A Imperatriz Leopoldinense abriu de forma avassaladora, nesse domingo, a temporada de ensaios na Euclides Faria, em Ramos, na Zona Norte do Rio. A atual campeã da folia carioca fez valer uma máxima presente em um dos versos do refrão principal de seu samba e mostrou o povo gresilense cantando a plenos pulmões na rua. Aliado a isso, uma evolução leve, uma bateria para lá de qualificada e um carro de som de altíssimo nível marcaram esse início de maratona de treinos na Rainha de Ramos. A presidente da agremiação, Cátia Drumond, acompanhou de perto todo o percurso feito pelos componentes e ao final demonstrou ter ficado contente com o resultado, algo que pode ser comprovado por uma cena na qual a mandatária se deixou contagiar pela alegria da escola e foi para junto dos ritmistas aproveitar os últimos minutos de apresentação.

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Fotos: Diogo Sampaio/CARNAVALESCO

“Nossa maior expectativa era trazer toda a nossa comunidade para mais perto da escola e ver como que o samba iria funcionar ao longo do ensaio. Na quadra, ele já tinha explodido e agora a gente precisava ver como é que ia ficar o andamento dele na rua. Hoje foi show e acho que a tendência é só melhor no decorrer das próximas semanas. Os ensaios de rua são fundamentais na nossa preparação, sendo eles até mais importantes do que os ensaios de quadra, por exemplo. Na rua, você tem uma noção de como está a harmonia, de como está o canto, como está a evolução da escola, então acho que quanto mais a gente ensaiar na rua, mais perto chegamos do 100% que precisamos para o dia do desfile. E a Imperatriz vai usar ao máximo esses ensaios para testar, experimentar, até para conseguirmos atingir esse nosso objetivo que é a perfeição. É claro que temos algumas surpresas que vão permanecer guardadas e que as pessoas só irão ver no dia, na Avenida”, declarou Cátia Drumond em conversa com a reportagem do site CARNAVALESCO.

O diretor-executivo João Drumond foi outro nome da cúpula gresilense que acompanhou de perto esse primeiro ensaio de rua da Imperatriz, desde o seu começo até o seu fim. O jovem dirigente fez questão de usar o rádio durante todo o treino, atento a qualquer tipo de acontecimento, mantendo contato direto com o pessoal da direção de Harmonia e da direção de Carnaval. Em entrevista concedida para a reportagem do site CARNAVALESCO, João Drumond falou sobre a importância dessa preparação visando o desfile do ano que vem e de fazer um trabalho de análise posterior com o intuito de corrigir possíveis falhas.

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“A gente faz reuniões semanais fazendo análise de todos os ensaios, independente de serem na quadra ou na rua. E nessas reuniões são estabelecidas metas, além é claro de que são feitos comentários que possam render feedback e correções para os próximos ensaios. É um trabalho constante que a escola realiza e que está em desenvolvimento até o dia do desfile. Então, a gente vai até lá corrigir os erros que vão aparecendo, que é normal, até para que no Sambódromo, seja no oficial ou no dia do ensaio técnico, a Imperatriz esteja pronta, perfeita para desfilar como foram nos últimos dois anos”, explicou o diretor-executivo.

Ao todo, esse primeiro ensaio de rua durou pouco mais de uma hora e sofreu com um processo inverso ao esperado para o desfile oficial: começou com o dia claro e concluiu com o céu já escuro. Assim como em anos anteriores, a escola seguiu um percurso que teve início próximo ao Largo do Itararé e terminou na altura da Rua Doutor Miguel Vieira Ferreira. Milhares de pessoas estiveram presentes no local, seja para desfilar junto a agremiação ou simplesmente para assistir ao treino. O canto forte dos componentes foi seguido por boa parte dos espectadores, que se deixaram levar também pela alegria pulsante das alas. Além disso, a Rainha de Ramos passou sem erros de evolução, assim como outros quesitos, no caso bateria e casal de mestre-sala e porta-bandeira, tiveram performances que agitaram e arrancaram aplausos dos presentes. No bate-papo com a reportagem do site CARNAVALESCO, o diretor de Carnaval André Bonatte, que divide a função com Mauro Amorim, fez uma análise desse primeiro momento da temporada e destacou alguns pontos fundamentais visando uma melhor preparação.

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“Estou muito satisfeito. Acho que a comunidade compareceu e a gente deu um pontapé inicial, assim, com muita força. No entanto, eu sempre acredito que tem muita coisa para melhorar, até porque o meu trabalho é esse. Então, posso dizer que estou muito feliz com o que a gente realizou nesse primeiro ensaio, mas sempre com essa sensação de procurar o que a gente pode fazer melhor. Eu venho na frente da escola, a minha dimensão é a evolução, o que eu vejo, e agora o retorno que a gente teve após o término é que foi muito bom em todos os aspectos. Isso me deixa um pouco mais tranquilo. Obviamente, a gente tem muito ainda o que trabalhar. É só o início do que vamos levar para a Avenida. Inevitavelmente, eu sempre olho para o trabalho de 2023 e, na minha avaliação, acho que a gente começou melhor. O que é positivo. Mas, lembrando, que aquilo que a gente pode ver no ensaio de rua é basicamente evolução e harmonia, questão do andamento da escola mesmo. Então, o meu balanço desse primeiro ensaio para 2024 é que o canto foi bom, que a bateria está encaixada e a evolução funcionou. A gente tirou a escola em 64 minutos, que é o que eu estou planejando para a Avenida, algo em torno de 64 e 66, mas ainda acho que a gente pode melhorar o canto sempre. Por mim, a gente tem que estar o tempo todo berrando esse samba”, avaliou André Bonatte.

