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Com fantasias caprichadas e canto poderoso da comunidade, Vila Isabel encerra a segunda noite de desfiles com leveza

A Unidos de Vila Isabel foi a última escola a pisar na Avenida durante o segundo dia de desfiles do Grupo Especial. A apresentação da azul e branca foi satisfatória, com fantasias que se destacaram pelo capricho, criatividade e ótimo uso das cores. O conjunto alegórico teve um bom acabamento, mas algumas soluções do carnavalesco Paulo Barros não causaram o impacto esperado no público, especialmente pelo uso repetitivo de certos efeitos especiais, que geraram uma sensação de déjà vu ao longo do desfile.

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Inspirada no universo do terror e das assombrações, a escola transformou a Marquês de Sapucaí em um verdadeiro Trem Fantasma, apostando em uma estética sombria e recursos visuais marcantes. No entanto, a apresentação não foi isenta de imprevistos. A comissão de frente enfrentou dificuldades com o drone, que caiu em duas exibições, comprometendo parte do impacto da encenação. Já o casal de mestre-sala e porta-bandeira, com uma bela fantasia, teve sua apresentação prejudicada por uma corrente de vento que acabou enrolando a bandeira em uma das cabines.

Apesar dos desafios, a Vila Isabel desfilou com garra. Os componentes cantaram com muita empolgação do início ao fim, ajudando a escola a entregar um desfile bem construído e vibrante. A escola encerrou sua apresentação com um tempo total de 77 minutos.

Comissão de Frente

A Comissão de Frente da Unidos de Vila Isabel no Carnaval de 2025 foi coreografada por Alex Neoral e Marcio Jahú. A apresentação trouxe o tema “O Homem que Enganou o Diabo… Virou Assombração!”, inspirado na lenda de Jack Lanterna, uma figura popular do Halloween. Segundo a tradição irlandesa, Jack Mesquinho foi um homem que enganou o Diabo diversas vezes para evitar pagar sua conta. No entanto, ao morrer, foi rejeitado tanto pelo céu quanto pelo inferno, sendo condenado a vagar eternamente com uma lanterna feita de abóbora iluminada por carvão em brasa.

A encenação destacou a figura do Diabo, representando seu poder infernal e a maldição lançada sobre Jack. Para reforçar o clima sombrio, um tripé representando o inferno acompanhou a coreografia, criando um cenário visualmente impactante e alinhado ao enredo da escola.

A primeira apresentação foi excelente, com todos os efeitos previstos funcionando perfeitamente, incluindo o uso de fogo e drone, recurso também adotado por outras escolas neste ano. Na segunda cabine, a performance transcorreu de forma correta, mas, no final, a abóbora (drone) caiu, o que impactou diretamente a exibição seguinte, já que o equipamento subiu e voltou a cair. Apesar dos imprevistos, a última apresentação transcorreu sem problemas, garantindo um desfecho positivo para a comissão.

Mestre-sala e porta-bandeira

O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da Unidos de Vila Isabel foi formado por Cristiane Caldas e Marcinho Siqueira. A dupla representou a proteção dos passageiros do Trem Fantasma da escola, vestindo uma fantasia inspirada no Olho Grego, um amuleto conhecido por afastar o mau-olhado e atrair boas energias. Também chamado de “Olho Turco” ou “Nazar”, esse talismã tem origens antigas e atravessou diferentes culturas, sendo amplamente associado à proteção contra influências negativas. O figurino do casal foi um dos mais bonitos apresentados este ano.

* LEIA AQUI: Vila Isabel encerra desfile botando o Caldeirão para ferver com alegoria que espanta o medo e celebra a alegria

As apresentações alternaram momentos de excelência com outros de preocupação. A dança foi bastante coreografada e executada com muito vigor pela dupla. No entanto, houve imprevistos: na primeira cabine, uma pequena dobra na bandeira chamou a atenção. Já na segunda cabine de julgadores, uma corrente de vento atrapalhou o desempenho de Cris, resultando no enrolamento da bandeira e comprometendo a apresentação. Apesar disso, o casal manteve a elegância e concluiu sua participação com garra e dedicação.

Enredo

O enredo “Quanto mais eu rezo, mais assombração aparece!” foi desenvolvido pelo carnavalesco Paulo Barros. A escola transformou a Marquês de Sapucaí em um grande Trem Fantasma, levando o público a uma viagem pelo imaginário popular das assombrações, misturando o medo e a diversão do universo do terror. O enredo, criticado no pré carnaval passou de forma coesa e com uma proposta bem clara, inclusive com referências à Câmara Cascudo. Porém, não houve aderência do público, que reagiu de forma passiva à apresentação.

* LEIA AQUI: O trem fantasma da Vila Isabel arrepia e encanta na Sapucaí

O desfile começou com um gigantesco Trem Fantasma invadindo a Avenida, convidando a plateia a embarcar nessa jornada assustadora. A cada setor, novas “estações” revelavam diferentes criaturas do folclore e do imaginário coletivo, como fantasmas, almas penadas, bruxas, lobisomens e figuras icônicas do terror, tanto do Brasil quanto de outras culturas. Entre os destaques estavam personagens como o Boitatá, o Curupira, o Bicho-Papão, além de lendas urbanas e histórias macabras.

