Segunda escola a se apresentar na terceira noite de minidesfiles pelo Dia Nacional do Samba, a Vila Isabel mostrou que irá ao Carnaval 2026 para disputar o título, que não conquista desde 2013. A Azul e Branca fez uma apresentação histórica e única. Apoteótica e arrebatadora. De todos os sons já entoados na pista da Cidade do Samba, ninguém jamais se apresentou como a Vila fez neste 30 de novembro. A dança hipnotizante do primeiro casal foi um dos tantos pontos altos de uma apresentação para a eternidade. A atuação dos componentes também precisa ser destacada como fundamental para arrepiar o espectador. A escola do Boulevard 28 de Setembro será a segunda a desfilar na terça-feira de carnaval, com o enredo “Macumbembê, Samborembá: Sonhei que um Sambista Sonhou a África”, desenvolvido pelos carnavalescos Gabriel Haddad e Leonardo Bora.
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Sacode. Botou para quebrar. Amassou. Passou o trator. Assim pode ser definida a épica apresentação da Vila Isabel neste domingo, na Cidade do Samba. Foi como um reencontro: primeiro da Vila com ela mesma, com suas raízes e seu povo. Que a Vila Isabel é uma escola que sabe se apresentar, todo mundo já está acostumado. Possui grande capacidade de levantar o público. Com Tinga no comando do carro de som é bem fácil levar o povo com ela. Nesta noite, a escola de Noel foi além do seu costume. A Vila voltou depois de dois anos de passagens sem brilho pelo carnaval. O oitavo lugar no último desfile ficou de lado, e a escola mostrou uma repaginação tão notória que se viu uma apresentação para entrar na história do evento e dos pré-carnavais. A condução magistral do grande samba, o canto superpotente e uma evolução de levar o povo junto com a escola colocaram a escola em estado de graça. Uma pena que a grade existia para impedir as pessoas de serem arrastadas pela energia contagiante.
COMISSÃO DE FRENTE

O quesito coreografado por Alex Neoral e Marcio Jahú trouxe uma construção simples, mas de muito bom gosto e excelente montagem. Em resumo, dança afro com componentes de vestes brancas. Com muita sutileza, as mulheres deixam os homens no centro da apresentação e se dirigem ao tripé para fazer a troca de figurino. Assim, transformam-se em Oxum. Em vez de carregarem espelhos em uma das mãos, o acessório estava no rosto, cobrindo as componentes. Em uma das mãos, havia uma armação de espelho vazada.
Quando as componentes-Oxum chegavam ao centro da apresentação, os homens saiam até o tripé e mudavam o figurino. De vestes brancas, passaram a ser Xangôs. Em seguida, foram ao centro para dançar com as demais componentes.
Apresentação formidável, levemente prejudicada pela coroa de um dos Xangôs, que caiu da cabeça assim que chegaram para compor a apresentação.
Vale lembrar também da excelência do elemento cenográfico da comissão de frente, que trazia a coroa, símbolo da escola. De muito bom gosto, estava decorada com obras de Heitor dos Prazeres, enredo de 2026.
MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA

Em estado de graça, Raphael Rodrigues e Dandara Ventapane deram um show de tirar o fôlego. Absolutamente fantásticos, mostraram uma coreografia fascinante, a sedução para prender a atenção à dança do casal. Os últimos versos do samba proporcionaram o ponto alto da apresentação.
SAMBA-ENREDO

Nascido consagrado e franco candidato ao prêmio de melhor samba do Carnaval 2026, a obra composta por André Diniz, Evandro Bocão e Arlindinho conquistou o mundo do samba e proporciona sempre um cortejo que não se quer que acabe. O show da Vila Isabel é metade o samba. E o samba é um show à parte.
Muito responsável pelo sacode, Tinga conduz mais uma obra-prima com perfeição, na companhia de seu brilhante carro de som.
Os trechos mais cantados são a última estrofe, “de todos os tons…”, e “ê quilombo, é a Pedra do Sal…”, além do refrão, que é sucesso absoluto cantado a plenos pulmões.

HARMONIA
A Vila sempre foi de cantar, mas cantar um sambaço é diferente. Todos os componentes que passaram gritaram o samba em perfeita harmonia com o carro de som e o público. Uma exibição de gala das alas da escola.
EVOLUÇÃO

A Vila balançou a Cidade do Samba. Tinha coreografia, tinham alas brincando, movimento e uma coesão da primeira à última ala que não se vê todo dia. Poucos componentes, limitados pela regra do evento, mas alas compactadas. Uma passagem primorosa.
OUTROS DESTAQUES
A musicalidade da Vila Isabel também foi um dos tantos pontos altos do amasso praticado pela escola. Isso passa pela monumental bateria do mestre Macaco Branco e pela grande ideia de colocar os ritmistas para abrir o desfile, decisão fundamental para o clima instaurado durante o desfile na Cidade do Samba.

Sabrina Sato, à frente da bateria, é muito rainha. Sempre com figurino caprichado, ela investiu nas plumas e esbanjou a simpatia de sempre.
A Vila Isabel sabe o que quer para 2026 e ainda se dá ao luxo de arrebatar os sambistas com seu costume de dar show quando passa. O terceiro dia de desfile pelo Dia Nacional do Samba deve ser sempre lembrado por causa do Povo de Noel e ilustrado em azul e branco.










