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Com samba e casal como destaques, Gaviões da Fiel fazem ensaio contagiante que o carnaval de São Paulo esperava

Com um dos samba mais elogiados da safra paulistana em 2025, Torcida Que Samba teve sensível melhora na Harmonia no último ensaio técnico

Por Will Ferreira e fotos de Fábio Martins (Colaboraram Lucas Sampaio, Gustavo Lima, Naomi Prado e Nabor Salvagnini)

Os Gaviões da Fiel surpreenderam na escolha do enredo “Irin Ajó Emi Ojisé – A Viagem do Espírito Mensageiro”: pela primeira vez, a agremiação faria um desfile com temática afro. A escolha do samba-enredo também foi marcante, com a instituição elegendo o que era, para muitos, a melhor canção da safra. Nas apresentações fora de quadras (no minidesfile e nos dois primeiros ensaios técnicos), entretanto, a sensação é de que a obra ainda não tinha alcançado o teto do potencial que possui. Na terceira ida ao Anhembi, realizada neste sábado (15 de fevereiro), enfim a verve dos Gaviões se fez presente, com um samba na boca dos componentes, uma Harmonia competentíssima e quesitos fortes. No desfile, a Torcida Que Samba será a quarta a desfilar no sábado de carnaval (01 de março).

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Sempre acompanhando tudo que envolve as escolas de samba, o CARNAVALESCO acompanhou o último ensaio técnico dos Gaviões da Fiel no Anhembi e analisou, quesito a quesito, a apresentação:

Comissão de Frente

GavioesDaFiel et Comissao 2

Os coreografados por Helena Figueira avançaram um pouco mais na apresentação da coreografia para o desfile. Apenas um integrante, postado em cima de um baobá em um tripe alegórico, não tem grande ligação aparente com os demais. Na base de tal elemento, ficam, sempre, ao menos dois integrantes da comissão de frente. A grande maioria, por consequência, apenas sobe no tripé em uma parte determinada da dança, ficando muito no chão – e executando uma dança bastante expressiva na passarela. Dos que ficam quase que o tempo inteiro tocando o asfalto, destaque para dois integrantes: um que recebe uma vassoura (que aparenta ser um cetro) e outro que vai à frente dos demais em diversos momentos da apresentação. Vale destacar, também, que o local em que as peças que aparentemente representam as máscaras africanas que norteiam o enredo não trouxeram problemas para se desencaixar – algo que foi visto em determinados momentos dos primeiros ensaios técnicos.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

A dupla formada por Wagner Lima e Carolline Barbosa foi mais uma a vir inteiramente nas cores da agremiação: enquanto o mestre-sala estava majoritariamente de preto, a porta-bandeira tinha uma indumentária repleta de branco com detalhes mais escuros. Wagner, como de praxe, executou passos de samba extremamente rápidos, com pulos inclusos e a já tradicional segurada no terno. Carol acompanhou o ritmo alucinante do companheiro, girando bastante e de maneira bastante célere. O sincronismo entre ambos também está afiado, como a pouca distância entre o pavilhão e o mestre-sala (sem se tocar em momento algum) reflete. A apresentação no segundo módulo, em especial, certamente está entre os melhores de todos os casais de mestre-sala e porta-bandeira do ciclo.

