Por Gustavo Lima e fotos de Fábio Martins
Quarta agremiação a entrar na passarela, os Gaviões da Fiel levou o infinito para o Anhembi. O desfile foi marcado por uma comissão de frente criativa e um casal com bastante personalidade, visto que a porta-bandeira Carolline Barbosa assumiu o pavilhão faltando pouco tempo para o desfile oficial, perdendo boa parte do pré-carnaval. As alegorias explicaram o enredo de forma satisfatória, mas algumas partes mostraram falhas, além de a evolução ter acelerado consideravelmente no final. Do terceiro módulo para frente, os componentes tiveram que acelerar o passo para fechar o tempo em cima da hora e não estourar. Terminaram o desfile com 01h05. O enredo levado para o desfile é intitulado como “Vou te levar pro infinito”, dos carnavalescos Júlio Poloni, Rodrigo Meiners e Rhayner Pereira.
Comissão de frente
Comandada por Sérgio Cardoso, a ala desfilou com um tripé e teve como significado “Embarque infinito”. A coreografia tinha como todos os bailarinos com fantasia prateada brilhosa. Eles faziam uma dança robótica evoluindo na pista e em cima do tripé. Esse elemento alegórico era bem volumoso e era uma nave espacial no próprio espaço. Apareceu toda prateada em cima de um suporte preto e roxo.
Havia cabos onde em determinado ato da comissão de frente, os dançarinos se penduravam e davam salto para simular um breve voo. Toda essa complexidade, dá para concluir que a ala foi o destaque do desfile.
Mestre-sala e Porta-bandeira
O casal Wagner Lima e Carolline Barbosa, desfilou representando os “Gaviões nas Constelações”. A dupla mostrou sincronismo nos movimentos. A porta-bandeira não sentiu o peso de ter assumido o pavilhão da ‘Fiel Torcida’ já no decorrer do pré-carnaval e se sentiu à vontade. A jovem mostrou uma ótima personalidade. Vale destacar o Wagner, que é um mestre-sala daqueles ‘raízes’, que samba bastante nos atos.
Enredo
“Vou te levar pro infinito” é um enredo abstrato que a agremiação levou para mudar a sua estratégia de desfile e parar com enredos ‘densos’, à pedido da comunidade. Devido a isso, a frase que intitula o tema é derivada do histórico samba-enredo de 1995, que desperta ótimas memórias no componente da ‘Fiel Torcida’ até hoje.
Pelo que se viu no desfile, a agremiação quis tratar esse infinito de várias formas. No espaço sideral, em forma de crítica, na natureza, no carnaval e até na paixão pelo Corinthians. Isso tudo entendido principalmente nas alegorias.
Alegorias
O abre-alas simbolizou “A Grande Explosão e o Espaço Sideral”. Consistia uma alegoria na cor preta predominante e roxa, combinando com o elemento alegórico da comissão de frente. No carro, havia outros elementos, como figuras de planetas, só que alguns estavam mal acabados, tendo falta de pintura no isopor.
Tripés juntos foram levados. Animais como onça, arara, girafa, serpente e cavalo-marinho apareceram.
A segunda alegoria teve como título “Pro futuro renascer”. Era uma crítica, visto que tinha caveiras e pinturas de como se estivesse tudo acabado. Componentes representando ratos saíam das alegorias em alguns momentos. Talvez simbolizando sujeira ou ruínas.
O terceiro carro representou “No infinito carnaval”. Era uma alegoria toda vermelha e dourada com uma escultura de um arlequim no topo. Quis mostrar a felicidade do carnaval.
Por fim, encerrando o conjunto alegórico, o quarto carro foi intitulado “Eu Sou Fiel, Eu Sou Corinthians!” – trecho dos últimos versos do samba-enredo. Representou o amor corinthiano. Havia um gavião com movimentos no topo do carro. Vale ressaltar que a ave estava com o led defeituoso em um dos olhos. A alegoria ainda tinha esculturas pequenas prateadas de gaviões e um grande símbolo do Corinthians em forma de coração.
Juntando todas as alegorias, analisa-se que elas conseguem explicar bem o enredo. É o quesito que mais faz entende-lo. Porém houve algumas falhas de acabamento, como pinturas no abre-alas e led no olho do gavião do último carro são exemplos.
Fantasias
As fantasias da escola foram levadas para a avenida com leveza e permitiram o componente evoluir com tranquilidade. Entretanto, para o contexto do enredo, não havia tanto entendimento na maioria das vestimentas em relação ao tema.
Harmonia
O canto da escola foi linear. A comunidade entoou forte o refrão de cabeça. O “vai meu gavião” pegou bastante com os desfilantes. O defeito do canto apenas foi a primeira parte do samba. Após, ocorreu de forma fluida.
Samba-enredo
O intérprete Ernesto Teixeira conduziu perfeitamente o samba-enredo. Impressionante como o longevo cantor incorpora e vira um dos destaques em desfiles oficiais. Consegue colocar a arquibancada abaixo como ninguém. A ala musical, liderada pelo diretor Rafa do Cavaco é algo à parte. Os acordes feitos potencializaram o samba-enredo no desfile.
Evolução
Os componentes evoluíram soltos no desfile e as fileiras estavam compactas. Por estratégia da equipe de harmonia, quando a bateria estava no recuo, a escola parou por um tempo, sendo aproximadamente dois ou três minutos. Também, por algum motivo, os componentes aceleraram o passo do terceiro módulo para frente. Tal fato deve ter sido pelo tempo fechado, que foi em cima. 01h05 cravado.
Outros destaques
A bateria, regida por mestre Ciro, desfilou simbolizando os “Cientistas”. A batucada executou bossas estratégicas e optou por marcar o samba. As baianas tiveram como fantasia os “Encantos da Imensidão”.
A rainha de bateria, Sabrina Sato, como sempre arrasa multidões e leva o público à loucura por onde passa. A artista, que já está há muito tempo à frente da “Ritimão”, foi à passarela com a fantasia “Ciência do Infinito”.