O nome da escola de samba do Centro de São Paulo já indica o vermelho e branco que a caracteriza – mas, em 2025, a Colorado do Brás também terá uma terceira cor em destaque: o azul tão característico do maior afoxé de Salvador. Com o enredo “Afoxé Filhos de Gandhy no ritmo da fé” e samba composto por Léo Do Cavaco, Thiago Meiners, Sukata, Claudio Mattos e Rafael Tubino, a agremiação inaugurará o Grupo Especial paulistano, sendo a primeira a desfilar na sexta-feira – 28 de fevereiro. O CARNAVALESCO esteve presente na gravação do samba-enredo para o CD (e, também, para as plataformas digitais), na Fábrica do Samba da agremiação e traz tudo o que importantes componentes da instituição falaram a respeito.
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No clima do azul
Não estranhe ao ver tanto celeste em uma escola vermelho e branca. A explicação está no enredo, já que os Filhos de Gandhy tradicionalmente saem com colares azuis e brancos – além, é claro, dos igualmente tradicionais turbantes e perfume de alfazema. O azul em questão é uma alusão às contas que homenageiam o orixá Ogum, que não se separa de Oxalufã – homenageado com o branco. Quando intercalados, tais contas representam Oxaguiã, o Oxalá menino.
O logotipo do enredo, por sinal, já traz uma imagem majoritariamente azul. E tal cor também foi destaque na gravação, com muito destaque para a cromia nos figurinos de baianas, dos demais componentes e de destaques.
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Além da cor
Falando sobre a Ritmo Responsa, bateria da escola, Carlos Souza, conhecido no carnaval paulistano como mestre Acerola de Angola, destacou o andamento executado pelos ritmistas comandados por ele: “Na gravação a gente vai ir com o andamento em 144, oscilando para 142. A gente quer 144 porque a escola fica mais valente, mais firme, porque a escola vai ser a primeira a desfilar na avenida do Carnaval em 2025, somos a escola que abre o Carnaval. A gente quer um pouquinho mais valente: por mais que seja 144, vai estar mais firme e mais potente para o dia”, comentou.
A bateria também foi indiretamente elogiada por Ricardo Rigolon, o Chanel, arranjador da faixa: “O grande destaque vai ser a parte da batucada, mesmo. De corda a gente está com um time de três cavaquinhos, um bandolim, um violão de sete e um seis. De corda está normal. A batucada vai ter uns atabaques, mas tem lá a parte da percussão toda incrementada”, comentou.
Acerola também destacou uma diferenciação importante que será notada durante a gravação: “Aqui a gente vai fazer duas bossas para a gravação e tem umas intenções no meio do samba alusivas aos Filhos de Gandhy, da Bahia. Chamamos esses movimentos do afoxé de intenção, elas vêm no meio do samba, mas não é bossa. Essa intenção que é passada dá toda a mensagem. Mas, bossa mesmo, serão duas e um movimento especial no final”, afirmou.
Canção inspiradora
A música em questão foi elogiada por um profissional bastante especial para o desfile de 2025 da Colorado do Brás. Para a apresentação, Léo do Cavaco será o intérprete e, também, um dos compositores da obra. Falando primeiramente sobre o resultado do processo criativo, ele destacou o quanto a canção é querida pelos desfilantes: “É uma honra, é uma alegria muito grande, é um momento especial para a escola, para todos da parceria, também. Ficamos muito felizes, foi um ano que a escola confiou na parceria, não teve eliminatória, a escolha foi encomendada e acreditamos que a gente acertou em cheio. A comunidade gostou bem do samba, abraçou bem, e vocês vão ver o resultado”, comentou.
Chanel foi na mesma linha ao elencar um ponto forte da obra: “O mais especial dessa faixa é a energia do samba e da Bahia. O samba da Mancha Verde tem isso também, já que fala da Bahia também. É algo diferente, por gostar muito desse estado. A maneira de tocar, a maneira de executar tudo muda um pouco. O sotaque idem. Eu gostei bastante da faixa, espero que vocês gostem também dos arranjos”, pontuou.
Para a gravação, por sinal, o arranjador da canção exaltou o local em que os Filhos de Gandhy desfilam: “Bahia tem uma magia diferente, né? Tem uma outra energia. A faixa vai ter uma levada de guitarrinha, vai ter ijexá, tem bastante coisa. Como a gente já vem fazendo nos outros arranjos essa é uma faixa especial, já que a harmonia trabalha bastante junto com a percussão ali. Respondendo, conversando, com bastante naipe dos tamborins – que vai estar dobrado com as cordas, com o violão de sete e com o bandolim. E é justamente na Bahia que a gente entra no mesmo clima com essas nuances melódicas. Aí a gente vai acentuar todas”, revelou.
Preparação especial
É claro que a faixa do CD e das mídias digitais será a porta de entrada para o grande público conhecer a canção que embalará o desfile da Colorado do Brás em 2025. E, para ela, Léo tenta sempre se manter tranquilo: “Eu procuro sempre descansar e dormir bastante, acho que o sono é o melhor remédio para a voz. Quanto a tomar gelado ou não confesso que eu sou um pouco relaxado, mas hoje eu procurei evitar por ser uma gravação importante. Hoje eu estou tranquilinho tomando água o dia inteiro e descansei, nada mais que isso”, afirmou.
Sobre a logística dos componentes e da comunidade para a gravação do CD, João Daniel, diretor de Harmonia da escola, comemorou o fato de todos na Colorado gostarem de confraternizar em ocasiões especiais: “A gente sempre combina com o nosso povo, todo mundo é próximo aqui da região. Devido ao horário, marcamos na frente do nosso barracão – e foi bem fácil essa logística. A gente sempre marca algumas coisas dessa forma, o povo gosta de se encontrar mais facilmente. E a gente deu prioridade nessa gravação para os chefes de ala e para os apoios deles, são eles que estão começando o nosso trabalho também quanto a essa logística e a coreografia que a gente fez hoje. Eles já estão iniciando os trabalhos com os componentes”, pontuou.
Já falando sobre o eterno dilema de um intérprete (soltar-se e transmitir emoção ou buscar a perfeição técnica), Léo preferiu o meio-termo: “Eu procuro mesclar a parte técmica com a emoção, assim. Tento não ser muito só focado na emoção porque às vezes atrapalha. Mas, por ser uma gravação ao vivo, a gente vai tentar dar essa cara de avenida, trazer um pouco mais de punch, de pegada”, verbalizou.
Para o desfile
Já pensando em 2025, Acerola manteve o mistério: “Sobre o desfile é surpresa! Tem muita coisa ainda, se eu contar para você perde a graça. Maspode esperar bastante Bahia. A gente vai tocar Bahia literalmente, a gente vai tocar bastante Filhos de Gandhy, bastante afoxé, bastante tudo da Bahia. A gente está se preocupando muito em estudar, em entregar o trabalho da Bahia porque é o enredo da escola, é um enredo muito bom, muito rico. A gente está preocupado em entregar o ritmo, porque quando você fala de Bahia você quer ouvir o som. A gente está preocupado em entregar o som o mais próximo da Bahia possível”, prometeu.
João Daniel foi enfático ao destacar o que o mundo do samba paulistano pode esperar da vermelho e branca: “Podem esperar muito canto, muita alegria, muita da energia do povo da Bahia. Vai ser sensacional o nosso desfile! Venham com a gente!”, finalizou.