O boêmio bairro de Vila Isabel tem recebido um espetáculo a céu aberto durante as quartas-feiras. Com Tinga levantando o público presente e a força do canto da comunidade, a Vila Isabel fez mais um grande ensaio de rua na última noite. Agora, a Azul e Branca se prepara para mostrar a força de seu chão no ensaio técnico da Marquês de Sapucaí, no dia 3 de fevereiro.
Com a reedição de ‘Gbalá’ e sob o comando do carnavalesco Paulo Barros, a escola do bairro de Noel será a terceira escola a desfilar na segunda-feira de carnaval. No ensaio desta quarta, a comissão de frente e o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Marcinho Siqueira e Cristiane Caldas, ensaiaram separadamente e não marcaram presença. Para o diretor de carnaval da escola, Moisés Carvalho, a comunidade foi o destaque da noite.
“Mais uma vez, nossa comunidade deu um show. Todos os segmentos mostraram a força de ‘Gbalá’ e levantaram o público com uma energia incrível. Acredito que estamos no caminho certo para um ótimo carnaval”, afirmou Moisés.
Destaque da noite junto a comunidade, Tinga encerrou o ensaio praticamente ovacionado pelos torcedores e o público presente. Durante toda a apresentação, o intérprete interagiu com os componentes e buscou levantar ainda mais o canto e a alegria do chão da Vila. Segundo ele, a escola está feliz com o enredo e o samba de Martinho da Vila, o que contagia ainda mais o torcedor. Para o ensaio técnico na Passarela do Samba, a expectativa é de um grande desfile.
“É importante demais a Vila Isabel trazer esse tema e este grande samba do Martinho. Vamos continuar ensaiando para que no grande dia possamos ir atrás do nosso sonho mais uma vez. Está maravilhoso. As crianças e toda a comunidade está feliz. Isso é importante e, com certeza, vai emocionar a todos na Marquês de Sapucaí. Vamos fazer um grande desfile. Agora é força total para o ensaio técnico, porque a comunidade vai ‘descer’ em peso para cantar e vibrar com a gente. Vamos fazer bonito na Sapucaí, assim como fizemos no ano passado – só esperamos que não caia aquela água toda (risos)”, comentou o intérprete.
Harmonia
O canto da comunidade também foi um dos destaques desta noite. A força do samba somada ao fenômeno Tinga engrandece a harmonia da escola. A evolução é perceptível a cada ensaio e destaca que os componentes estão felizes com o carnaval que a agremiação levará para a Passarela do Samba. Desde crianças até idosos, todos se unem em uma só voz para levantar o ‘Gbala’ pela avenida. O canto dos mais velhos, em especial aqueles que acompanharam o desfile de 1993, é ainda mais forte. A escola do bairro de Noel tem tudo para levantar a Sapucaí no ensaio técnico e, aos poucos, caminha em busca da nota dez do quesito.
Um dos membros da comissão de harmonia da Vila Isabel, Diego Mendes acredita em uma evolução gradativa no canto dos componentes. Ele destacou o trabalho realizado pelo segmento e a importância de Tinga para o sucesso do samba na Avenida.
“O canto da escola está chegando no nível que acreditamos ser o necessário para alcançar a nota dez. Com certeza, no dia do desfile chegaremos com ela em 100%. É um trabalho de formiguinha, que até o dia do desfile, com certeza, estaremos lá para alcançar a nota máxima. O canto da escola vem surpreendendo bastante, mesmo com esse calor todo a escola não deixou o canto cair. E falar do Tinga é ‘chover no molhado’. Ele faria o ‘Atirei o pau no gato’ virar samba e todo mundo cantaria. Estamos falando de um mestre do canto e uma das referências do carnaval. Com ele, temos a certeza que o canto não caíra em nenhum momento”, comentou Diego.
Evolução
O ensaio começou por volta das 22h e teve cerca de uma hora de duração. Apesar da Boulevard 28 de Setembro não ser uma via muito larga, a escola conseguiu evoluir bem e brincar carnaval. Alegre, a comunidade cantava, sambava e pulava. Algumas alas também utilizaram adereços de mão. A espontaneidade do componente durante o desfile é algo que chama a atenção.
Diego também falou sobre o preparo da escola para o carnaval. Segundo ele, a agremiação agora busca acertar detalhes técnicos para o ensaio na Marquês de Sapucaí e o grande dia do desfile.
“A escola já está praticamente toda definida, com entrega de fantasias e as camisas do ensaio técnico já chegam na próxima semana. Toda escola já está pronta, armada para trazer – além de um bom ensaio técnico – um espetáculo para quem vai assistir”, contou o membro da comissão de harmonia da escola.
Samba-enredo
Um samba curto e leve. Uma obra que já faz parte do cotidiano do torcedor da Vila Isabel há muitos carnavais e atravessa gerações. Com esses temperos especiais o grande samba de Martinho da Vila ganha ainda mais força, e praticamente descreve o que será apresentado pela Vila Isabel na Sapucaí. Para fechar com chave de ouro, a Swingueira de Noel, comandada pelo mestre Macaco Branco, e o carro de som, comandado por Tinga, levantam ainda mais a canção. Assim como nos outros ensaios, o refrão tem sido o ápice do canto.
Para o mestre de bateria, comandar a Swingueira na reedição de ‘Gbala’ é um privilégio. “Costumo dizer que é uma missão divina, na qual Deus deu a honra de poder representar o ‘Gbala’ na Avenida. Em 1993 eu era muito criança, e hoje estou tendo o privilégio de desfilar com esse samba maravilhoso. Você para para compreender a letra e entende tudo que o enredo da Vila quer falar. É um prazer imenso e um trabalho de comunidade”.
Outros destaques
Mais uma vez, a “Swingueira de Noel” deu um show na avenida – estranho seria se isso não acontecesse. Enquanto o tão sonhado dia não chega, os ritmistas ainda terão uma série de treinos: além dos ensaios de rua e de quadra, carro de som e bateria vão treinar no setor 11 da Sapucaí na próxima segunda-feira. Depois, o ensaio técnico do dia 3 de fevereiro será o esquenta final para o desfile da Swingueira de Noel, que contará com 278 ritmistas na Avenida.
Com os arranjos prontos desde maio do ano passado, Macaco Branco explicou que o samba reeditado facilita o trabalho desenvolvido pela bateria. Para ele, a Swingueira está pronta para buscar o gabarito do quesito na Quarta-Feira de Cinzas. O mestre também revelou que não gosta de guardar surpresas para o dia do desfile. O trabalho apresentado até aqui está, de fato, muito próximo do que será levado para o Sambódromo.
“Se o desfile fosse hoje, daria para representar bem a nossa escola. A cada ensaio a gente se diverte. Eu não gosto desse negócio de esconder. Quanto mais esconde, menos treina. A questão é fazer o que vai levar para a Avenida mesmo. No futebol tem muito isso – treino fechado e sem imprensa. Temos que praticar bastante, até porque são 300 músicos amadores, uma galera que pega no instrumento uma vez por semana. A gente tem que formar e ensinar para que o ritmo fique cada vez mais ‘azeitado’”, explicou o mestre de bateria.