A Vila Isabel brincou com os medos de infância e as superstições populares, trazendo um desfile visualmente interessante, com alguns efeitos especiais e referências cinematográficas, ao melhor estilo Paulo Barros. O enredo também destacou a influência do Halloween e a forma como o medo pode ser transformado em entretenimento.

Alegorias e Adereços

A Unidos de Vila Isabel desfilou em 2025 com seis alegorias, todas inspiradas no universo do terror e das assombrações, transformando a Avenida em um verdadeiro Trem Fantasma. Cada carro contou com efeitos especiais que reforçaram a assinatura do carnavalesco. No entanto, alguns desses efeitos acabaram se repetindo ao longo do desfile, gerando uma sensação de déjà vu e não causando o impacto esperado no público. Ainda assim, o acabamento das alegorias foi correto, apresentando poucas falhas visíveis.

* LEIA AQUI: As Baianas da Vila Isabel: Guardiãs Espirituais do Carnaval de 2025

O Abre-Alas, intitulado “Embarque nesse Trem da Ilusão”, representava uma locomotiva sombria repleta de caveiras e fantasmas, remetendo aos brinquedos de parque de diversões, o melhor momento foi a presença de Martinho da Vila como o grande maquinista. O efeito sonoro emitido pela alegoria nos primeiros setores do desfile foi muito alto, sendo difícil ouvir o samba. Em seguida, veio “Fogo do Boitatá e Vento de um Saci-Pererê”, com um grande Boitatá incandescente na dianteira e um Saci em meio a um redemoinho na parte traseira.

A terceira alegoria, “A Noite dos Vampiros”, trouxe uma ambientação gótica com caixões, morcegos e figuras vampirescas, evocando o clássico imaginário dos vampiros. Já “Quem Tem Medo de Bicho-Papão?” representou os medos infantis, com um grande quarto onde sombras e criaturas assustadoras ganhavam vida. O desfile seguiu com “O Caldeirão Vai Ferver!”, reunindo personagens como bruxas, zumbis, espantalhos e outras figuras do Halloween, celebrando a diversão do terror.

Fantasias

O conjunto de fantasias apresentado por Paulo Barros foi o grande destaque do desfile da Vila Isabel. O carnavalesco apostou em alas volumosas, coloridas e de leitura extremamente clara, uma de suas principais marcas. Além do excelente acabamento, o figurino dos componentes trouxe soluções criativas que chamaram a atenção ao longo da Avenida, tornando a apresentação visualmente impactante.

Entre os destaques, estiveram a ala 8, “Yacuruna”, inspirada na criatura mítica amazônica, a ala 10, “Rodeiro”, com uma representação marcante de seres fantasmagóricos, a ala 18, “Lobo Mau”, que trouxe um olhar sombrio sobre o clássico personagem dos contos de fadas, e a ala 23, “Beetlejuice”, referência icônica ao universo do terror. A combinação de criatividade, volumetria e riqueza de detalhes fez com que as fantasias fossem um dos pontos altos do desfile.

Harmonia

A sintonia entre o intérprete Tinga e o Mestre de Bateria Macaco Branco prova, ano após ano, que sempre há espaço para evolução. O carro de som da Vila passou de forma impecável, com uma execução afinada e envolvente. A introdução do samba, enriquecida pela participação de uma sanfona, trouxe um charme especial e um toque único à apresentação. O único senão, foi o início muito acelerado, mas que foi corrigido ao longo da apresentação.

Tinga, com seu vigor e energia de sempre, impressionou mais uma vez. O intérprete comandou o desfile com maestria, demonstrando carisma e técnica impecáveis. Os elogios também se estendem à swingueira de Noel comandada por Mestre Macaco Branco, que encantou o público com várias paradinhas, incluindo uma coreografada na cabeça do samba, agregando ainda mais dinamismo à apresentação.

Esse desempenho musical de altíssimo nível contagiou a comunidade, que cantou o samba com extrema empolgação. Apesar de alguns momentos menos explosivos, no geral, a obra foi interpretada com entusiasmo por todos os componentes.

Samba-Enredo

O samba composto por Raoni Ventapane, Ricardo Mendonça, Dedé Aguiar, Guilherme Karraz, Miguel Dibo e Gigi da Estiva passou pela avenida de forma segura, mesmo criticado no pré-carnaval, ele foi sustentado pelo desempenho harmônico e pela comunidade. Um destaque especial vai para o verso “Silêncio, ao som do último suspiro vai chegar”, logo após o refrão do meio, que foi cantado com muita força, assim como todo o refrão principal.

Evolução

A evolução da Vila Isabel se manteve constante ao longo de todo o desfile, sem grandes problemas aparentes. As alas atravessaram a Avenida com muita empolgação e alegria, destacando-se pela espontaneidade, um dos pontos altos da apresentação. No entanto, em alguns momentos, especialmente durante a exibição da bateria nas cabines dois e três, a ala que vinha à frente seguiu adiante antes do tempo, causando um pequeno espaçamento no cortejo.

Outros Destaques

O desfile contou ainda com alguns momentos especiais, a começar pelo esquenta poderoso com “Zé do Caroço” e o samba exaltação da escola. A presença de Sabrina à frente da bateria swingueira de Noel é um acontecimento, a japa atravessou a avenida representando a “Fonte de Alegria”, o público acompanhou com empolgação a passagem da rainha.

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