Por Will Ferreira e fotos de Fábio Martins

Nove vezes campeão do carnaval paulistano, o Camisa Verde e Branco fez o primeiro ensaio técnico da agremiação para o carnaval 2025 no último domingo no Anhembi. Com uma comissão de frente que chamou atenção e despertou curiosidade e uma cadência acentuada da “Furiosa”, a instituição da Barra Funda ficou atenta a quesitos na apresentação, mas conseguiu emocionar os presentes. Com o enredo “O Tempo Não Para! Cazuza – O Poeta Vive”, o Trevo fechará a sexta-feira de carnaval (28 de fevereiro), já na manhã do sábado (01 de março). O ensaio técnico foi encerrado com 56 minutos.

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Uma declaração forte foi dita à reportagem por João Victor Ferro, diretor de carnaval e vice-presidente da instituição: “Eu não consigo ver muita coisa porque eu venho com a comissão de frente e vou acertando a escola. Acredito que, daqui para frente, o tempo de desfile vai ser um pouco maior porque tem um pouco mais de componentes. A gente não consegue sentir muito a questão de timing, mas, do pouco que eu vi da cabeça da escola, a escola estava cantando legal, evoluindo legal. A gente tem uma comunicação onde eu pergunto se a escola está compacta, se a escola está cantando… e foi positivo. De verdade, fi o melhor ensaio técnico que eu fiz em seis anos de direção de carnaval. Acho que a escola vem bem, é lógico. É melhorar sempre, trabalhar sempre, fazer sempre melhor. Podem aguardar um grande Camisa Verde e Branco, um Camisa Verde e Branco imponente. E atenção na comissão de frente, que vai ser a cereja do nosso bolo”, prometeu.

Comissão de Frente

CamisaVerdeBranco et Comissao 1

Tal qual aconteceu no minidesfile, diversos jovens vestidos tal qual como se estivessem nos anos 1980 (com jeans, camisetas brancas, tênis e faixas no cabelo) estavam presentes. Além deles, um tripé – que aparentava ser um espaço público, como uma praça ou um parque. Na coreografia, havia claro destaque para um garoto de cabelos escuros cacheados – notadamente Agenor de Miranda Araújo Neto, popularmente conhecido como Cazuza, enredo da agremiação. Em dado momento, entretanto, há uma troca no componente que o interpreta: se o segmento começa com um Cazuza com menos idade, ele se transforma em um adolescente/adulto. Vale destacar que ambos desfilaram com uma camiseta escrito “prefiro Toddy ao tédio”, cunhada pela escritora Ledusha Spinardi. amiga do cantor, no livro “Risco no Disco”, publicado em 1981. Ao tomar conhecimento da frase, o artista criou uma camiseta com a frase, utilizando-a diversas vezes em aparições públicas. Vale comentar que os staff do quesito pediram, mais de uma vez, mais força na execução da coreografia.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

CamisaVerdeBranco et PrimeiroCasal 1

Estreando no Camisa, Everson Sena e Lyssandra Grooters demonstraram bom nível de entrosamento ao longo da passarela. Leves e aproveitando a cadência do samba, eles esbanjaram sorrisos e sentiram-se muito à vontade com o andamento mais abaixo, girando tranquilamente e mesclando muito bem cada giro com outros movimentos exigidos pelo regulamento.

Harmonia

Chamou atenção o fato da grande maioria dos componentes cantarem o samba. Uns mais e outros menos, naturalmente, mas a canção, visivelmente, caiu no gosto da comunidade. Dentre os setores que estavam cantando com mais afinco, destacam-se a ala que veio logo atrás do abre-alas, a ala das baianas e o último setor. Igor Vianna e os apois do intérprete da verde e branco conduziram bem o samba, com uma cadência diferente de muitas coirmãs – algo que exige muito preparo.

O carro de som, por sinal, emocionou muitos presentes desde o começo do esquenta, com um compilado de sambas reconhecido por sambistas do Brasil inteiro: o hino; “Convite Para Amar (Boa Noite São Paulo)”, samba-enredo de 1988; “Alô alô gente bamba” e “Verde que te quero verde”, antes de entrar em um arranjo especial iniciado com os acordes de “Pro Dia Nascer Feliz”, um trecho da música, o final do samba-enredo e a repetição, em diferentes tons vocais, do verso “Faz parte do meu show” – que abre a canção do Trevo para 2025. Também é importante destacar a entrada da “Furiosa” no samba, no verso “E parte do meu show”, após um repicar de repiniques na palavra “autorais” imediatamente anterior.

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Por sinal, mestre Jeyson Ferro, comandante da “Furiosa”, acredita que é possível deixar a execução ainda melhor: “O nosso ponto positivo é o que eu mais tenho medo: a sustentação da bateria. A nossa batida de caixa tem vindo um pouco mais para trás do andamento. E, como hoje, a gente não começou muito para frente, então ela se manteve. A parte negativa é que eu quero que o andamento esteja um pouco mais apra frente. Hoje foi legal, bacana, muito gostoso o suingado, o balanceado. Só que eu quero vinte centavos mais para frente, pra ficar mais dançante, mais empolgante”, comentou.

Evolução

O samba mais cadenciado possibilitou aos componentes sambar, brincar e interagir com as arquibancadas e com os desfilantes que estavam próximos – mas nunca sem sair do local reservado a ele na ala. Ao contrário de outras coirmãs, o Camisa não banalizou o uso de adornos de mão, dando ainda mais destaque para as alas que tinham tal artefato. Também vale destacar que, em determinados momentos, os componentes levantavam os braçose batiam palmas no instante em que o verso “a Barra Funda mostra sua cara”, criando uma dinâmica especial.

CamisaVerdeBranco et 10

João Victor aproveitou para relacionar o ensaio técnico com a situação política da agremiação, com movimentos de oposição fazendo barulho: “É mais gostoso! Sabe por quê? A galera tenta fazer contra, só que aquela galera que ficou anos dentro da escola, com todo o respeito da palavra, nunca fez nada. A entidade sabe disso, entendeu isso. Abraçou a nossa causa, abraçou a proposta. Vamos para cima do problema. Em 2023 foi igual e a escola subiu praticamente campeã”, relembrou.

Samba

Muito bem quisto pela comunidade do samba paulistano, o samba-enredo funcionou a contento e, como já dito, foi muito bem entoado por diversos componentes. Ajudou bastante, por sinal, o andamento mais abaixo executado pela “Furiosa”, em noite muito inspirada da bateria comandada por mestre Jeyson Ferro.

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O comandante dos ritmistas, por sinal, deu uma declaração curiosa à reportagem: “A gente torce pra que, às vezes, aconteça alguma coisinha para a gente ir corrigindo. Para mim, foi um ensaio bom. Porém, a gente precisa melhorar alguns pontos na bateria. Eu não consegui ver os demais setores da escola, mas a bateria é essa. A gente vai acertando aqui e ali até ficar boa e sem correções necessárias para, até chegar o dia 28 de fevereiro, a gente estar daquele jeito” comentou.

Outros Destaques

À frente da “Furiosa”, Sophia Ferro, rainha de bateria do Camisa Verde e Branco, brilhou com exclusividade.

Colaboraram Naomi Prado, Nabor Salvagnini, Lucas Sampaio e Gustavo Lima

Veja mais imagens do ensaio

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