A sexta escola a entrar na pista do Sambódromo do Anhembi neste domingo foi a Colorado do Brás cantando “A Ópera de Um Pierrot”. Os destaques ficam para conjunto estético, alegorias e fantasias foram pontos a serem destacados pelo acabamento e contexto no enredo. Outro ponto foi a organização da escola, a escola não teve nenhum erro evidente em sua apresentação.

Comissão de Frente

A comissão coreografada por Paula Gasparini chamada ‘A Ópera de um Pierrot Apaixonado’, vestidos de vermelho, rosto pintado de branco, no melhor estilo Pierrot. Já iniciou bem dentro do enredo que a escola desenvolveu que é mostrar sentimento do Pierrot, seja, feliz, triste, e assim era a apresentação da comissão momentos de um casal de personagens, que eram os principais, por vezes estavam tristes, depois saiam dançando e no fim sempre alegres. Esses dois personagens principais apresentavam uma circense com ballet, bem entrosados. Um personagem fantasiado levava o elemento e na hora do jurado fazia referência. Na hora dos bailada salão faziam duplas e bailavam. Destaque para a atriz principal que fazia caras e bocas em diversos atos. O ator principal que fazia parceria com ela, sempre lhe guiando, entrosamento da dupla foi muito bom.

Mestre-sala e Porta-bandeira

O casal Brunno Mathias e Jéssica Veríssimo vieram de ‘A Nobreza real’ e uma fantasia bem feita, vermelho com branco para o mestre e detalhes em ouro em várias partes que brilhavam ambos, destaque para a coroa em ambos. Com um belo bailada apresentaram o pavilhão no primeiro módulo, presença de pista grande, sincronismo nos passos de um lado para o outro da pista, o que fazia o público dos dois lados interagir. No segundo módulo mantiveram o nível, as expressões e sorriso da porta bandeira, foram destaques. Outro ponto era depois que passavam pela cabine, mas ainda no campo de visão, viravam e faziam reverência, para os jurados. Foi uma apresentação de sincronismo e conexão nos dois módulos.

Harmonia

Deu para notar que neste quesito a escola evoluiu bastante, melhorou em questão de canto, entrosamento com o samba, e a animação de componentes. Tem alas que realmente cantam menos no terceiro setor, algumas alas coreografadas principalmente. Mas de modo geral, a agremiação tinha o samba na ponta da língua e passou com muita tranquilidade. A escola soube distribuir bem as alas para não ficar um setor cantando mais e outra menos, portanto teve um bom desempenho no quesito.

Enredo

O Pierrot não é uma novidade no carnaval, sempre contado em diversas formas, mas a Colorado trouxe um aspecto diferente desta vez, buscando trazer emoções em geral, tristeza, alegria, qualquer sentimento que possa ser transmitido. Mas que no fim, seja tudo alegria, como será o final, que vocês verão no espaço de alegorias. Na pista foi muito bem construído toda a história através de suas fantasias com clara representação e melhor ainda nas alegorias que eram diretas no que foi proposto.

Evolução

A evolução da Colorado do Brás foi muito bem ajustada durante todo o percurso da escola, deu para ver a organização, foram 56 minutos de apresentação. Um detalhe é que a escola não tem muitos componentes, portanto teve que ir ao fim em um ritmo mais desacelerado, nada que prejudicasse a evolução compacta e dentro do nível exigido.

Samba-enredo

Um dos grandes destaques é o samba-enredo da Colorado do Brás, muito bem interpretado por Léo do Cavaco, levanta o astral de qualquer pista, e foi assim no Anhembi nesta noite. Destaco a parte “Mas tanta gente. Vem pra atrasar meu lado. Tem um capitão danado com o coração ruim. Um velho rico chamado pantaleão. E um alegre e brincalhão. O esperto arlequim”, que encaixa no primeiro setor da escola que contarei a seguir em fantasias. O samba caiu na boca da comunidade, e era muito contextualizado, além das fantasias já citadas, também nas alegorias, comissão de frente, ou seja, tudo era conectado, uma junção importante.

Fantasias

Nas fantasias, uma passagem rica pela história de Pierrot, alas de Arlequim, Pantaleão, Colombiana, Capitão, muitos citados inclusive no samba-enredo, o que é muito interativo e claro, isso logo no primeiro setor. Depois no segundo setor vimos baianas como ‘Pierrot Lunar’, e uma passada no carnaval, teve Carnaval de Veneza, bloco de carnaval, amor de carnaval, baile de máscaras, e outras representações. Um único problema foi na ala onde um rosto que era espécie de capacete estava um pouco tombada para o lado, a escola em questão esteve na frente da bateria logo após a saída da mesma do recuo. No mais, no quesito foi muito interativo, simples de compreensão e claro nas referências que trouxeram neste desfile.

Alegorias

Foram três alegorias apresentadas pela Colorado do Brás, primeiramente tivemos o abre-alas com ‘O Reino Medieval’. Uma alegoria com duas partes, representando um dragão vermelho, um castelo muito bem-acabado. Na segunda parte, Torres, brasões e máscaras, representava muito o contexto do enredo.

Na segunda alegoria tivemos ‘A comeddia dell’arte’, que é uma forma de teatro popular do século XV, surgiu na Itália, mas depois na França. Com um palco na frente, e escultura de mulheres sentadas com máscara no rosto. Nas laterais espécies de palco teatralizados por personagens, cada um com seu jeito, trazendo um contexto importante para a alegoria e o desfile.

Por fim, tivemos o ‘Baile de Carnaval’ representando e fechando o desfile da escola, a escola usa a ideia para unir a paixão pelo carnaval, pela Colorado e personalidades, assim, encerrando com uma grande confraternização do samba. Velha guarda e crianças marcaram presença. As crianças jogavam confetes e era uma interação enorme entre elas, afinal, é tudo que gostam, liberdade para brincar.

Outro destaques

A bateria Ritmo Responsa comandada pelo Mestre Allan Meire paradinha com nove minutos, bossas foram realizadas logo na entrada da pista, foi bom para sentir a harmonia da escola que inclusive fluiu bem. De modo geral, a bateria fez uma apresentação dentro do gostoso samba, assim sustentando um dos pontos altos que era essa melodia da Colorado.

A primeira rainha trans, Camila Prins, sempre é um show à parte, sua representatividade e carisma, elevam a Ritmo Responsa, muita gente do público reverencia ela. Importante demais tudo que tem conquistado, o carnaval agradece.