A Mocidade Alegre realizou na noite do último domingo o seu primeiro ensaio técnico rumo ao carnaval 2023. Foi um grande treino da Morada do Samba. Praticamente impecável em todos os quesitos. O canto forte da comunidade, a forma como os componentes ‘gritavam’ o samba e a bateria com os vários apagões realizados foram os principais destaques. Dentro dessas paradinhas, a torcida na arquibancada foi muito presente e acompanhou a comunidade nas palmas. No contexto geral que se pode tirar de positivo, a atitude do componente no treino é a de maior valia.
Destaque também para a comissão de frente, que mostrou uma grande riqueza em sua dança, com vários componentes e grupos diferentes encenando.
Comissão de frente
A ala teve várias interpretações dentro do treino. Em determinado momento da coreografia, uma parte mulheres dançavam a frente e, no eixo de trás, um grupo composto por homens sem camisa e com saia vermelha seguravam um pequeno tronco. Todos os integrantes evoluíram por toda a pista, ocupando o espaço destinado. A atração principal, o componente que interpreta o guerreiro ‘Yasuke’, transitava entre todos os integrantes. A interpretação é que o contexto da ala se trata da chegada do guerreiro ao Japão.
Harmonia
A comunidade da Mocidade Alegre deu uma aula no quesito. Os componentes ‘gritaram’ o samba do começo ao fim do treino. Talvez seja a principal força da Morada. Os integrantes de toda escola esbanjaram felicidade, sorrisos, simpatia e desejo de desfilar enquanto passavam pela pista. Todas as alas estiveram muito bem, mas fica o destaque para ‘Ala Asas Douradas’ e ‘Ala Jovem’. A bateria cantava bastante o samba durante os apagões e os versos mais entoados por toda a comunidade foram: “Lágrimas em chamas… Cinzas pelo ar… Serás eterno, jamais se apagará… Em cada jovem o sonho brilha… A sua luz renascerá… Pode ter fé que todo preto pode ser o que quiser”, além dos refrões, principalmente o primeiro, que explodia.
“Foi um ensaio bom, graças a Deus. A gente estava com muito medo do tempo, mas no conjunto geral a gente considera um ensaio bom, tem bastante coisa para acertar ainda, vamos continuar trabalhando e eu acho que nossa comunidade é fantástica, fora de série. Nada acontece se não tem eles. Precisamos acertar a questão das palmas, o canto hoje precisamos acertar o fundo, porque o carro de som para trás ele não tem som. Não vamos dizer que atrapalhou, mas também não ajudou. Talvez seja a questão de acerto”, analisou o diretor de harmonia, Carlos Magno.
Mestre-sala e Porta-bandeira
O casal Jefferson Gomes e Natália Lago mostrou uma coreografia belíssima dentro do samba. Bailaram de acordo com todos os acordes do carro de som, girando de um lado para o outro. Dança bem realizada com grande sincronia. Apenas um leve deslize do mestre-sala ao mostrar o pavilhão próximo ao módulo três.
“Ensaio foi muito bom. Para o que a gente tinha programado, excelente, pelo que a gente testou aqui, e o que vamos alterar que é o primeiro ensaio. Ver o andamento da escola, ajustar algumas coisas, o espaçamento, mas tudo que planejamos, a gente pode executar”, disse o mestre-sala Jefferson Gomes.
“Foi muito bom, mas sempre dá para melhorar, então temos tempo para poder ter o melhor do melhor”, completou a porta-bandeira Natália Lago. Na semana viemos ensaiar, e estava muito vento, hoje comparado com os ensaios da semana, foi um dia melhor”, completou a porta-bandeira Natália Lago.
Evolução
A escola evoluiu de forma satisfatória e apostou bastante em alas coreografadas. Em certa parte do desfile, talvez tenha dado uma acelerada, mas nada que impactou diretamente no desempenho da Mocidade Alegre no ensaio. O alinhamento das alas foi feito de forma correta e compacta. Quando a bateria fazia a bossa citada no quesito harmonia, os componentes batiam palmas no alto. Destaque principal para a forma como se comportavam. Todos estavam leves e soltos.
Samba-enredo
Considerado um dos melhores sambas do carnaval, a obra da Mocidade Alegre prontamente caiu no gosto da comunidade. Apesar de ser uma grande junção, a diretoria da escola foi feliz em escolher como usar ambas as partes. O intérprete Igor Sorriso, mostrou-se totalmente adaptado à trilha sonora. A forma como ele jogava para a comunidade cantar, diz muito sobre o significado. É uma obra que além de exaltar o guerreiro Yasuke, passa motivação ao povo negro. Caiu nas graças da comunidade.
O intérprete Igor Sorriso deu a sua visão a respeito do treino. “Sempre pode melhorar, buscamos fazer um trabalho de excelência e todo trabalho de excelência precisamos ajustar os detalhes. Então vamos buscar sempre essas correções, tem algumas coisinhas que deixamos a desejar, pecamos, vamos ajustar. Mas foi um ensaio bom, produtivo, para um primeiro ensaio foi muito bom. Pode ter certeza que no próximo ensaio, sexta-feira, a Mocidade vem ainda melhor, e no terceiro melhor ainda, se preparando para o grande dia. O canto em coral é muito difícil, todo mundo no mesmo momento, na mesma divisão, é bem complicado. Precisamos ensaiar bastante para ter o máximo de excelência, então vamos trabalhar para poder melhorar”, disse.
Outros destaques
As bossas da bateria ‘Ritmo Puro’, comandada pelo mestre Sombra, foram grandes. Destaque para os apagões executados por muitas vezes no refrão do meio e nos últimos versos do samba. As caixas e os surdos de terceira foram os instrumentos destaques da batucada.
O diretor de bateria, mestre Sombra, avaliou o ensaio. “A gente está dentro de um planejamento. A meta era fazer um ensaio de melhor rendimento possível, e graças a Deus nós atingimos esse objetivo. Agora é tentar melhorar. Sempre tem algum ajuste, sempre tem algum detalhe, para no próximo vir numa crescente, com mais clareza, mais detalhes ajustados para o segundo ensaio. Sempre falta tudo. Acho que a gente nunca pode se acomodar. Tem que estar atento a todos os naipes, todos os detalhes, todos os breques. Ver o que aconteceu, conversar com a diretoria, ver o que todo mundo sentiu do ensaio para dar o status real do que foi ensaio. É o que nós sempre fazemos”, declarou.
Destaque para a torcida da Morada. Não arredou o pé do Anhembi. Ao término do ensaio, alguns foliões foram acompanhar a bateria na dispersão.
As baianas levavam um guarda-chuva vermelho ao estilo japonês, dando um belo contraste na ala. Muitas alas desfilaram com adereços de mão e de cabeça.
Colaboraram Lucas Sampaio e Will Fernandes