A X-9 Paulistana desfilou neste domingo pelo Grupo de Acesso 1 de São Paulo no carnaval de 2025. A comissão de frente, que fez uma coreografia bem coordenada e de mensagem tocante, e o bom andamento da bateria foram destaques do desfile encerrado após 58 minutos. A comunidade da Zona Norte foi a sétima a se apresentar com o enredo “Clareou! Um novo dia sempre vai raiar”, assinado pelo carnavalesco Amauri Santos.
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Comissão de Frente
Coreografada por Pedro Vinícius, a comissão de frente da X-9 foi intitulada “‘Clareou’ me levanta e me inspira a recomeçar” e se apresentou ao longo de uma passagem do samba. A história do quesito conta que um homem, abatido por conta dos problemas sofridos na vida, após ouvir a música “Clareou” encontra motivação e coragem para dar a volta por cima e recomeçar.
É uma coreografia que sintetiza de forma simples e clara a proposta do enredo e cumpre com a ideia de abrir o desfile dentro da narrativa da escola. O protagonista, desiludido com as adversidades da vida, se vê diante de um componente atuando como uma fênix e circundado de outros representando povos indígenas e africanos, além de anjos. Percebe-se que ao notar a fênix, o homem procura compreender aquele ser, e em meio ao sofrimento, a ave vai até ele e o ajuda a se reerguer. Em dado momento da coreografia, os grupos dos demais componentes formam uma cruz que gira em 90 graus na Avenida, se virando para frente da pista, em um movimento sincronizado complexo. O quesito foi o principal destaque do desfile da escola.
Mestre-sala e Porta-bandeira
O primeiro casal da X-9, formado por Igor Sena e Julia Mary, se apresentou representando o “‘Deus é maior!’ – Com as borboletas, redescubro a beleza da Vida”. Em termos de dança, o casal cumpriu as obrigatoriedades do quesito com exatidão pelos módulos os quais passaram.
No primeiro módulo, após a execução de um movimento, o pavilhão da escola enroscou no costeiro da fantasia da porta-bandeira, só se soltando no momento de executar o movimento seguinte.
Enredo
O enredo da X-9 Paulistana é inspirado na música “Clareou”, composição de Serginho Meriti e Rodrigo Leite eternizada nas vozes de grandes cantores como Diogo Nogueira, Paula Lima e Xande de Pilares. A narrativa é protagonizada por um brasileiro comum, que pode ser a representação da situação de vida de muitas pessoas. Abatido pelas adversidades impostas pela vida, esse cidadão ouve a música “Clareou” e, inspirado por sua letra, vai atrás de meios para inspirar a superação de suas dificuldades. A pessoa busca nos ensinamentos dos povos originários e nos povos africanos a sabedoria necessária para conseguir vencer os obstáculos enfrentados. O final do desfile mostra que esse homem conseguiu alcançar a necessária superação, festejando a nova fase da vida em meio à celebração dos 50 anos da escola.
O começo do desfile da escola teve uma leitura fácil, sendo possível compreender os elementos do samba conforme as fantasias e o Abre-alas passaram. Mas a partir do segundo setor, as fantasias passaram a ter interpretações muito difíceis, com uma leitura comprometida pela nomenclatura que cada fantasia recebeu. Apenas os carros alegóricos seguiram com uma leitura clara, mas o conjunto visual do desfile não favoreceu a ampla compreensão do enredo.
Alegorias
A X-9 apresentou um conjunto alegórico formado por três carros. O Abre alas foi intitulado “Cuidar da raiz é saber dar valor ao tempo”, e representou os ensinamentos propagados pelos povos originários para superar os desafios impostos pela vida. O segundo carro, chamado “Resistência e atitude”, buscou ensinamentos através dos povos africanos. O último carro, chamado “O dia já clareou!”, representando o momento de redenção do protagonista do enredo.
As alegorias foram de fácil leitura e cumpriram seu papel na narrativa do tema proposto, mas o Abre-alas passou completamente apagado, além de uma falha de iluminação em canhões de luz posicionados à frente da terceira alegoria e problemas de acabamento por todos os três carros. Situações adversas preocupantes para a escola no quesito.
Fantasias
As fantasias da X-9 procuraram, em meio aos setores, se aproveitar da temática de busca por ensinamentos e caminhar da redenção para transmitir diversas mensagens motivacionais. No primeiro setor a leitura do enredo teve facilidade de compreensão, mas conforme as alas foram passando, interpretar o significado das fantasias foi se tornando gradualmente difícil. Sem a referência da nomenclatura das fantasias contida no roteiro, é questionável afirmar se o público foi capaz de entender as mensagens do enredo.
Harmonia
O canto pelas alas da X-9 Paulistana foi aquém do esperado, chamando atenção de forma preocupante por componentes em diferentes alas serem vistos sequer cantando o samba. A ala 11 foi um destaque positivo, cantando mais do que a média geral da escola. O desempenho do quesito requer atenção no momento da apuração das notas por conta da irregularidade.
Samba-enredo
A obra que conduziu o desfile da X-9 é assinada por Diogo Nogueira, Arlindinho Cruz, Inácio Rios, Igor Leal e André Diniz, e na Avenida o samba foi defendido pelos intérpretes Daniel Collete, Helber Medeiros e Royce do Cavaco.
A obra cumpriu sua parte no desfile narrando a proposta do enredo com fácil referência dentro da leitura das alegorias. A ala musical conduziu o samba bem, embalada pela vasta experiência de seus comandantes.
Evolução
A evolução pela Avenida foi constante em parte do cortejo, com a escola executando um bom recuo de bateria. Foram observadas, porém, algumas oscilações de andamento e problemas de compactação entre as alas, mas nada que comprometesse o fechar dos portões, ocorrido após 58 minutos de desfile. Entre as alas, porém, alguns componentes não evoluíram conforme o esperado, apenas caminhando pela pista e demonstrando falta de empolgação.
Outros destaques
A bateria “Pulsação Nota 1000” foi outro destaque positivo do desfile da escola. Os ritmistas cumpriram bem o papel de ditar o ritmo do samba com bossas criativas e bem-executadas. Chamou atenção também a presença do presidente e mestre Adamastor junto de mestre Keel à frente do quesito. A madrinha Valéria de Paula cumpriu a missão de levantar o público com entusiasmo e samba no pé.