Por Gustavo Lima e fotos de Fábio Martins (Colaboraram Naomi Prado, Lucas Sampaio, Nabor Salvagnini e Will Ferreira)
Encerrando a temporada de seus três ensaios técnicos, a Colorado do Brás realizou neste domingo o seu terceiro e decisivo treino no Anhembi. O destaque principal ficou para a comissão de frente coreografada por Paula Gasparini. Aparentemente o teatro consistia em “abrir os caminhos para Exu”, onde o ator central representava a entidade e era o destaque na encenação o tempo todo. Uma coreografia complexa feita em uma passada do samba ficou em maior evidência no ensaio. Outros quesitos como o canto e uma evolução leve também merecem uma menção honrosa.
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“Acho que nós chegamos aonde queríamos e no momento em que queríamos. A estratégia de fazer três ensaios técnicos, sendo um deles o segundo, um pouco mais focado no primeiro setor, com menos gente, mas com mais estratégia, chegamos hoje no que nós queríamos, com grande parte da escola aqui conosco, as alas compactas e cantando bastante. No primeiro ensaio, a escola surpreendentemente cantou muito e acho que hoje ela cantou o que gostaríamos que cantasse. Nós estamos tranquilos para chegar no dia do desfile e fazer o que temos que fazer na pista. O nosso samba está na boca dos componentes, a nossa evolução está muito tranquila, estamos passando com bastante tempo de sobra. Nós chegamos nesse último ensaio, faltando um pouco menos de 20 dias, mas chegamos com a tranquilidade de que estamos no caminho certo”
Comissão de frente
A ala, comandada por Paula Gasperini, foi o grande destaque do ensaio. Uma coreografia complexa que mostrou as raízes dos Filhos de Gandhi. A encenação se resumia em uma passagem do samba. Nela, havia a figura a figura da entidade Exu, que ficava centralizada e interagia com o grupo do tripé. Outros bailarinos estavam vestidos com roupas típicas da Bahia e carregando sacos logo no início da apresentação. Além disso, havia componentes mulheres com vestidos e três destaques no elemento alegórico que representavam algo diferente – Uma mulher entregava um prato, que aparentava ser uma espécie de alimento para Exu. O tripé estava todo coberto e não deu para identificar o significado. Não dá para nomear ao certo os personagens, somente sabendo no desfile oficial.
Contudo, a interpretação que fica é que a comissão se trata de “abrir os caminhos pra fé da Bahia”, visto que tem a figura de Exu como principal fonte da dança.
Mestre-sala e Porta-bandeira
O casal Brunno Mathias e Jéssica Veríssimo, realizaram um ensaio que mesclava entre a coreografia dentro do samba e a evolução pela pista. Notou-se que a dupla optou por algo mais estratégico, executando os giros e estendendo o pavilhão para os lados esquerdo e direito das arquibancadas à medida que a escola evoluiu, somente realizando a coreografia próxima das cabines de jurado.
Jéssica contou que foi o melhor deles, executando tudo corretamente. “No primeiro ensaio nosso, estávamos ainda reconhecendo o terreno. Já esse foi muito melhor e o da chuva foi sensacional. Por incrível que pareça foi surreal, mas hoje passamos redondinho, fazendo tudo o que aremos no dia do desfile oficial. Foi um ensaio incrível sem chuva, pegamos um pouquinho de vento, mas é normal, já estamos acostumados. Foi um ensaio magnífico para a nossa escola, para nós também, portanto eu e o Bruno passamos corretos”, disse a porta-bandeira.
Brunno foi além e disse que não tem nada a acrescentar, e agora é aguardar o dia do desfile. “Eu não tenho nada para ajustar, nós não temos mais oportunidades, só os específicos. Passamos bem, as finalizações tranquilas, a coreografia também. Estou muito feliz. Como a Jéssica disse, o primeiro a gente não reconhecia muito o terreno, o segundo foi embaixo de chuva forte e o terceiro foi com clima bom. Estamos muito felizes e que venha o nosso desfile oficial para darmos o nosso melhor pela nossa escola e por nós também. Trabalhamos para nos sentirmos bem e felizes”, completou o mestre-sala.
