Por Luan Costa e Marielli Patrocínio
A Unidos da Tijuca realizou, na última quinta-feira, mais um ensaio de rua rumo ao Carnaval 2025, o último antes da tão aguardada apresentação na Sapucaí, que acontece no próximo sábado. A comunidade tijucana reafirmou seu papel como o maior trunfo da escola na busca por dias de alegria no carnaval carioca. Durante o ensaio, mais uma vez, a presença vibrante da comunidade e sua felicidade com o enredo e o samba escolhidos foram evidentes.
* Seja o primeiro a saber as notícias do carnaval! Clique aqui e siga o CARNAVALESCO no WhatsApp
O ponto alto da noite foi o canto das alas, que manteve intensidade do início ao fim, mesmo com o ritmo mais cadenciado característico da agremiação. Ainda assim, a energia permaneceu elevada durante todo o ensaio. A bateria “Pura Cadência”, comandada por mestre Casagrande, foi essencial para garantir a fluidez e a leveza do ensaio, dando à escola o suporte perfeito para sua evolução.
Em 2025, a agremiação do Borel levará para avenida o enredo “Logun-Edé: Santo Menino que velho respeita”, que narrará a história do orixá filho de Oxóssi e Oxum. A autoria do enredo é do carnavalesco Edson Pereira, que faz sua estreia na escola. A azul e amarela será a primeira escola a desfilar no segundo dia de desfiles do Grupo Especial. O próximo ensaio da agremiação será sábado, na Marquês de Sapucaí.
Ao final do ensaio, o mestre de bateria, Casagrande, destacou ao CARNAVALESCO sua análise sobre o treino. O mestre destacou a alegria que foi ter ensaiado na Tijuca no último domingo e pontuou que a comunidade está empenhada em realizar um belíssimo ensaio na Sapucaí.
“Domingo nós fizemos um ensaio ensaio na Conde de Bonfim que mexeu muito comigo, mexeu muito o meu emocional depois de 20 anos e a gente tá lá e a gente saber que a escola tem uma grande comunidade. Aquilo foi muito emocionante, o bairro todo da Tijuca com o morro do borel que desceu em peso e eu tava até conversando antes com o nosso presidente, a gente fazendo uma avaliação, foi sensacional. A escola tá cantando muito, o carro de som pegou a métrica do samba, então eu acho que agora é pé no chão e fazer o que a gente sempre faz, tocar pra escola, um menos é mais, três bossas encaixadinhas dentro da melodia do samba, agora a gente vai pra Sapucaí pra tudo certo se Deus quiser no sábado”, disse o mestre.
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Lucinha Nobre e Matheus André, demonstrou grande segurança ao longo de todo o ensaio. O vigor físico da dupla impressionou, assim como a sintonia entre eles. Matheus e Lucinha ocuparam toda a rua com presença e carisma, deixando claro o quanto estavam satisfeitos com o resultado da apresentação.
Na coreografia, um momento especial merece destaque: durante o refrão central do samba, eles simulam as ondas do mar e o cavalo-marinho, criando uma imagem poética e de fácil identificação. Além disso, a performance contou com a já tradicional e icônica “bandeirada” da porta-bandeira, um elemento que chama atenção do público.
Harmonia e Samba
Elogiar a bateria “Pura Cadência”, de mestre Casagrande, é como chover no molhado, mas sempre vale reforçar a excelência do trabalho dos ritmistas, que agregam imensamente à escola. No ensaio desta noite, foram apresentadas três bossas – as mesmas que estarão no desfile oficial – todas executadas com maestria, destacando a maior característica da agremiação: a cadência. Em nenhum momento houve atropelos ou correria, e o entrosamento com o carro de som foi preciso, proporcionando a base ideal para que a comunidade cantasse o samba de forma coesa e uniforme.
Embora os momentos de explosão tenham sido pontuais, o ritmo permaneceu constante, assim como a empolgação da escola. Um destaque especial vai para o refrão central: “Oakofaê, odoiá, Oakofaê, desbravei o mar, Não ando sozinho, montei no cavalo-marinho, Abri caminho pro povo de Ijexá”. Durante o ensaio, foi notada uma inconsistência técnica no carro de som: em alguns trechos, um chiado forte acompanhava a voz de Ito Melodia. No entanto, o problema foi resolvido na segunda metade da apresentação, permitindo que o ensaio fluísse com mais tranquilidade até o final.
O mestre Casagrande explicou detalhadamente as bossas apresentadas, para ele, o diferencial da bateria Tijucana será realizar o toque do Aguerê somente com os instrumentos da própria bateria, sem a inserção de novos.
“São três bossas do samba: uma na cabeça do samba, um no refrão do meio, outra na segunda do samba. E interessante também, que as pessoas que vão estar lá para que entendam é que o Refrão do meio a gente toca Ijexá, a gente toca pro santo e a segunda que é a minha, que é de Oxóssi, é o toque de Aguerê. O legal é que a gente vai fazer com os instrumentos que eu consigo da bateria, isso que é importante. Quem ouvir, as pessoas que entendem de bateria, entendem de carnaval, entendem de melodia, vai entender que a gente tá fazendo esse histórico: primeiro na cabeça do samba que a gente fala que é a cabeça do santo, bate pro santo, pra Logun Edé na cabeça do samba, depois o Refrão do meio que a gente faz o Ijexá e na segunda do samba que a gente fala que é o toque do Aguerê, que aí na frase “amarelo ouro e azul pavão”, foi uma sacada muito boa que a gente tem e é o que a gente tá fazendo. Quando se fala em ousadia e criatividade, a gente tá fazendo. A gente tá ousando, tocando com os nossos tambores da pura cadência”, pontuou.
Evolução
Neste pré-carnaval, a escola tem mostrado uma energia mais leve, impulsionada tanto pelo enredo escolhido quanto pelo samba, que se refletem claramente em cada ensaio de rua. Na noite desta quinta-feira, não foi diferente: a comunidade mais uma vez marcou presença e evoluiu de forma descontraída, fluida e descomplicada. O ensaio durou pouco mais de uma hora e transcorreu sem correria ou interrupções significativas, cada componente demonstrou total preparo, sabendo exatamente o que fazer em seu papel.
Outros Destaques
Na ausência da cantora Lexa, que se afastou do cargo de rainha devido à sua gravidez, a porta-bandeira Lucinha Nobre assumiu o papel de interagir com os ritmistas durante o ensaio. Após cumprir suas apresentações com maestria, ela foi até a bateria e permaneceu até o final, esbanjando energia. Com muito carisma, a artista sambou, brincou e mostrou que o cansaço não tem vez. A comissão de frente não esteve presente durante o ensaio.