Por Fábio Martins e Will Ferreira

Uma frase nascida em uma escola de samba da Zona Leste de São Paulo, definitivamente, já entrou para o folclore do carnaval da cidade. No último sábado, no Circo Social Dom Bosco, em Itaquera, o que mais se ouvia era “Vai pensando que a gente só reza!”, grito típico da agremiação que leva o nome da obra social de origem cristã. Em 2023, sabe-se que a Dom Bosco, além de rezar, também trabalha muito, com uma comunidade forte e unida. Tanto foi assim que, após o vice-campeonato do Grupo de Acesso II na temporada, a instituição chegou, pela primeira vez na curta história da escola fundada em 2000, ao Acesso I – segundo nível do carnaval paulistano. Já de olho em 2024, os itaquerenses apresentaram o samba que guiará o desfile da temporada – com o enredo “Um causo arretado de um povo pra lá de valente… o cordel de um Nordeste independente!”.

Chamado de Dom Bosco Fest, o evento teve participação das co-irmãs Mocidade Alegre e Vai-Vai, também com participação da Bandida (bateria da Escola de Artes, Ciências e Humanidades [EACH-USP, popularmente conhecida como USP Leste]) e do Coletivo Jatobá. Como não poderia deixar de ser, o ponto alto da festividade foi a apresentação da canção à comunidade nas dependências da escola – o samba foi revelado no Youtube da agremiação no dia 15 de julho. Composto por Turko, Maradona, Rafa do Cavaco, Fábio Souza e Diogo Souza, a obra foi esmiuçada por diversos componentes itaquerenses de destaque.

Fé e atenção

Fundada e presidida pela mesma pessoa até hoje, o grande nome da história da Dom Bosco é Rosalvino Moran Vinãyo, padre salesiano que chegou à Zona Leste há cerca de 40 anos. Se, antes, ele se preocupava em manter as crianças da região ocupadas, em 2000 ele criou a escola de samba para que toda a comunidade tivesse uma nova opção de lazer e trabalho. Com 81 anos, ele segue ativo e presente na escola. Na Dom Bosco Fest, por exemplo, ele ficou sentado logo à frente do palco, observando as apresentações e saudando todos que o cumprimentavam – e não foram poucos. A motivação, ao menos na Dom Bosco Fest, veio do samba-enredo apresentado – que agradou ao presidente.

“A letra e o samba estão maravilhosos! Nota dez! Quem fez a poesia toda e todo o conteúdo, elogiando o povo do Nordeste, olha… é maravilhoso, digno, salutar, é a bênção de Deus todo poderoso. Que ele abençoe a todos que participaram, colaboraram e ajudaram. Vai-Vai e Mocidade Alegre aqui presentes, toda a comunidade reunida, alegre e feliz, contente e satisfeita, não tenho palavras para agradecer. Deus abençoe a todos”, regozijou-se, sempre reverenciando o catolicismo.

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Perguntado se a vaga no Acesso I foi um sonho realizado, Rosalvino preferiu falar do trabalho feito pela agremiação no carnaval paulistano – aproveitando para relembrar de um incidente que adiou um pouco mais a subida de divisão. “Estar no Acesso I é o que todos estávamos esperando e confiando. Em 2022, perdemos porque chegamos atrasados na porteira. Por questão de um minuto e meio nós perdemos o Acesso II para a Nenê de Vila Matilde, que é nossa parceira e saúdo a todos de lá. A Dom Bosco estava esperando esse acesso. E, agora, estamos aguardando a oportunidade de, se Deus quiser, nos colocarmos no Grupo Especial, sempre cheios de paz, amor ao próximo e boa amizade”, ousou.