GavioesDaFiel et PrimeiroCasal 2

Cientes do bom desempenho na pista, a dupla aproveitou para falar sobre outros temas pertinentes aos Gaviões: “Foi bom ver toda a comunidade cantando, conseguindo conectar com a nossa coreografia e acertar os últimos pontos, foi muito bom. O Sol ficou no último domingo, hoje conseguimos melhorar os nossos posicionamentos de entradas e saídas do jurado”, destacou Carol. Wagner relembrou que o sábado também teve um compromisso anterior para a Torcida Que Samba: “Hoje, como o jogo do Corinthians foi antes, a galera conseguiu ver todo mundo, com a pista seca. O horário, o sábado de tempo agradável também. Foi só arrumar detalhes, algumas coisinhas, mas conseguimos sentir mais o chão da escola. A escola cantou legal, sentimos a arquibancada junto com a gente cantando o samba. Hoje foi mais para conhecer o Anhembi. Falamos em outro dia que o Anhembi vai mudando, e hoje você já vê a cor dos camarotes, eles mais arrumados, você vê onde abre para os jurados, vê o posicionamento. Começamos a nos achar mais no último ensaio por conta do Anhembi estar mais arrumado e a comunidade estar mais em peso, isso ajuda bastante”, detalhou Wagner

Harmonia

Os Gaviões da Fiel, novamente, usaram e abusaram da própria história para empolgar os componentes desde a Concentração. Com clássicos como “As Cinco Deusas Encantadas na Corte do Rei Gavião” (2003), “A Saliva do Santo e o Veneno da Serpente” (1994, reeditado em 2019), “Coisa Boa é Para Sempre” (1995) e os indefectíveis Hino do Corinthians e Hino da Resistência, a ala musical dos Gaviões, comandada por Rafael Malva, popularmente conhecido como Rafa do Cavaco, executou uma nova introdução para o samba-enredo, com início apenas nas cordas e com Ernesto Teixeira chamando a escola enquanto o restante carro de som entoa um canto de lamento e emenda no refrão de cabeça do samba-enredo – muito bem ensaiada, por sinal. A emoção foi tanta que todos os ritmistas deixaram os instrumentos no chão e se abraçaram. E a escola, enfim, teve o desempenho que se esperava com um samba-enredo tão elogiado: o canto foi bastante forte e quase que inteiramente uniforme. A já citada ala 10, Máscara Bamileque, teve um salto no canto bastante perceptível – muito embora ainda não esteja no nível da ala 12, Máscara Kwele, por exemplo – por sinal, uma das que apresenta o canto mais forte em toda a agremiação.

Ernesto Teixeira, intérprete da escola desde 1985 e eternamente a Voz da Fiel, teve a mesma visão: “Mais um um ensaio técnico, a gente vem crescendo bastante. Acho que hoje aqui foi o ápice. Já praticamente todos os componentes, tudo ‘cronometradinho’, o povo cantando o samba. Agora é esperar o dia do desfile principal com a fantasia e com os cargos alegóricos. Mas pelo que a gente viu aqui, os Gaviões estão bem organizados”, resumiu.

GavioesDaFiel et InterpreteErnestoTeixeira 1

Alexander dos Santos refletiu sobre todo o ciclo carnavalesco: “Eu acho que o maior orgulho é o crescimento do trabalho. Nós pegamos um tema novo, um samba novo, um samba diferente, um samba gostoso, que você ouve que não enjoa. A comunidade foi abraçando e o trabalho foi crescendo. Nós pegamos horários diferentes, teve chuva no primeiro ensaio técnico, Sol de mais de 30°C no segundo. Eu acho que o trabalho cresceu com o passar do tempo e acho que terminamos com o melhor ensaio técnico que fizemos dos três. Eu acho que a escola está muito bem-preparada hoje, o contingente foi muito grande. Acho que chegamos muito fortes e preparados para brigar. No dia, tudo pode acontecer dentro da pista, nós sabemos, estamos no carnaval há algum tempo, mas nós chegamos muito confiantes no trabalho que fizemos nessa jornada”, comentou.

Mestre Ciro Castilho, comandante da Ritimão, bateria da escola, também gostou do que viu: “Eu avalio como muito positivo hoje. Viemos com aquela energia, o astral talvez que estava faltando. A gente avalia como muito positivo hoje”, sintetizou.

