Por Diogo Sampaio. Fotos: Allan Duffes e Nelson Malfacini
Sexta escola a cruzar a Marquês de Sapucaí, a Unidos de Padre Miguel teve na força de seu carro de som, no canto da comunidade e no ritmo envolvente da bateria, as bases necessárias para o excelente rendimento do samba-enredo que conduziu a apresentação do enredo “Ginga”. Porém, algumas falhas no conjunto alegórico e o buraco aberto na frente da primeira cabine de jurados podem atrapalhar a vermelha e branca da Vila Vintém na disputa pelo título da Série A. O desfile terminou com 54 minutos, um a menos do tempo máximo permitido.
Comissão de frente
Coreografada por David Lima, a comissão de frente veio retratando o ritual N’Golo, cuja os movimentos serviram de inspiração para criação da capoeira. Com uma caracterização impecável em figurino e maquiagem, a apresentação trazia bailarinos vestidos de zebras e uma deusa fêmea que era disputada pelos demais integrantes. O ápice acontecia quando a figura mítica ganhava asas e era alçada ao alto, para delírio do público presente.
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
Há seis anos defendendo o primeiro pavilhão da agremiação, Vinicius e Jéssica demonstram entrosamento em uma apresentação que misturou a dança tradicional com passos coreografados. Com uma fantasia luxuosa que representava o “Ritual da Enfundula”, a dupla enfrentou a pista molhada e o vento forte sem cometer erros consideráveis nas cabines de julgamento.
Enredo
Com a proposta de contar a história da capoeira, o desenvolvimento do enredo “Ginga” se mostrou confuso e de difícil compreensão na Avenida. Apesar de cronológica, a linha temporal dava saltos e para ter uma leitura nítida da proposta era necessário recorrer ao roteiro de desfiles.
Evolução
O ritmo acelerado foi uma constante no desfile. Apesar disso, as alas vieram alinhadas e sem embolar. O único erro grave no quesito foi um buraco aberto na frente do primeiro módulo, ocasionado por um problema de locomoção no carro abre-alas.
Samba-Enredo
Em uma noite de excelente performance do intérprete Diego Nicolau e da bateria comandada pelo mestre Dinho, o samba-enredo composto por Samir Trindade, Júnior Beija-Flor e parceiros rendeu muito bem na Avenida, sendo um dos pontos altos da apresentação. As arquibancadas reagiram bem a passagem da obra e a entoaram principalmente nos refrões.
Harmonia
Outro fator que colaborou para o excelente desempenho do samba-enredo foi o canto das alas. Os componentes entoaram a obra a plenos pulmões durante toda a apresentação da vermelha e branca da Vila Vintém. Até mesmo as coreografadas mostraram ter o samba na ponta da língua.
Fantasias
O conjunto de fantasias da Unidos de Padre Miguel alinhou criatividade, com qualidade nos materiais e grande volumetria. Entre as alas de maior destaque no figurino estavam a ala de passistas “Maculelê”, as de baianas pretas “Nossa Senhora da Boa Morte” e brancas “Toucheiros”.
Alegorias e Adereços
Quase todo o conjunto alegórico da Unidos de Padre Miguel apresentou problemas de acabamento. Logo no tripé de entrada, que levava o nome do enredo, havia uma falha no pescoço da escultura do boi vermelho localizada na lateral direita. Na sequência, o abre-alas “Brasil-África” entrou incompleto na Marquês de Sapucaí e com partes de ferros exposta, além da barra da saia danificada na lateral direita.
Porém, o carro com maior concentração de erros foi o segundo, intitulado “Festejos da Bahia”: na frente, a cabeça de um dos negros tinha imperfeições na boca e no queixo; na lateral direita, o queijo vermelho passou despencando; e a saia da alegoria veio parcialmente rebaixada pelo peso. A exceção ficou por conta do último carro, nomeado como “Quilombo da UPM”, de boa qualidade nos detalhes.
Outros Destaques
A primeira ala do desfile, intitulada “Agricultura e Agricultores”, chamou a atenção pela qualidade da fantasia e da maquiagem, além da coreografia bem executada. A rainha de bateria Karina Costa também roubou a cena pelo figurino luxuoso, além do samba no pé.