Aprovação completa

Diversos componentes elogiaram a obra apresentada. O casal de mestre-sala e porta-bandeira da agremiação, desde 2020 na escola, mostrou imensa satisfação com a canção. “Gostei muito! O samba está em um clima bem gostoso e, para nós, vai ser uma energia maravilhosa trabalhar com ele. Estamos preparados!”, destacou Mariana Barbosa. Ela foi acompanhada pelo parceiro de dança, Leonardo Henrique “Eu também gostei muito! O samba está bem a cara da nossa escola, a Dom Bosco tem a característica de ser uma escola bem alegre, cantar e pular na avenida. Não teve enredo e letra melhor para que chegássemos no Sambódromo com grande potencial de fazer algo grande”, comentou.

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Desde 2019 na escola, o carnavalesco Danilo Dantas foi além para elogiar a qualidade da canção. “Eu sou suspeito para dizer se gostei ou não do samba porque eu sou um dos idealizadores do projeto e porque desde quando eu cheguei na escola eu trago essa parceria para a Dom Bosco. Chamei o Turko, o Rafa do Cavaco, o Maradona e os demais meninos e eles pegaram a sinopse, destrinchando inteira. Colocamos a cara da Dom Bosco na segunda parte do samba e só estou recebendo elogios. Eu gostei muito, da minha trajetória enquanto carnavalesco é um dos melhores. Acho que vai dar muito resultado na avenida”, prometeu.

Quem também ousou foi mestre Bola, comandante da “Gloriosa” – bateria da escola. “Sim, eu tive voz nesse samba! Gostei muito do samba, ele é dos mesmos compositores que vem fazendo nos últimos anos para a Dom Bosco, eles já sabem a linha da escola e o que queremos. Gostei bastante e é um dos melhores sambas que irão passar no Anhembi em 2024. Promessa!”, afirmou.

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O sentimento do componente motivou os elogios de Carlos Shakila, diretor de carnaval da agremiação desde 2022 e, pela primeira vez, ocupando o cargo de maneira solo no desfile do ano que vem. “O nosso samba-enredo é composto por uma galera que está com a gente há quatro anos, firmes e fortes. O que é legal é que eles fazem o samba com muita alegria, empenho e foco. Tenho muita tranquilidade porque eu sei que, quando entregamos a sinopse nas mãos deles, sabemos que virá coisa boa. O que é inédito para a gente é escutar o samba-enredo em um dia e, no outro, ele estar sendo aclamado pela comunidade, que fica se perguntando ‘que samba é esse?’. Estamos em êxtase ainda”, revelou.

Antes de revelar o que sentiu desde quando cantou pela primeira vez a canção, Rodrigo Xará, intérprete da escola, aproveitou para falar do contexto nacional como um todo. “O nosso enredo tem um cunho social muito bacana, ainda mais em dias como hoje, com diferenças entre nordestinos e paulistas… o Brasil é uma coisa só! Não só o enredo, mas o nosso samba vem retratar isso. Estou muito feliz de ter um samba alegre, pensando em abrir o desfile. Para a Dom Bosco, é uma honra estar entre as oito do Acesso I, que são escolas gigantescas. Mas vamos fazer um barulhinho legal, principalmente com esse samba animado que nós temos. Estou muito feliz por cantar esse samba, e a comunidade abraça demais, eu sou muito feliz. Eu brinco que aqui eu melhorei demais, essa comunidade é maravilhosa e família, é completamente diferente. Não que as outras não sejam, cada uma com a sua característica. A comunidade estava ansiosa pelo samba, o pessoal está muito feliz e vamos cantar muito ele”, destacou.

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Detalhando um pouco mais sobre aspectos ligados à canção, o intérprete focou em um sentimento puro para exaltar a canção – que, de acordo com ele, é muito comum na Dom Bosco. “Um samba alegre, para cima, com várias convenções inspiradas no forró… estamos preparando muitas coisas bacanas que eu ainda não posso falar, mas logo mais vocês vão ver. O carnaval, hoje em dia, precisa de alegria. Estava discutindo com alguns amigos sobre a questão de tradição, e acho que temos que fazer uma mescla do tradicional com o novo para não perdermos público, para trazermos as pessoas. Somos uma escola jovem e temos uma outra característica, então precisamos trazer esse alegria também. Estou muito feliz porque esse samba traz essa alegria em cada palavra e na melodia”, comentou.

