Penúltima escola a desfilar, a Pérola Negra desfilou cantando uma homenagem ao artista Jair Rodrigues. A ‘Joia Rara’ do samba teve como destaque a bateria ‘Swing da Mada’, que executou bossas remetendo a sucessos e vida do homenageado. A segunda alegoria causou um impacto imenso na pista com suas cores e esculturas realistas. O casal de mestre-sala e porta-bandeira, Kadu e Camila, mostraram agilidade na dança e foram os únicos a pegarem um tempo mais ameno. Porém, ao todo, a apresentação da Pérola se marcou por ser regular.

Comissão de frente

Cada componente da ala vestia uma fantasia de cada cor, deixando a comissão de frente bem colorida. A coreografia era um misto de tudo, como o samba, a saudação ao público e, principalmente, a dança dos integrantes conforme a letra do samba. A ala quis mostrar alegria, devido à história de Jair Rodrigues. Por isso optaram por algo irreverente e colorido.

Mestre-sala e Porta-bandeira

O casal Kadu Andrade e Camila Moreira, realizou uma apresentação segura. Em análise na cabine de frente ao recuo, deu para notar movimentos intensos e rápidos no bailado e, na hora de estender o pavilhão para a cabine de jurados, fizeram de forma correta.

Vale destacar que entre todos os casais do Grupo Especial, Kadu e Camila foram os que menos sofreram pela questão do tempo. A pista estava seca, não estava sequer garoando e o vento já tinha diminuído sua potência. Vale ressaltar que isso não é parâmetro, mas o clima é determinante para uma performance satisfatória.

Harmonia

Em termos de volume, o canto da escola foi forte em apenas alguns momentos do samba, como o refrão principal e os últimos versos. Porém, se tratando de uniformidade com a ala musical e bateria, a comunidade da Pérola Negra respondeu muito bem.

Enredo

Como dito anteriormente, a Pérola Negra quis levar um enredo alegre para o Anhembi neste ano e encontrou isso na figura de Jair Rodrigues. Tudo isso deu certo e começou pela comissão de frente, esbanjando um colorido e um impacto de simpatia logo de cara. Após, mostrou suas origens musicais através de uma alegoria com grandes notas musicais e, dentro do setor, alas coreografadas continuavam passando a mensagem para o enredo. Depois mostrou sua fé, religiosidade e, no final, Jair foi coroado com honra pelo carnaval nas cores de Salgueiro e Mangueira, que são as escolas que o artista tinha ligação.

Evolução

A ‘Jóia Rara’ do samba evoluiu de forma correta. Analisando a escola perto do recuo da bateria, deu para ver uma grande organização. Tanto em compactação dos componentes por inteiro, como das alas em si. O alinhamento das fileiras foi feito de maneira correta. Vale destacar que o samba não pedia uma coreografia padrão, então os desfilantes tiveram a estratégia de evoluir de um lado para o outro. Porém vale destacar apenas o refrão do meio: “Vou me banhar na cachoeira… Lavar a alma na fé… Salve o rei da mata meu santo protetor… Oxóssi caçador”. Neste momento os componentes faziam o arco e flecha característico do orixá Oxóssi.

Samba-Enredo

É uma obra que em sua maior parte tem uma melodia lenta. Porém a letra é rica e conta a história de Jair Rodrigues de forma correta. A parte que mais se destaca é quando se fala dos sucessos de Jair e as escolas de samba que ele teve ligação, que foram Salgueiro e Mangueira. O intérprete Daniel Collete fez a sua parte e colocou a comunidade para cima. Foi o tempero do hino e deu um gás gigante.

Fantasias

As vestimentas da Pérola Negra foram padrão da noite. Algumas alas se destacam mais que as outras por ter costeiros maiores e de um requinte maior. Um exemplo é a ala 1, onde a fantasia foi mostrada de extrema simplicidade, mas tinha uma leitura simples e permitia o componente desfilar melhor. Além disso, deu para notar bastante colorido nas fantasias entre os setores. Essa era a proposta Pérola Negra.

Alegorias

A primeira alegoria veio em uma espécie de boiadeiros e onça na frente. Atrás, com notas musicais, remetendo à vida musical do artista. O segundo carro alegórico foi o principal esteticamente. Todo verde com um pássaro amarelo na frente. Logo atrás uma monumental escultura de uma espécie de índio. Por fim, o terceiro era Jair, coroado no carnaval com as cores de Salgueiro e Mangueira. As alegorias mostraram uma bela estética e ideia de história real.

Outros destaques

A bateria ‘Swing da Mada’, regida pelo mestre Neninho, teve um desempenho satisfatório e remeteu a vida do artista. Isso se mostra nas bossas. Nos últimos versos onde se canta Salgueiro e Mangueira, a batucada faz a bossa para ficar somente no surdo de primeira, que é característica da verde e rosa. Outro breque foi feito no ritmo do sucesso “Deixa isso pra lá”. Neninho mostrou criatividade nesses aspectos.