Batizado de “Mundo inaugural, misterioso e obscuro”, o abre-alas da Grande Rio representou a visão mágica para a criação do mundo pela visão Tupinambá. A alegoria levou para a Avenida uma estética diferenciada, grande marca da trajetória dos carnavalescos Gabriel Haddad e Leonardo Bora. Com tons pretos, ele foi feito em fibra cristal e era realçado pela iluminação.
Segundo Haddad, o carro alegórico teve como proposta fazer com que o público se sentisse no caos da criação do mundo. O abre-alas foi dividido em dois chassis – cada um com um significado -, e os destaques representaram morcegos e corujas.
“É um carro que representa a escuridão, já que o próprio velho que cria a humanidade se cria a partir da batida das asas dos morcegos e das corujas. A partir dessa escuridão, a gente vê a criação da terra – que é a primeira parte do chassi -, e a criação dos homens – que é representada na segunda parte da alegoria. Todas as esculturas dele acendiam por dentro. Conseguimos dar a cor que queríamos, mas mantendo a nossa base preta. A proposta foi que as pessoas se sentissem neste caos que foi a criação do mundo Tudo isso não quer dizer que não havia luz. Por isso tivemos a escuridão com luz. Essa foi a abertura da Grande Rio”, explicou o carnavalesco.
Um dos destaques do carro, o assessor de imprensa Wander Fernandes, 38 anos, representou um morcego. Em seu terceiro desfile pela Grande Rio, mas na primeira vez como destaque, ele contou que ficou encantado com a estética do abre-alas. Para ele, a alegoria falou por si só e conseguiu tocar o sentimento do público.
“Quando cheguei no barracão e vi o carro, fiquei impactado pela força. Eu não esperava tudo isso logo no meu primeiro ano saindo em um carro. Vir representando a força que o início do enredo trouxe, em um carro com essas nuances de cores muito fortes foi incrível. Acredito que ele deu um grande impacto em todo mundo. Ninguém esperava por isso”, afirmou Wander.
O sentimento de algo nunca visto também marcou os destaques do carro. É o exemplo de Anderson Trigueiro, consultor, 42 anos. Apaixonado pelo espetáculo do carnaval, ele afirma que nunca viu um abre-alas com uma estética como a que foi apresentada pela escola de Caxias.
“Esse abre-alas é um dos carros mais bonitos que eu vi na minha vida e teve um efeito sensacional com a luz. Saber que fiz parte desse espetáculo foi indescritível. A minha fantasia representou o morcego que veio no carro das trevas. Trovejamos e escurecemos a Sapucaí”, comentou Anderson.
Com o rugido da onça, a Tricolor da Baixada Fluminense foi a quarta agremiação a desfilar neste domingo de carnaval. O enredo “Nosso destino é ser onça” foi desenvolvido pelos carnavalescos Gabriel Haddad e Leonardo Bora.