Nada que, entretanto, não possa ser alterado. “Primeiro eles fazem o samba, passam para a gente, a gente vê se gostou e começa a fazer os arranjos para gravar. Gravamos duas bossas e vai ajeitando, já que gravamos de primeira. Depois, vamos arrumando aqui e ali até ficar do jeito que a gente quer”, comentou Bola.

Passo a passo

Um dos compositores do samba da Dom Bosco para 2024 e dos grandes profissionais da área na história do carnaval paulistano, Turko destacou, de uma vez só, a força da comunidade, a longevidade da parceria com a agremiação e o enredo com uma temática diferenciada. “É o nosso quarto ano aqui e, para nós, é um sentimento de muita satisfação, de emoção. É um enredo que gostamos muito de falar, e já tivemos grandes resultados com temas nordestinos. É uma sátira que o Danilo fez e nós estamos muito satisfeitos com o resultado, a escola também está. É um momento especial para a escola e para os compositores da Dom Bosco, a escola subiu para o Acesso I e vem com muita força. O resultado está na quadra, lotada e com grandes co-irmãs. Tem tudo para acontecer na avenida e dar certo. Vamos lá!”, animou-se.

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Perguntado sobre como o samba foi produzido, Turko destacou que um aplicativo de troca de mensagens muito popular no planeta encurtou o tempo para que a obra nascesse. “A gente tem um grupo no WhatsApp, e desenvolvemos muita coisa por lá. Vamos desenrolando melodia e letra tudo junto. Depois, a gente se encontra para passar para a escola, eles pedem ajustes e nós também sentimos onde pode melhorar. A gente chama isso de lapidação. Vamos lapidando para chegar num resultado que todos achem que é interessante”, enumerou.

Para exemplificar o processo de criação, sobretudo após os pedidos de integrantes da escola, Turko utilizou uma referência gastronômica. “Sempre tem pedidos especiais e mudanças. As pessoas querem colocar ou tirar alguma coisa, falam que determinada parte não dá para cantar ou sugerem algo. É igual uma receita de bolo: você vai ajustando até chegar no ideal. É o grande lance para gente. As mudanças, porém, são segredos: não dá para passar a receita para todo mundo”, afirmou.

Nada contra samba encomendado, mas…

Da preparação para o carnaval 2020 em diante, a Dom Bosco não faz eliminatórias para samba-enredo. Com um modelo já conhecido pelo samba paulistano e, sobretudo, bem aceito por escola e comunidade, o samba encomendado a uma parceria também foi tema de frases por parte dos componentes. Embora aprovem a qualidade da obra para a estreia da agremiação no Acesso I e o próprio modelo, muitos deles não deixaram de exaltar as tradicionais (em outras instituições) eliminatórias.

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Direto, Danilo Dantas aproveitou para revelar o quão próximo é dos compositores que assinam o samba itaquerense desde então. “Eu gosto das eliminatórias do samba, mas como a Dom Bosco estava no Acesso II quando eu assumi, tínhamos muita dificuldade para trazer parcerias para disputar o samba. O meu primeiro ano na Dom Bosco foi uma eliminatória e o resultado, inicialmente, não agradou todo mundo. Todos têm o seu gosto e, em alguns momentos, a gente acaba até rachando um projeto porque cada um tem seu gosto e opinião. Em 2020, chego com a proposta para fazermos um samba moldado, com a nossa cara. Fui logo em uma parceria dos maiores compositores de São Paulo, que ganharam samba em tudo que é escola e que não teria como questionar o samba que ele colocou. Eu tinha a promessa de que, quando chegássemos no Acesso I, o samba seria dos mesmos compositores. Foi uma dívida de gratidão que eu tive com ele e ele correspondeu à altura, para sair essa obra maravilhosa. Mas eu sou muito fã de eliminatórias”, revelou.