Evolução

GavioesDaFiel et AlaDasCriancas

Cobrava-se um canto mais uniforme dos Gaviões e ele apareceu no último ensaio técnico da Torcida Que Samba. A Evolução, que nunca foi um grande problema para a agremiação no ciclo, melhorou ainda mais na apresentação. A reportagem notou que os desfilantes, com a autoestima elevada por sentirem que o samba estava funcionando, brincaram ainda mais na avenida – além, é claro, de fazer movimentos predeterminados e movimentar muito os adornos que cada ala levava.

Samba

O canto forte da instituição já é um excelente indicativo do quanto o samba-enredo também funcionou. Ainda mais segura, a Ritimão, comandada por mestre Ciro Castilho, sustentou muito bem a canção e seguiu com a característica de estar um pouco mais cadenciada que em anos anteriores. Já o carro de som da instituição, comandado novamente muito bem por Ernesto Teixeira, apresentou uma novidade: no refrão do meio, os integrantes começaram a cantar um “ôôôô” bastante melódico que abrilhantou ainda mais a obra – tida como muitos como a melhor de todo o carnaval de São Paulo em 2025. Um teclado também se fez presente no carro de som, acompanhando a canção.

Ernesto destacou o trabalho feito pela agremiação: “É o trabalho do Rafa do Cavaco, nosso diretor musical, em parceria com o maestro Valdir dos Santos. Aí tem o Picuta, tem o Dodô, tem o Beba, só a parte de cordas. Teve também as meninas, a Fernanda Souza, a Fernanda Borges, a Zanza e a velha guarda dos Gaviões, que é o Luciano, o João 10, que já vem comigo há vários anos, e também tem o Iago que está começando vindo com a gente. É uma família que nós estamos formando. Este ano o samba pedia vozes femininas para fazer abertura e para dar um clima ainda melhor. Foi o que a gente fez e está dando certo, comentou.

GavioesDaFiel et Baianas 2

Alexander contou como algumas palavras pouco comuns foram, pouco a pouco, corrigidas: “Foi um trabalho de formiguinha, um trabalho de meses. Quem está no carnaval sabe que os componentes vão chegando depois do Natal, vão chegando depois do Ano-Novo. As palavras foram trabalhadas semana a semana, com o componente chegando, pedindo para o componente cantar, mandar áudio cantando. Foi uma experiência totalmente nova para mim e para a entidade. Nós fizemos um trabalho de telão na quadra corrigindo palavras, parando as palavras. Chegamos com a escola muito confiante de cantar todas as palavras, mas foi uma novidade toda na jornada. Acho que chegamos muito confiantes no último ensaio técnico porque essa jornada toda de aprendizado com o samba foi muito legal”, relembrou.

Alguns trabalhos especiais também foram destacados por Ciro: “Estamos gostando tanto de trabalhar esse samba. Uma parte que não é refrão, por exemplo (‘aos nossos filhos, herdeiros de Luanda’), virou uma parte muito forte do samba. Não foi nada imposto, é uma coisa que naturalmente acabou saindo. Portanto, para nós, está sendo muito prazeroso trabalhar esse samba. Acho que segurar o andamento dele é importante na largada. É para ser mais cadenciado e executar as bossas direitinho, com bastante técnica. Os arranjos estão muito legais, também. Tem tudo para dar certo”, pontuou.

Outros Destaques

Pela segunda vez em um ensaio técnico nos Gaviões da Fiel, Sabrina Sato, rainha de bateria, estava presente. Um pandeirista a acompanhava, tal qual Neusa Andrade, mãe de Wilsinho, antigo diretor de bateria dos Gaviões que desfila à frente da Ritimão para homenagear o filho.

GavioesDaFiel et MestreCiro 3

À frente da agremiação, além da diretoria da Torcida Que Samba, também estava a atriz Alessandra Negrini, corinthiana que costuma ser vista na Neo Química Arena e é rainha do Acadêmicos do Baixo Augusta, dos mais tradicionais blocos paulistanos.

Veja mais imagens do ensaio

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