cordas

No artigo especial de bateria, gostaria de abordar um campo musical bastante importante para um desfile de escola de samba; as cordas. Geralmente, a ala musical conta com cavaco e violão 7 cordas, a quantidade é definida pela própria agremiação. Existem outras variações no campo harmônico, como; acordeão, teclado, bandolim. Mas o artigo foca nos instrumentos obrigatórios citados acima, e com um questionamento: Como aproveitar a complexidade dos instrumentos de corda sem afetar o desempenho musical da escola?

Antes de aprofundar o tema é necessário entender qual é a real função deles. O cavaco, no caso do samba-enredo, tem a palhetada firme, que preenche as lacunas, o que contribui para a perfeita execução das notas. A utilização do violão 7 cordas é notada de uma outra maneira. O músico utiliza manejos diferentes do cavaco, como ligaduras por exemplo, que proporciona uma percepção musical característica do som emitido.

Claro que o papel das cordas dentro de um desfile de escola de samba não se resume pelas definições cima. A música possibilita execuções diversas de um mesmo acorde, e essas distinções podem ser notadas em trabalhos de agremiações diferentes. Podemos resumir isso em “arranjo”.

Nada mais é que um processo criativo dentro da execução, uma variação do que é pedido. As possibilidades são extensas, solinho, arpejo, acentuação atrasada etc. Inegável que, o estilo de arranjo define a característica de trabalho musical da ala.

Apresentados esses pontos, retomo o questionamento: Como aproveitar a complexidade dos instrumentos de corda sem afetar o desempenho musical da escola? Há uns anos, talvez, poderia se considerar a inatividade durante a execução da paradinha. Porém, como já conversado no artigo anterior, as baterias passaram por um processo de modernização e isso estendeu o tempo de execução das bossas, acompanhada por um nível de complexidade maior.

A ausência de notas musicais é um pesadelo para os intérpretes. Pra amenizar o problema, músicos começaram a tocar as notas nas acentuações das bossas, apenas nas notas fortes. Outros só acompanhavam trechos do surdo de marcação. Mas alguns criaram arranjos diferentes para as cordas, ou seja, saíram do papel de coadjuvante para também proporcionar informações.

São, de fato, duas visões diferentes. Pensando na responsabilidade, a atitude conservadora seja a que corre menos riscos, mas não significa que seja absoluta. Para ajudar na compreensão baseada em relatos de quem vive a rotina de músico. O Marcelo Lombardo, musicista e diretor musical, contribui com a defesa da subjetividade do profissional.

“Os instrumentos de cordas como centro harmônico da escola têm como objetivo: emoldurar o samba-enredo, jamais tirar o foco da letra e melodia do samba. As cordas atuam como fio condutor juntamente à bateria, compondo o quadro proposto. Os excessos causam distorções ao ouvinte, e a falta, uma pobreza musical. Enfim, o bom gosto do arranjo deve prevalecer sempre”.

Para exemplificar, trouxe dois exemplos que demonstram que o profissionalismo pode superar a incerteza do questionamento do artigo. No caso do último desfile do Salgueiro, o enredo irreverente contribuiu para uma postura mais livre dos músicos. Durante todo momento, seja ele na largada ou bossa, ou até mesmo na simples passagem da primeira estrofe, tinha uma informação criativa e ousada, tanto do cavaco quanto do violão. No caso da Dragões da Real não foi diferente. As cordas tiveram um papel importante para o impacto geral. Os músicos utilizaram diferentes maneiras de executar as demandas.

Obviamente o que define o “certo” e “errado” é a filosofia de trabalho da agremiação, mas o risco em que a ala corre ao apresentar elementos que não são necessariamente critério de julgamento, são vistos de forma positiva ao analisar o impacto ao espectador.

A única resposta incorreta seja definir um estilo como correto.

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