O Império Serrano vai evitar o clima piegas e a apelação no enredo ‘O que é, o que é’ de autoria do experiente carnavalesco Paulo Menezes. Em entrevista concedida ao site CARNAVALESCO no barracão da escola, o artista afirma que ele próprio se tornou um profissional versátil e que o próprio Império possui a subversão em seu DNA histórico.
“O meu estilo é versátil. Aquele estilo barroco ficou para trás. É um desfile bastante diferente daquilo que já fiz. Eu nunca vi o Império como escola tradicional. Renato Lage e Fernando Pinto passaram pela escola. O olhar aqui sempre foi à frente. Não é algo na linha de 2006, não é um carnaval clássico. Eu particularmente gosto muito do projeto”, opina.
Quem passa pela Cidade do Samba se preocupa com o andar dos trabalhos na verde e branca da Serrinha, uma agremiação com nove títulos no Grupo Especial. Paulo Menezes reconhece as dificuldades mas tranquiliza os imperianos afirmando que dificuldades não são novidades para ele e que tem conseguido trabalhar nas últimas semanas.
“Se eu te disser que a escola não está sofrendo eu estaria mentindo. Projetei o carnaval para um valor e recebemos um menor. Estamos a dois anos no Especial, e não possuímos a estrutura que outras que estão aí possuem. Mas isso não me assusta. Eu já fiz na Mocidade um carnaval em 25 dias. O único problema é não me deixarem trabalhar. Estou conseguindo fazer”, garante.
Paulo Menezes foi o carnavalesco no último momento de brilho do Império Serrano no Grupo Especial, com o enredo ‘O Império do Divino’ em 2006. O artista revela à nossa reportagem que sua chegada foi atrelada a uma proposta ousada e que a opção por desenvolver o enredo em cima de uma canção da MPB foi minuciosamente estudada.
“Nosso enredo é uma reflexão sobre a vida e o viver, o que as pessoas refletem sobre isso e como elas se comportam diante dela. De onde viemos, se vamos para algum lugar. Não sei porque tive essa ideia, mas tem pelo menos dez anos que quero fazer esse enredo. Foi uma coisa que amadureci e cresci. O Império Serrano me pediu uma proposta ousada e aí eu propus essa. O primeiro impacto foi um susto, acharam que eu era louco. Foram muitas reuniões com todos os segmentos envolvidos até bater o martelo. Foi uma coisa pensada e estudada”, conclui.
Entenda o Desfile
Setor 1: “A visão da vida pela ciência. Mostramos como ela se comporta diante desse mistério que é o viver do homem”.
Setor 2: “A visão religiosa. Como cada uma explica e a maneira que os fieis são conduzidos a se portarem diante da vida”.
Setor 3: “A visão humana. Como o homem explica e se porta diante da vida”.
Setor 4: “A dicotomia da vida. A maneira que o homem se comporta tanto para o bem quanto para o mal”.
Setor 5: “O lado lúdico e poético da vida. A visão infantil, como nos comportamos com o romantismo”.
Setor 6: “O que cada um espera da vida? Cada um espera algo. Sorte, paz, dinheiro, felicidade. Questionamos o que o Império espera da vida. Hoje ele é quer voltar a brilhar no maior espetáculo da terra. Encerramos com homenagem a Dona Ivone. Podemos nos tornar imortais com tudo que construímos aqui”.