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Durante a grande final do concurso de samba-enredo para o Carnaval de 2024, a Imperatriz Leopoldinense surpreendeu sambistas e torcedores ao anunciar uma junção de obras, algo até então inédito na história da agremiação. Tal decisão dividiu opiniões e gerou discussões na bolha carnavalesca. No entanto, o excelente trabalho executado pela escola em cima da nova composição se mostrou extremamente eficaz e, aos poucos, está fazendo com que o hino oficial conquiste ainda mais pessoas. Responsável pelo microfone principal da verde, branca e ouro, o intérprete Pitty de Menezes revelou, em conversa com a reportagem do site CARNAVALESCO, a ansiedade que estava com o primeiro ensaio de rua da Rainha de Ramos e para saber como seria o desempenho desse samba em um ambiente mais similar a de um desfile oficial.

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“É sempre ótimo a gente poder ir para a rua e trazer conosco a comunidade. Hoje, teve uma galera que desceu o morro para ver, participar ou simplesmente curtir esse clima de ensaio. Além disso, todo e qualquer treino desse tipo é uma baita oportunidade da gente trabalhar melhor com esse samba, sentir o canto dele, o andamento da escola. E é muito importante também ter o meu carro de som, junto com a bateria, trabalhando de forma entrosada. Acho que o resumo disso é que foi um dia especial. A gente fica muito ansioso para chegar logo ao ensaio, porque a gente quer ver toda a comunidade cantando, a bateria tocando, e acho que essa espera toda valeu a pena, pois o resultado foi maravilhoso. Aqui, a gente vai para uma realidade próxima do desfile. Hoje, por exemplo, usamos um carro de som mais amplo, mais potente, que faz a gente imergir ainda mais nesse clima de Marquês de Sapucaí. É algo totalmente diferente do ensaio de quadra, que é mais voltado para o canto”, afirmou o intérprete.

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O ano de 2024 irá marcar o oitavo carnaval consecutivo de mestre Lolo à frente dos ritmistas da “Swing da Leopoldina”. Neste período, o comandante adotou um trabalho de excelência e se tornou referência de notas máximas por parte do júri. Prova disso é que a última vez que a bateria liberada por ele teve uma nota inferior a 10 foi no desfile rebaixado da Imperatriz de 2019, quando obteve um único 9,8 que acabou sendo descartado. Para manter estes bons resultados, o mestre enalteceu, em conversa com a reportagem do site CARNAVALESCO, a importância dos ensaios, principalmente o de rua, onde é possível reproduzir com maior verossimilhança o clima do Sambódromo da Marquês de Sapucaí. No bate-papo, ele ainda antecipou alguns dos preparativos para o desfile do ano que vem que serão testados ao longo dos treinos à céu aberto como a intenção de vir com três bossas, além de um andamento entre 144 e 145 BPM (batidas por minuto).

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“Para bateria, os ensaios de rua são de grande importância, até por serem neles os que a gente junta mais contingente. Hoje, por exemplo, tivemos entre 150 e 200 ritmistas participando, um total próximo do que a gente pretende levar para o desfile oficial que é de 250, e só tenho que agradecer a rapaziada que aqui, graças a Deus, sempre comparece e vem ensaiar. Além disso, a rua é a oportunidade que a gente tem também para testar bossa, andamento, pra ver o que precisamos melhorar, justamente visando garantir a nossa nota 10. E esse primeiro ensaio foi bom pra caramba. Pra mim, estamos 90%. Os outros 10% vamos acertando devagarzinho ao longo dos próximos ensaios, até chegar no 100%. Quanto a fazer mistério, a gente sempre deixa em segredo algumas coisas. Em 2023, teve a zabumba na frente da bateria. A gente nem ensaiou isso direito na rua, só nos ensaios do setor 11 e no técnico na Sapucaí. Mas aqui a gente estava fazendo meio escondidinho. Esse ano vai vir mais umas coisas aí…”, contou mestre Lolo, em tom de suspense.

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Após reatarem a parceria em 2023 e conquistarem os 30 pontos para a escola, o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Phelipe Lemos e Rafaela Theodoro, quer ir ainda mais além no ano que vem. Os dois, que possuem uma longa história juntos na folia, começaram a trajetória como segundo casal da Unidos de Vila Isabel. Após dois anos, eles ganharam a oportunidade como defensores do primeiro pavilhão da Rainha de Ramos, posto que ocuparam por cinco anos consecutivos. Depois de um período de sete anos separado, eles retomaram a dupla e agora possuem como objetivo repetir uma façanha que só alcançaram no desfile de 2014: a de todas as notas máximas. Para atingir esta meta, Phelipe e Rafaela ganharam o reforço luxuoso da bailarina Ana Botafogo como diretora artística, além de estarem mantendo uma intensa rotina de treinos, que agora inclui semanalmente os ensaios de rua em Ramos. Logo depois da conclusão do treino desse domingo, a dupla concedeu uma entrevista para a reportagem do site CARNAVALESCO e fez um balanço sobre este primeiro ensaio.

