Por Will Ferreira e fotos de Fábio Martins (Colaboraram Gustavo Lima, Lucas Sampaio, Naomi Prado e Nabor Salvagnini)
No terceiro e último ensaio técnico da agremiação no Anhembi antes do desfile oficial, o Rosas de Ouro trouxe novamente alguns dos principais trunfos da instituição para a avenida. Com destaque para a inventiva comissão de frente, que novamente mudou bastante de uma apresentação no Sambódromo para a outra, a Roseira exibiu o enredo “Rosas de Ouro em uma Grande Jogada”, que será o sexto a desfilar na sexta-feira de carnaval (28 de fevereiro), no Grupo Especial.
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Presente em todos os ensaios técnicos da temporada no Anhembi, o CARNAVALESCO traz a análise quesito a quesito da agremiação da Brasilândia, heptacampeã de direito do Grupo Especial do carnaval paulistano:
Comissão de Frente
Iniciando a apresentação, o segmento, novamente, despertou muita curiosidade em todos os presentes. Coreografada por Arthur Rozas, a indumentária de cada um deles, porém, mudou radicalmente. Se, na apresentação anterior, o quesito estava inspirado na série Round Six, agora a temática aparentava ser a própria história azul e rosa. Alguns componentes tinham camisas escritas “Azul 92” e “Rosa 90”, enquanto outros apresentavam as palavras “Rosas 83” em azul e “Rosas 92” em rosa no figurino. Cada um deles buscava papelões redondos e interagia com eles. Em outro momento, alguns bailarinos buscavam baús grudados no tripé (que seguia com o visual de uma máquina caça-níquel), posicionavam-os à frente do tripé e cheerleaders saíam do espaço. A curiosidade seguiu bastante em alta após o ensaio técnico em relação ao quesito.
Em relação às camisas dos componentes, vale destacar que todos eles indicam anos de títulos históricos do Rosas: em 1983, veio o primeiro título do Grupo Especial da Roseira com “Nostalgia; em 1990, “Até que enfim… ‘o Sábado'”, inaugurando um tricampeonato de fato que foi completado com o histórico “‘Non Ducor Duco’, qual é a minha cara?” de 1992 – samba mais lembrado pelo torcedor da agremiação.
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
Uilian Cesário e Isabel Casagrande, novamente, fizeram questão de vir com a fantasia utilizada no desfile de 2024, brindando os presentes com tal indumentária. Em relação ao figurino, a exceção foi o esplendor – ambos optaram por vir sem nada acima da cabeça. Cumprindo todas as obrigatoriedades, vale destacar o quanto Isabel se sente à vontade na Roseira (ela está desde 2016 na escola), distribuindo sorrisos instintivamente, e a flexibilidade de Uilian – algo que, em conjunto com sua altura privilegiada, torna-se um grande trunfo do quesito. É importante destacar, entretanto, que a escola não parou de evoluir para que o casal fizesse com mais liberdade a apresentação em alguns módulos, fazendo com que ambos, no final de cada exibição, estivesse com bem menos espaço do que quando iniciaram – nada, entretanto, que atrapalhasse a parte técnica da dupla.
Não foi, por sinal, o único casal de mestre-sala e porta-bandeira que veio fantasiado: o segundo também utilizava tal indumentária. Prova do quão abafado estava o início da noite paulistana foi o fato de Sandy Barboza, porta-bandeira da dupla, ter precisado de cuidados especiais após encerrar o ensaio técnico juntamente com o companheiro Paulo Henrique. As demais duplas também vieram fantasiadas para a exibição.
Uilian, após se reidratar depois do ensaio técnico, falou pela dupla com a reportagem: “Considerando esse último ensaio, eu consigo destacar a variação rítmica como um dos pontos positivos da nossa coreografia: ela consegue casar momentos da coreografia onde a gente acelera um pouquinho o passo e outros que a gente reduz um pouquinho, mas tentando trazer passos mais tradicionais do valsado. Essa mudança no manual dos julgadores acabou nos beneficiando, porque a gente respira um pouquinho mais. Nosso corpo acaba encontrando o equilíbrio no meio desse momento em que a gente acaba puxando muito – e tentando trazer um pouco mais de gás, um pouco mais de força. Foi um bom ensaio. O calor e a fantasia acabaram impactando um pouquinho, mas conseguimos chegar. Conseguimos trazer a coreografia para as quatro cabines e a gente sai muito satisfeito com o desfile”, destacou. Tal qual o companheiro, Isabel precisou de muita reidratação após a exibição, e a equipe preferiu conversar apenas com o mestre-sala para garantir uma pronta recuperação para a porta-bandeira.