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Mirando o futuro, Rodrigo Xará não esconde a preferência, mas destaca que o atual momento da escola aceita encomendas de samba. “Eu sou um fã de eliminatórias, acho que elas são a parte mais legal porque tem uma disputa e uma festa. Sei, também, que as escolas engrandeceram tanto que os compositores, que me descobriram, são de uma competência exemplar. Para nós, funciona porque trazemos um contexto. Mas, quem sabe um dia, a Dom Bosco não traz todos os compositores grandões para fazer sambas para a gente”, pontuou.

A grande exceção dentre os componentes de destaque na escola foi Mestre Bola. “Já fui muito fã de eliminatórias, hoje não mais. Prefiro encomendado. É muita briga e desavença, tem que saber perder e, às vezes, não sabe. Às vezes, se arruma briga à toa. Era uma das melhores épocas em relação à samba que se tinha, mas, hoje em dia, para mim, prefiro encomenda”, pacificou o diretor de bateria.

Verso de destaque – sem clichê algum

Chamou atenção o fato de dois dos componentes ouvidos pelo CARNAVALESCO terem destacado exatamente o mesmo trecho da canção. Com uma provocação sobre o Nordeste brasileiro (pano de fundo para o enredo), o desfile convidará todos a refletir sobre região tão característica.

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Novamente elogiando a qualidade da canção, Danilo Dantas aponta o verso em questão. “O samba está completamente dentro do que eu imaginava. Eles entenderam bem, desde o início, a proposta do enredo – que não é só falar do Nordeste, é fazer uma defesa em si da cultura nordestina. É por isso que, logo na virada do refrão do meio, a gente fala ‘Imagine minha gente / O meu Nordeste hoje é uma nação’. O samba é para colocar uma reflexão na cabeça das pessoas. Como o Brasil seria se eles fossem uma nação?”, perguntou-se.

O próprio carnavalesco aproveitou para destacar uma preocupação que tinha quando as conversas com os intérpretes se iniciaram – e que, na visão dele, foi completamente suplantada. “Primeiro eles fazem o samba, passam para a gente, a gente vê se gostou e começa a fazer os arranjos para gravar. Gravamos duas bossas e vai ajeitando, já que gravamos de primeira. Depois, vamos arrumando aqui e ali até ficar do jeito que a gente quer”, comentou.

Pontuando as mudanças que a escola pediu no enredo e no próprio samba e também exaltando os compositores, Shakila falou sobre a sintonia fina necessária para criar a canção mais adequada possível. “O nosso samba, como nós compusemos com a sinopse já produzida, o carnavalesco pede para mudar toda hora. Aquela base de samba inicial já não cola, toda hora parece que temos um samba novo. Quando nós colocamos o verso ‘Imagine minha gente / O meu Nordeste hoje é uma nação’, nossa escola explode. Esse trecho é maravilhoso! Acho que os compositores, quando eles se encontraram nos sambas passados na nossa escola, ficou muito fácil fazer o que está dando certo. E outra: eles vieram com a gente até aqui. Roeram o osso com a gente. Agora, na hora que tem um filé, vamos com eles, também”, brincou.

Mudanças no regulamento

Tema recorrente no mundo do carnaval paulistano, as mudanças no documento que julga o desfile também serviram de alerta para diversos segmentos da agremiação – e não apenas no tocante ao samba-enredo. Foi o caso do casal de mestre-sala e porta-bandeira, por exemplo. Explicando como a canção também participa (ainda que indiretamente) da nota no quesito. “Estamos ensaiando desde julho, já pensando em uma coreografia pertencente e característica do povo nordestino. Então vem muito xaxado por aí. Mas nós acreditamos, por sermos um casal mais enquadrado na dança clássica e não contemporâneo, que não mudou muita coisa para o nosso bailado por conta do julgamento. A exceção é ter que usar o objeto de mão, que está dentro do regulamento a partir de agora. Acredito que vamos nos encaixar e não vamos ter dificuldades, já estamos trabalhando com tudo que já está descrito e é sabido por todos”, afirmou Leonardo Henrique.

