A Mangueira foi campeã do carnaval obtendo a nota máxima possível no julgamento. Com 33 notas 10 em 36 aplicadas, só foi despontuada por três jurados de três quesitos diferentes, o que garantiu que as notas fosse descartadas. Com a divulgação das justificativas pela Liesa foi possível contatar os aspectos do desfile que desagradaram ao corpo de jurados.
Em Alegorias e Adereços, Walber Ângelo de Freitas tirou um décimo da Mangueira por constatar um corpo estranho no carro, conforme explicita em seu texto no caderno de notas.
“Pequenos detalhes ns realização do conjunto alegórico comprometeram a nota, mesmo considerando uma concepção boa e carregada de significados. No abre-alas, na parte posterior, havia a abertura de um buraco, e um homem deitado. Visivelmente ele não estava passando mal e se comportava como um intruso, sem participar da parte técnica da alegoria. A impressão era de uma presença desnecessária que chamou a atenção do nosso módulo, pelo lado que ele estava. O abre-alas deve prezar pelo esmero, que dá sempre uma boa impressão ao começo do desfile da escola. Na alegoria 02, dois holofotes com luzes muito fortes ofuscaram a visão central da alegoria. Foi totalmente impossível observar a alegoria com pouca distância e analisá-la dentro do contexto do desfile. Só foi possível observar a lateral e a parte posterior, depois que ela passou pelo módulo de julgamento”, explicou.
No quesito Enredo, o julgador Artur Nunes Gomes despontou o desfile da Mangueira no sub-quesito realização, devido às cenas chocantes trazidas em algumas alegorias, segundo o jurado.
“A proposta de contar a história que a história não conta por meio da desconstrução da imagem heroica de alguns personagens no imaginário coletivo através dos anos tem em alguns momentos sua materialização comprometida pelo exagero no tom de denúncia, utilizando linguagem visual antagônica muitas vezes ao espírito carnavalesco. Exemplo disso são as representações iconográficas presentes na alegoria 02, onde caveiras ensanguentadas ocupam parte considerável dela sob o pretexto de denunciar o genocídio indígena no Brasil e na alegoria 05 que trouxe corpos mortos”, destacou Artur.
Outro aspecto que desagradou um jurado no desfile mangueirense foram as fantasias. Paulo Paradela reclamou do recurso utilizado por Leandro Vieira em sete alas do desfile campeão.
“Apesar da presença do elemento caveira na cabeça da fantasia na ala 08 a proposta original, ‘o genocídio indígena no Brasil’, não ficou clara, dificultando sua leitura e entendimento. Alas 16, 17, 18, 19, 20 e 23 a mesma solução foi utilizada. No caso as figuras dos personagens foram representadas nas cabeças das fantasias, acarretando ausência de criatividade”, puniu.