nova data.

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“Muita gente começou a falar que, fazer os ensaios aos sábados, deixaria os domingos livres. Aqui, aos domingos, acontece uma feira e a gente só armava as grades depois dela. Fazendo sábado, logo cedo a estrutura já estava pronta. E acho que a gente acertou, porque ficou bem cheio… O nosso povo está aqui e fizemos um grande ensaio. Presenteamos a nossa população, que é apaixonada pela escola”, explicou.

Harmonia e Samba-Enredo

O canto dava pra se ouvir de longe. Era como se todo mundo tivesse disposto a gritar de forma minimamente afinada, que nem era a exigência quando Dudu Azevedo avisou aos componentes: “não quero ninguém cantando. Quero todos gritando o samba”. E assim foi feito do início ao fim. O canto não caiu e, se tem uma coisa que eles amam, é esse samba.

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Samba, que é devidamente coreografado. Todos sabem a hora de levantar um braço ou bater no pulso. Como quem tem feitiço na letra, é encantador a forma como os nilopolitanos tomaram o samba-enredo como hino da vida deles. E o público vai junto com o carro de som. A equipe de cantores não deixa nada a dever e entrega mais que o necessário para que o ensaio aconteça. Bem entrosados, o time ajuda a agitar a massa nilopolitana.

O público canta o tempo inteiro, com uma ressalva: eles só param de cantar para gritar a rainha e o casal.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

Casal que era só amor com a turma da grade. A população foi para rua, chamava e iam Claudinho e Selminha levarem a bandeira. Por todo lado eram aplausos e um assédio aconchegante, que mostra o quão ícones da escola eles são.

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Fotos de Allan Duffes/site CARNAVALESCO

“Lá no Sambódromo você tem o palco e tem que atender a algumas regras. Aqui, a gente tem que atender o carinho do nilopolitano. É lindo eles verem o patrimônio da cidade deles, que é a Beija-Flor, passando pertinho. Nem todo morador de Nilópolis desfila na escola, mas ama a Beija-Flor e seus artistas que fazem a diferença lá na Marquês de Sapucaí”, disse Selminha Sorriso.

Sobre a apresentação, nunca é qualquer coisa. Eles que apresentaram um pouco do levarão ao desfile, ainda prometem guardar surpresas, embora tudo o que eles fazem ainda parece ser uma surpresa. Falando no desfile, o de 2022 será o trigésimo em que dançam juntos, sendo 27 pela Beija-Flor.

Neste sábado de Mirandela cheia, Selminha era leveza. Quanto ao Claudinho, o que ele faz dançando parece tão sofisticado que não é uma questão para poucos, mas sim só para ele mesmo. É capaz de flutuar e pousar sem correr nenhum risco.

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Evolução

Risco zero é o que parece ser a evolução da escola. Ninguém parado, ensaio fluindo e ainda deu para terminar com bastante calma. A direção de harmonia era só sorrisos, assim como o diretor de carnaval, que comemorou a apresentação da noite.

“A gente vem fazendo os ensaios direto, às quintas-feiras. A quadra já dá uma visão de trabalho muito boa, mas claro que a rua é fundamental. O canto está muito forte, a evolução está alegre e solta. Temos quase certeza de que teremos o resultado desejado”, disse Dudu Azevedo.

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Outros destaques

Quem também brilhou nessa volta da Beija-Flor às ruas foram os passistas. Extasiados, eles faziam de tudo para levantar o público. É claro que conseguiram e ainda arrancavam calorosas reações da plateia. O grupo de rapazes que possuída pandeiros nas mãos, ainda arriscavam umas acrobacias. Mais um motivo para fotos e gritos de incentivo de todos os lados.

Agora, aparentemente a azul e branca de Nilópolis tem um novo dia para ensaiar e mil motivos para se encher de esperança para a apuração. Como carnaval só se resolve no desfile, o que precisa ficar para o torcedor é a expectativa e a confiança de que os filhos de Abrãao estão trabalhando forte por um final feliz.

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