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Sucinto, mestre Bola foi um dos que elogiou o andamento das negociações para o novo julgamento. “O samba vai vir a calhar muito bem com tudo que o regulamento está pedindo para bateria. O regulamento está mudando, estou acompanhando junto com todos os mestres as reuniões com a Liga-SP para sair um regulamento ainda mais justo e que deixe todo mundo feliz”, disse.

Dos compositores da canção, Turko não teve freios para elogiar o novo documento. “Todo samba tem uma responsabilidade grande, já que é um quesito e acaba trazendo outros quesitos. Para a gente, é uma satisfação e uma responsabilidade tremenda. Não só pelo fato de a Dom Bosco estar pela primeira vez no Acesso I, mas porque o regulamento mudou. Agora, acabou aquele negócio de nota dez para todo mundo. O regulamento está mais rígido, existe um critério muito mais rígido para você conquistar a nota máxima. Temos esse sentimento de responsabilidade, que é muito grande, e a escola também tem esse sentimento – tanto que nos convidaram mais um ano para compor o samba”, orgulhou-se.

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Falando de maneira mais técnica, o compositor aproveitou para, novamente, fazer uma metáfora. “O regulamento, agora, está muito criterioso quanto a rimas falsas e ricas, terminação de rimas com verbos, ligação de enquadramento da melodia com a letra e com o carro de som… mudou muita coisa. Muitas pessoas vão sentir, muitos compositores vão sentir essa mudança e as escolas estão muito rígidas nesse critério. E está certo, tem que mexer no campeonato. Nota dez estava caindo igual chuva do céu”, disparou.

Quem também elogiou a competitividade que o novo documento trará foi Carlos Shakila. “Com toda a honestidade, a mudança é maravilhosa. Quando encontramos sambas muito acima da média e, com todo o respeito, alguns outros que a galera não aclama tanto e, no julgamento, eles acabam tendo a mesma pontuação. O pessoal estava batendo muito, criticando muito. O pessoal não estava gostando. Agora, não: vai dar aquele ‘up’. Sou super a favor e gosto muito da ideia de aproximar as escolas para ter esse contato… foi maravilhoso. Acho que nesse ano não teremos críticas, teremos muito elogios”, disse.

Detalhes

Componentes da escola aproveitaram para contar alguns bastidores ligados ao samba da Dom Bosco para 2024. Danilo Dantas, por exemplo, contou que foi o responsável por grande parte dos pedidos para alterações na primeira versão da canção. “No início, quando falamos de Nordeste, sempre vai para a linha de tudo que os sambas sempre falaram. Com dialetos, falas e etc. Eu falava que o enredo não era isso, o enredo tem um conteúdo histórico e tem que passar uma mensagem. Principalmente na segunda estrofe do samba eu coloquei a minha cara, falei dos lados que deveríamos seguir e até sugeri algumas frases que já estão na sinopse e eu pedi para eles colocarem no samba. Eles entenderam bem a mensagem, e eu acho que o bom do samba encomendado é isso. Os compositores já estão com a gente há quatro anos e está dando resultado”, afirmou.

Rodrigo Shakila aproveitou para contar como Padre Rosalvino teve voz ativa na produção do enredo. “No samba-enredo nós não tivemos grandes pedidos da escola, com exceção do carnavalesco. No enredo, sim. Padre Cícero, quando ele veio a falecer, ele deixou toda a herança para os salesianos – e a Dom Bosco é formada a partir dos salesianos. O Padre Rosalvino deu essa pitada na sinopse. Antes de chegar para os intérpretes, ele já comentava isso. E, aí, o samba-enredo ficou com um direcionamento muito mais fácil para os compositores”, finalizou.