De volta ao Anhembi após longo período na UESP, a Unidos de São Miguel fez seu primeiro ensaio técnico neste retorno. Com o enredo “Um príncipe negro na corte dos esfarrapados”, será a primeira escola a desfilar no sábado do Grupo de Acesso II. Nesta sexta-feira ensaiou sobre muita chuva no Sambódromo do Anhembi, sendo a terceira agremiação no dia e também terceira no ciclo do carnaval de 2024. O que não amenizou nada a forte e intensa chuva durante toda a montagem da agremiação até o fim do desfile. A bateria brincou com bossas e paradinhas, foi o grande destaque, enquanto a comissão de frente que é sempre um mistério, mas tem pontos a melhorar.
Comissão de Frente
É bem verdade que nos ensaios técnicos, o primeiro quesito, a comissão de frente sempre esconde o jogo. Mas, na São Miguel vieram intensos, e com o coreógrafo ajustando marcações. Em alguns momentos teve ajustes a serem feitos na sincronia quando as linhas precisavam alinhar, teve um certo delay, mas ao longo da pista deu para sentir que foi melhorando. Pois neste começo teve essa questão de membros do lado direito, faltou sincronia com o lado esquerdo em dois momentos da coreografia, em um que faziam duas fileiras, e outra uma fileira única, todos lado a lado. No mais, teve momentos bem especiais com dois personagens que variavam com uma coroa e eram reverenciados, em um momento na saia de um deles, era aberta e frase: ‘Favela no Anhembi’. Os dançarinos vieram de dourado e com um chapéu de Águia.
Mestre-sala e Porta-bandeira
Um dos quesitos que mais atuou na tranquilidade nesta estreia de ensaios técnicos foi o de casal, e não foi diferente para Pedro Trindade e Laís Andrade, que estavam vestidos de vermelho, digamos que um grená, combinando no estilo. Seguraram o passo devido a pista muito molhada, escorregadia, portanto, pouco mostraram o jogo. Em alguns momentos na hora de apresentar para as novas cabines de jurados do Anhembi, soltavam um pouco mais, apresentavam o pavilhão e faziam uma coreografia básica. Mas de modo geral, foi bem cadenciado e sem sustos com a pista.
Harmonia
A agremiação teve momentos que estourou no canto justamente quando teve apagões da bateria, em dois momentos específicos, um com cerca de 16 minutos da apresentação, e outro na metade do ensaio. Em ambos o canto foi correspondido, principalmente em um dos trechos do refrão: “É luta, fé e amor, o povo te coroou O príncipe da preta cor” e outro momento de explosão é no refrão de cabeça: “Cheguei! Meu legado vou deixar, Negra voz que jamais se calará”. Durante o ensaio, o canto foi regular considerando a intensidade da chuva que a escola teve em sua montagem e em todo seu ensaio, foi dentro, a escola mostrou vontade e superou percalços climáticos.
Evolução
A escola veio bem compacta, as alas não eram tão cheias, e com bexigas repetindo como vieram na apresentação do Lançamento dos Sambas de 2024. O que dá um visual legal, e no geral a evolução foi bem tranquila. Veio com um contingente dentro do exigido Acesso II, e gostei da leveza dos componentes mesmo diante a chuva. Muitas pessoas alegres, cantando, dançando, mas sem deixar de seguir o ritmo, o andamento, e olha que a chuva estava bem chata realmente. O que podia atrapalhar, não atrapalhou, com isso passaram dentro do tempo com tranquilidade e leveza para encerrar seu ensaio.
Samba-enredo
Conduzido pelo intérprete Jorginho Soares, que uma voz marcante no carnaval de São Paulo, participa da ala musical da Dragões, mas na São Miguel é a voz principal. Correspondeu em um ritmo que o samba pede, junto com sua ala musical. O samba fluiu e foi ajudado pela bateria para explodir principalmente no refrão de cabeça e do meio que tem frases de impacto. No restante do samba, seguiram na regularidade, claro, pequenos ajustes nesta parte serão importantes para trazer a comunidade mais ainda no canto, ainda que tenha sido regular.
Outros destaques
A bateria “Swing da Nitro” merece uma menção honrosa, ou melhor, o grande destaque do ensaio técnico da São Miguel. Mestre Wallace comandando, e mesmo em meio a chuva, vimos bossas sendo feitas, tem trechos do samba que o chocalho junto com tamborim faz uma bossa muito legal. Passaram pela pista soltando bossas, leves, e também duas paradonas que ajudaram demais a alavancar o ritmo da comunidade.
Vale destacar o presidente Renato Buchudo que deu um discurso bem forte para a comunidade antes de entrar na pista, deu para sentir a fala do coração e impulsionando comunidade na volta ao Anhembi. Veio a frente da segunda ala no início, cantando e empurrando a escola, depois foi para outros setores, no fim do ensaio, muito tempo depois, apareceu para retirar as faixas deixadas na pista e olha que tava uma baita chuva. Ou seja, participativo.
A rainha Samanta Castro veio de roxo com pedras brancas, um chapéu seguindo esse ritmo. A madrinha Indy Garcez veio com um look mais ousado. E mesmo com a chuva intensa arriscaram no samba, passando com tranquilidade e leveza pela pista do Anhembi. Destaque para a ala de passistas, não era tão grande, mas com samba no pé e com uma destaque a frente delas, a chuva não atrapalhou nada e muita delas optaram por vir descalças.
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