“Eu não posso falar que foi nota 10, porque acho que o ensaio é feito para isso, para ensaiar, para buscar a perfeição. E a importância da rua para nós, como casal de mestre-sala e porta-bandeira, é ter essa contato mais direto com a escola, com a comunidade, com o entorno da Imperatriz. Além disso, esses ensaios servem como um termômetro para a nossa dança, porque a gente vem testando coisas ao longo das últimas semanas, desde que foi feita a escolha do nosso hino que vamos levar para o próximo Carnaval. Dito tudo isso, o balanço desse primeiro ensaio, para mim, foi bem positivo. Saio daqui muito feliz, muito satisfeita do que a gente está propondo e acho que fizemos até mais do que a gente esperava. É aproveitar cada momento, cada ensaio, ter esse contato com a comunidade e ir se aperfeiçoando. A gente percebe quando é bem aceito, né? A gente vê, mesmo dançando, o brilho no olhar, a gente consegue transmitir essa emoção e eu acho que eu consegui perceber isso. Para mim, estamos no caminho certo. Vamos trabalhar muito para poder conquistar a nota 10 e o bicampeonato para a Imperatriz”, refletiu Rafaela.

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“Avaliação muito positiva. Apesar de ter sido o primeiro contato da gente com a comunidade na atual temporada, a reação das pessoas com o que a gente vem fazendo, com aquilo que a gente testou hoje também, foi de extrema importância. Estamos montando a nossa coreografia oficial ainda, então dizer que está pronta é uma inverdade, porém tem muitos movimentos que a gente está avaliando colocar pra não perder a nossa essência, a essência da dança do casal de mestre-sala e porta-bandeira, mas também fazer uma alusão ao povo cigano, que a nossa escola vem homenageando, e eu acho que alguns vão ser bem aceitos aí. A gente pretende fazer ainda, tem muita coisa que a gente está construindo, mas o que foi feito está sendo sim bem aceito. Agora é avaliar para ver se leva para a Avenida ou não”, pontuou Phelipe.

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Após longas passagens por agremiações como Unidos da Tijuca, Acadêmicos do Salgueiro, Unidos de Vila Isabel e Beija-Flor de Nilópolis, o coreógrafo Marcelo Misailidis iniciou uma nova trajetória na folia carioca em 2023, dessa vez na Rainha de Ramos, e logo de cara se sagrou campeão do Carnaval. Apesar dos 30 pontos no quesito não terem sido alcançados, o trabalho do profissional se destacou com uma proposta engraçada, lúdica e divertida, fazendo muito sucesso junto ao público. Agora, indo para o seu segundo ano na agremiação, o renomado bailarino terá o desafio de desenvolver uma comissão de frente superior a do último ano e, dessa forma, ajudar a Imperatriz na busca pelo bicampeonato. Para isso, todas as etapas de construção e preparação de um desfile precisam receber a devida atenção, entre elas os ensaios de rua. Em conversa com a reportagem do site CARNAVALESCO, Marcelo Misailidis falou das expectativas para o começo da temporada de treinos a céu aberto, além de pontuar como pretende usá-los na elaboração do projeto para 2024.

“O trabalho que a gente apresenta aqui é um laboratório do processo criativo. Por exemplo, nós já estamos trabalhando há alguns meses, então esse trabalho é um que foi usado como base de criação, de aprofundamento em um tema novo. Todos os integrantes da comissão precisam de uma certa forma entender do que o enredo fala, o que ele propõe. Portanto, antes da gente fazer o trabalho definitivo, existe um trabalho de preparação. O que a gente apresentou nesse primeiro ensaio de rua, em resumo, é justamente isso. É uma base desse trabalho de preparação, que evidentemente não é o trabalho que vai para a Avenida, mas demonstra de uma certa forma a vivência desse processo”, relatou o coreógrafo.

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No ano que vem, a Imperatriz Leopoldinense apresentará o enredo “Com a sorte virada pra lua segundo o testamento da cigana Esmeralda”, assinado pelo carnavalesco Leandro Vieira. O tema tem como base um pequeno folheto que foi escrito há mais de 100 anos por Leandro Gomes de Barros, autor paraibano de cordéis que inspiraram o dramaturgo Ariano Suassuna a escrever o “Auto da Compadecida”. A proposta dá continuidade ao interesse da agremiação em se debruçar sobre o Brasil e sobre obras populares que souberam dar contorno à imaginação de caráter fantástico como uma extraordinária vocação do povo brasileiro. A Rainha de Ramos será a sexta escola a desfilar no domingo de Carnaval, dia 11 de fevereiro, encerrando o primeiro dia do Grupo Especial do Rio, em busca do bicampeonato.