De volta à cena carnavalesca após anos afastada, Andressa Urach foi oficialmente apresentada como musa da Unidos do Porto da Pedra para o Carnaval de 2026. A escola levará à Sapucaí o enredo “Das mais antigas da vida, o doce e amargo beijo da noite“, que percorre a história das profissionais do sexo e os estigmas, lutas e resistências dessa categoria. A volta de Andressa ao carnaval trouxe reflexões profundas. Ao falar sobre o convite, ela contou ao CARNAVALESCO que sentiu “uma imensa alegria” ao receber o chamado da escola. Disse que passou anos afastada da folia por vivências em ambientes religiosos que a colocaram diante de preconceitos e visões limitantes.
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“Foram experiências desafiadoras, mas que me fizeram amadurecer. Aprendi que a presença divina mora no coração e não em paredes”, afirmou.
Mesmo morando em São Paulo, Andressa revelou que já admirava a escola e aceitou o convite “na mesma hora”. Mudou-se para o Rio de Janeiro com a família e destacou a recepção carinhosa da comunidade.
“Meu filho está aqui comigo hoje e fomos acolhidos com muito amor”, disse. Sobre o enredo, ela explicou por que se identificou imediatamente com o tema. “A Porto da Pedra está dando visibilidade a mulheres reais. Mulheres que sustentam suas famílias, que cumprem seus deveres fiscais e que muitas vezes são invisíveis e desrespeitadas. É uma pauta de humanidade”, declarou.

Andressa reforçou que considera a abordagem da escola corajosa e necessária. Disse também que se vê representada pela força feminina contada pela escola.
“É uma profissão antiga e legítima, mas que ainda não tem a proteção legal adequada. Trazer isso para o carnaval é abrir espaço para políticas públicas e reconhecimento. “O enredo celebra a guerreira, a leoa, a tigresa que luta todos os dias. Eu tenho até uma tatuagem de tigre na barriga. Estou radiante. Este desfile será único e marcante”.

O carnavalesco Mauro Quintaes explicou os critérios que levaram à escolha de Andressa como musa. “Estávamos em busca de personalidades que representassem nosso enredo, e a Andressa é uma figura proeminente. Sua trajetória pública dialoga com a proposta e nos ajuda a ampliar a discussão. Vamos apresentar a história da prostituição ao longo do tempo, mas nosso objetivo central é a desconstrução de preconceitos”, disse.
Quintaes revelou que o desfile deve unir elementos políticos, homenagens à ativista Gabriela Leite e menções aos desafios contemporâneos da categoria. “Não fazemos apologia. Nosso foco é analisar como a sociedade enxerga essas mulheres”. Quando falamos sobre mulheres, incluímos mulheres transexuais e também homens que integram esse universo. É um projeto inclusivo e representativo de todas as categorias”.

Mauro se mostrou confiante no impacto do desfile e elogiou a entrega de Andressa ao projeto. “A presença dela fortalece a mensagem que queremos levar para a avenida. Caminhamos para um desfile sensível, forte e muito potente”, declarou.