Harmonia
O esquenta do Rosas é um dos mais famosos de São Paulo – e não foi diferente em tal ensaio. Em relação às músicas, entretanto, ele foi mais comprimido: pela ordem, o hino da escola foi cantado; a presidente Angelina Basílio novamente soltou um palavrão para inflamar a escola (e conseguiu) em um discurso; o famosíssimo samba exaltação “De Bem Com a Vida”; e um discurso de Osmar Costa, vice-presidente da instituição. Mostrando empolgação, a Bateria com Identidade, comandada por Mestre Rafa, soltou fumaças azuis e rosas em cada um dos recuos. E, como tem acontecido desde quando o samba-enredo foi escolhido, a agremiação da Brasilândia cantou bem o samba – em especial a partir das últimas três alas antes do terceiro carro alegórico. Também é importante pontuar que duas alas que normalmente não são das com canto tão alto assim (passistas e das crianças) estavam animadas. O grande ponto do quesito em questão é que não se observa mais a explosão constante que era vista por parte dos desfilantes. A derradeira apresentação, inegavelmente, teve uma queda no volume do canto da comunidade em relação ao apoteótico primeiro ensaio – o que não tira a sensação de que a escola fez mais do que o suficiente para tirar nota máxima em todos os módulos.
Dante Baptista, um dos diretores de Harmonia da agremiação, mostrou estar atento à mídia segmentada: “A gente aqui na direção da escola sai muito satisfeito com esse ciclo de ensaios. A gente tem melhorado muito na parte técnica. Ficamos muito atentos às críticas que recebemos nos dois primeiros ensaios e trabalhamos nas redes sociais e na quadra para acertar a nossa Harmonia para que as pessoas cantassem o samba da forma correta. Elas já cantavam muito, era só questão de acertar os detalhes. Isso é natural, é parte do trabalho em termos de evolução. Acho que o nosso ciclo de ensaios desse ano é bem melhor que o ciclo do ano passado. A gente tem um grande samba, que tem rendido bastante. Estamos fortes e unidos para dar uma respostas a nós mesmos”, comentou.
Ele também comentou sobre o que pensa em relação a resultado para 2025: “Esse pavilhão aqui tem sete estrelas em cima dele. O nosso componente nunca vai aceitar um carnaval em que ele somente volte para o Desfile das Campeãs. A gente vai trazer o nosso melhor conjunto alegórico de fantasias, o nosso melhor conjunto visual em anos. O nosso papel é o de compensar com uma grande evolução, com uma bateria que a gente já tem muito forte, com um casal que está dançando muito. A gente tem que brigar pelo título. A nossa cabeça é brigar pela taça. O que vai acontecer depende dos 36 jurados, mas a nossa mentalidade, a nossa busca, o nosso pensamento, é o de trabalhar pelo campeonato, comentou.
Evolução
Se o quesito Harmonia merece alguma ponderação, a Evolução da escola merece elogios. Em uma noite bastante abafada em São Paulo, a agremiação fez sua montagem em um final de tarde com Sol escaldante – e, mesmo assim, os componentes se movimentaram bastante e criaram ótimas imagens com adornos de mão. Com um samba-enredo bastante leve, os componentes também aproveitaram para brincar com a canção durante a apresentação.
Colaborando para empolgar os desfilantes, Rafael Oliveira, popularmente conhecido como mestre Rafa, gostou do trabalho dos ritmistas: “Graças a Deus, hoje foi o nosso melhor dia, o melhor ensaio que fizemos em relação ao ritmo. Conseguimos atingir todas as expectativas que tínhamos, entregamos um trabalho com excelência hoje. A execução das bossas foi melhor, a limpeza que fizemos se mostrou quase impecável hoje. Foi bem bacana. Se o carnaval fosse hoje, com certeza a gente tinha alcançado o nosso objetivo. Mantivemos tudo em relação ao último ensaio, só aumentamos a fileira de dez pra doze pessoas para compactar mais a bateria e fizemos tudo o que tinha que fazer. Talvez tenhamos mais uma coreografia que não fizemos ainda, vamos ensaiar. É coisa simples, mas vai ter”, prometeu o ritmista-mor azul e rosa.
Samba
No gosto do torcedor da Roseira desde quando foi escolhido, a canção, novamente, levou a Roseira a um ótimo nível de canto – e, mais do que isso, a música teve acompanhamento também nas arquibancadas. O carro de som, comandado por Carlos Junior, optou pelo foco na execução do samba, com menos cacos; já a Bateria com Identidade segue com muitas bossas e convenções – embora, é bem verdade, esteja com uma sustentação do samba-enredo melhor definida.
Outros Destaques
À frente da Bateria com Identidade, Ana Beatriz Godói, rainha da bateria da Roseira desde 2020.
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