A Camisa 12 realizou em sua quadra, na noite do último sábado, o lançamento do samba-enredo para o Carnaval 2026 e apresentou as fantasias que estarão na avenida no desfile oficial. O evento começou com a tradicional feijoada no almoço e contou com diversas atrações musicais até chegar o momento de a agremiação executar o seu show e revelar suas fantasias. Para encerrar a festa, a coirmã Império de Casa Verde foi a convidada especial. A escola alvinegra do Belenzinho retorna ao Grupo de Acesso 1 após um longo período desfilando na terceira prateleira do Carnaval paulistano. O clima de emoção e ânimo tomou conta do terreiro da “12”, sobretudo na despedida do samba-enredo de 2025, que garantiu a segunda colocação no Acesso 2 e, consequentemente, a vaga no grupo de cima. A Camisa 12 será a primeira escola a desfilar no domingo de Carnaval com o enredo “Princesas Nagô, Rainhas do Brasil — A Origem da Fé, Herança de Ketu”, assinado pelo carnavalesco Delmo Moraes.

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Fotos: Gustavo Lima/CARNAVALESCO

Modelo que vem dando certo

A dupla de intérpretes Tim Cardoso e Clóvis Pê teceu elogios à obra da Camisa 12. O paulistano da dupla opinou que o samba é um dos melhores do carnaval. “Assim como o samba de 2025, este também é um dos grandes sambas do carnaval, podendo estar na primeira prateleira. Acho que está em um nível muito alto, até superior ao do ano passado. No meu gosto pessoal, gostei mais deste samba do que do anterior. Pode esperar: é um samba muito bom, bonito, valente. Vamos para a avenida lutar até o fim”, disse.

Em uma análise técnica, Clóvis Pê exaltou a gravação realizada e destacou a sintonia da dupla. “Fizemos uma gravação fantástica. Temos uma parceria muito forte, muito boa. Procuramos sempre ajudar um ao outro para fazermos o melhor. A nossa ala musical sempre funciona nesse contexto. O Nilber André é um cara que trabalha bastante, se entrega muito. Temos tudo para fazer mais um grande carnaval, como no ano passado. Quem sabe até a Camisa 12 consiga gravar o especial”, afirmou.

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Tim Cardoso detalhou como funciona o processo de composição de um samba-enredo encomendado. De acordo com o cantor, os compositores atenderam novamente à vontade da escola. “A maioria dos sambas de encomenda funciona desta maneira: existe um grupo de compositores que escreve, manda para a gente, e então vemos se está adequado ao que a escola precisa, melodia, refrão, possíveis ajustes. Graças a Deus, temos uma ótima parceria com os compositores deste ano, que fizeram 2025 também. Eles entendem a nossa vontade e vão fazendo tudo aos poucos, do jeito que pedimos. O resultado ficou muito bom”, declarou.

Seguindo a linha do parceiro, Clóvis Pê afirmou que a metodologia adotada pela escola tem dado certo e deve ser mantida. “No caso da nossa ala musical, eu e o Tim fazemos os acertos finais da música. O enredo é desenvolvido junto com o carnavalesco, e vamos ajustando as palavras mais adequadas para termos um grande samba e, assim, um grande trabalho. Já faz bastante tempo que a Camisa 12 trabalha dessa forma, e tem dado certo, tem dado resultado. Isso é o mais importante: que seja sempre bom para a escola”, completou.

Foco na sinopse e fantasias diferentes

O carnavalesco Delmo Moraes, que caminha para o seu segundo ano na agremiação, explicou como funciona a sua participação no processo do samba-enredo. Segundo ele, o trabalho se restringe basicamente à sinopse.

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“Eu passo a sinopse para os compositores, e eles vão criando e me perguntando o que é mais interessante. Algumas coisas eu direciono, outras eles já têm o fio da meada e sabem como gostamos do samba. E esse samba ficou espetacular. Ele já está na boca da comunidade. Lançamos de ontem para hoje porque não queríamos que vazasse antes — e, por isso, o pessoal abraçou tão rápido”, declarou.

A Camisa 12 levará um enredo afro para a avenida e as fantasias apresentadas são coloridas. O artista contou que a ideia partiu de um conjunto, e será assim também nos carros alegóricos.

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“As fantasias são bonitas, volumosas, e vão preencher bem a avenida, trazendo um colorido bacana. O fato de a escola ser preta e branca não significa que precisamos usar só essas cores. Viremos no colorido! Essa concepção é minha, do Demis e do presidente. Trabalhamos muito juntos, dividimos bastante ideias. Nos carros alegóricos, podem esperar muitas novidades também”, explicou.

Trilogia de enredos bem realizados

O diretor de carnaval, Demis Roberto, elogiou o samba-enredo feito pelos compositores e também deu os seus prognósticos para 2026.

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“Esse samba foi muito desejado por nós. Tínhamos várias linhas de trabalho, e aí os compositores Rafa do Cavaco, Turko, Maradona, Silas, além de dois meninos do Rio que também participaram, mandaram algumas propostas. No fim, seguimos essa, e acreditamos que fomos felizes na escolha. É claro que respeitamos todas as coirmãs, mas sabemos que podemos fazer um grande trabalho — e é isso que vamos buscar. Preparamos as fantasias com muito cuidado. Esse grupo é muito difícil: são oito escolas, duas sobem e duas caem. Não existe gordura. Então temos que fazer um Carnaval muito acima das nossas próprias possibilidades para nos mantermos numa posição intermediária. Vamos fazer de tudo. Sabemos que abrir o Carnaval é muito difícil, mas vamos pra cima — e, se vacilarem, a gente aproveita”, declarou.

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O dirigente também comentou sobre a trilogia de enredos afro, que iniciou em 2024 com Chico Rei, passou por Xangô em 2025 e, no próximo Carnaval, terá como destaque as três princesas nagôs.

“Estamos trazendo Iyá Kalá, Iyá Detá e Iyá Nassô. Não é uma homenagem às casas de axé, mas sim à ancestralidade, às três princesas nagôs. Sempre ressaltamos que o samba e o enredo precisam deixar um legado, e se vocês observarem, começamos com Chico Rei em 2024, depois Xangô neste ano e agora chegou o nosso samba para 2026, para fechar a trilogia”, destacou.

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Por fim, Demis comentou sobre sua participação no processo de escolha do samba. “Não sou compositor, mas sou palpiteiro. O diretor de carnaval participa, mesmo quando o samba não é encomendado. Ele sempre participa da escolha. É normal, faz parte da arte do nosso ofício”, concluiu.

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