Por Gabriella Souza
Prata da casa, o bailarino Leandro Azevedo foi uma das revelações da União da Ilha para 2019, o coreógrafo assumiu a comissão de frente de sua escola de coração e estreou com profissionalismo mostrando toda a seriedade de seu trabalho na performance. Para 2020, Leandro vem para amadurecer e evoluir seu trabalho, sem a pressão da estreia, como conta. Em conversa com o site CARNAVALESCO, ele conta dos desafios para 2020, do trabalho com Laíla, Fran Sérgio e Cahe, apoio que recebeu em sua estreia e ainda revela alguns segredos da apresentação de sua comissão de frente.
Relembrando sua estreia em 2019, Leandro conta do apoio que teve, de seu início na Ilha e da paixão de representar a sua escola de coração, que ressalta ter sido um desafio, já que representar a sua comunidade é complicado, mas claro que fiquei muito emocionado e conseguiu entregar um desfile incrível.
“Foi algo muito desejado, mais de sete anos que estou na escola fazendo um trabalho com alas coreografadas e direção artística. Eu sempre quis muito chegar até aqui, era realmente a minha meta e foi muito bacana porque o Djalma o doutor Ney acreditaram de verdade nisso, me falava sempre que minha hora ia chegar e me tranquilizavam, dizendo que estavam me preparando para que um dia eu pudesse assumir a comissão, e com essa união do Djalma e Ney veio a oportunidade. E foi incrível, era mais do que um trabalho, era a minha escola, ao mesmo tempo as pessoas falam que foi muito fácil, mas creio que foi mais difícil porque é a minha comunidade, eu andava na rua e as pessoas me paravam para perguntar como estava a comissão de frente”, declarou.
Leandro ressalta ainda a pressão da estreia e alguns contratempos que a escola passou no ano passado, mas que diz não ter abalado seu trabalho. Muito pelo contrário, fortaleceu a desenvolver algo muito maior para esse ano, que diz estar bem diferente de 2019.
“Foi um trabalho bem diferente do que estamos desenvolvendo esse ano, até porque a estreia tem todas aquelas questões, das pessoas que ainda não confiam no seu trabalho, ficam meio receosas. O meu projeto em 2019 veio de uma ideia que eu já tinha e fomos moldando para que acontecesse e no final realmente eu fiquei muito feliz com o resultado e acho que a Ilha conseguiu mostrar o recado que queria passar, tivemos alguns contratempos mas que foram de força maior, independente do meu trabalho, mas foi tudo muito bacana e fiquei bem feliz”, contou.
Para 2020 a comissão da Ilha virá com surpresas, homenagens e para emocionar a escola e o público, revela Leandro, que fala da relevância do enredo da Ilha em 2020 e do objetivo da apresentação que sua comissão fará.
“A gente tenta segurar ao máximo do que contar para não perder aquela surpresa, mas eu estou mesmo extremamente apaixonado com o samba desse ano, tudo o que eu faço eu adoro colocar algum ensinamento e que possa agregar tanto culturalmente. Há dois anos atrás quando eu comecei no Grupo de Acesso eu também trouxe uma proposta, uma mensagem contra a intolerância e realmente até hoje, infelizmente, a gente ainda aborda muito isso e várias pessoas se identificaram com esse tema, que é muito importante. O projeto esse ano está muito parecido, onde a gente vai conseguir levar uma mensagem, levar apoio e homenagear pessoas que, no nosso entendimento como escola, são importantes para a nossa sociedade”.
O coreógrafo completa ainda falando que às vezes esse enredo e o trabalho da Ilha pode ser interpretado de uma forma que o não é e esclarece a proposta que diz ser essencialmente de esperança.
“A ideia é conseguir mesmo mexer com as emoções e vamos trazer uma realidade. As pessoas sempre falam o ‘mas a Ilha vem com uma crítica?’ mas não vem criticar, mas mostrar uma realidade e levando algumas soluções para isso. Eu penso que é muito mais um pedido de esperança do que só criticar ou apontar o que está ruim. E nesse projeto estou sendo muito feliz, vamos vir na pegada de mostrar a realidade, a esperança e homenagear aqueles que merecem o seu devido respeito”, ressaltou.
Leandro conta ainda como está sendo trabalhar com o diretor de carnaval Laíla e que como estão desenvolvendo o trabalho juntando dos carnavalescos Fran Sérgio e Cahê Rodrigues.
“Quando o Laíla veio para a Ilha todo mundo falava que eu estava ‘ferrado’, que ele briga muito. No nosso primeiro encontro ele foi bem direto, me falou que não era coreógrafo nem dançarino e que me daria a liberdade para trabalhar porque quem era o especialista no assunto era eu. Me falou também que a comissão de carnaval iria dar suas opiniões mas que coreograficamente a responsabilidade era totalmente minha e me disse o quanto me respeita como profissional. E isso foi incrível, hoje com esse tempo de convivência que venho tendo com ele, o Fran e o Cahê, eu tenho sentido, principalmente, um respeito pelo profissional, não mais me vendo como o menino da Ilha que recebeu uma oportunidade dentro da escola, mas hoje eu sinto um respaldo para o meu trabalho e isso só me motiva, para que possa fazer jus a tudo isso e correr muito atrás. E está sendo um grande aprendizado, a gente sempre entra em diálogo sobre o trabalho e é tudo muito bem aberto, uma troca e não imposições, trabalhar assim é muito bom”.
O coreógrafo disse ainda esse ano desenvolvem um trabalho com uma linha bem diferente da do ano passado, em que a comissão virá com momentos marcantes e de emoção e não somente um ‘boom’ específico na apresentação. Serão quarenta e duas pessoas compondo o elenco em um total de três elencos. Leandro revela ainda o convite que fez para Kenia Maria, escritora, ativista dos direitos humanos, representante brasileira na ONU, embaixadora do programa ‘Criança Esperança’, é uma figura ativa na luta por amplas questões sociais.
“Esse ano estamos diferentes e criamos várias situações com momentos diferentes e seus destaques. Mas posso falar que serão três momentos principais, o da realidade, que sempre choca, o de esperança e a homenagem que a gente pretende fazer no final com a convidada mais que especial, uma pessoa incrível com uma história de vida linda em defesa do pobre, do negro, pela educação. Fiz um convite para a Kenia Maria. Existem personalidades brasileiras que são muito conhecidas ‘lá fora’ mas aqui no país não são de um conhecimento popular, eu pesquisando na internet sobre pessoas importantes que defendam as mulheres, as crianças, os negros, dos pobres e descobri a Kenia. Ela encaixa perfeitamente no nosso enredo e na proposta que a Ilha está trazendo, além de homenagearmos ela em si, representará uma personagem que também tem essa mesma história, que foi ter um reconhecimento grande ‘lá fora’ e hoje em dia está sendo reconhecida aqui no Brasil, e tudo combinou. Foi lindo, ela se emocionou bastante com o convite, o nosso primeiro encontro foi incrível e estamos planejando algo para emocionar”, finalizou.