Harmonia
É mais um samba-enredo que a escola abraçou, tendo uma melodia do jeito que a Colorado gosta. A comunidade teve um canto satisfatório, linear e toda a escola sabe a letra, cujo é bastante fácil de pegar juntamente com uma melodia descontraída. Os últimos versos ecoaram forte junto com o refrão principal. O cantor Léo do Cavaco com seu carro de som contribuíram para isso.
“É um samba que foi muito pensado para o horário que vamos desfilar, primeira escola da sexta-feira. É uma obra para fazer uma abertura muito forte e nós conseguimos acertar nisso. São dois refrões muito bons, o samba empurra muito bem a escola, mas vamos esperar o desfile e trabalhar para acontecer melhor do que foi hoje’’, declarou o intérprete Léo do Cavaco.
Evolução
Acompanhando a leveza do samba-enredo, a escola desfilou solta. Os componentes evoluíram esbanjando felicidade ocupando a pista dançando de um lado para o outro nas fileiras. É uma estratégia bem usada nos dias de hoje para fazer o componente aproveitar, além de ser uma maneira de ocupar o espaço de forma nítida. Vale destacar o efeito nos últimos versos, onde os componentes se abaixam e pulam: “Pra saudar/Clara, Caetano, Gil e outros mais…” – Bexigas e adereços de mãos que as alas levaram deram um visual especial ao ensaio.
Samba
O intérprete Léo do Cavaco, ainda em recuperação de lesão na sua perna, desfilou em pé, mas com uma bengala para se apoiar. Isso não foi problema para diminuir o seu rendimento, onde novamente, junto com a sua ala musical, colocou a escola para cima. Porém, quando o carro de som estava perto do Setor A, houve um problema com o microfone de Léo e a ausência foi sentida, pois escutando as caixas de som, a voz do cantor se sobressaia muito em relação aos apoios. Foram três ou quatro passagens do samba sem a voz do intérprete oficial.
Léo do Cavaco comentou sobre o ocorrido, dizendo que para ele não comprometeu. ‘’Hoje o microfone falhou algumas vezes por questão de sinal, porque nessa época ainda não tem fiscalização. Pode ser que tenha alguma interferência, pode ser bateria do microfone. Não perguntei ainda para a equipe, talvez seja algo disso, mas foi tranquilo, eles trocaram rapidinho e não comprometeu’’, contou.
O intérprete avaliou o ensaio e disse que todos os detalhes que precisavam ser ajustados eles conseguiram. “Foi muito bom. Nós tínhamos alguns detalhes para consertar, conseguimos ajustar tudo o que precisava. Depois vou ouvir em casa, porque ali no ao vivo você não tem muita noção. A princípio achei muito legal, a escola cantou bastante, a bateria também veio tirando onda e foi tudo ok”, disse.
Outros destaques
Bossas e grande sustentação ao samba marcou o ensaio da “Ritmo Responsa”. O mestre Acerola de Angola avaliou o treino. “Achamos um ensaio muito bom, estamos evoluindo a cada dia. Temos uma bateria que é 100% da casa e 70% da bateria começou a escolinha esse ano. É muita gente nova, muita gente tem aquela emoção, aquela euforia de primeiro desfile ainda. Fomos muito bons hoje, evoluímos muito, ainda tem mais um ensaio técnico de bateria quinta-feira, dia 13, específico e melhoraremos muito mais até o dia do desfile. Tem uns pequenos detalhes para arrumar ainda, mas vai dar tudo certo, se Deus quiser”, destacou.
O mestre ainda revelou que terão surpresa no dia do desfile oficial. “Os andamentos e as bossas foram muito bons para nós. No andamento, estamos seguindo o que o presidente da escola quer, o que o samba pede e para o dia do desfile tem várias surpresas ainda, que não vamos contar todas mas algumas já estamos ensaiando, teremos um instrumento que é o guiso, um instrumento que não é de bateria, estamos usando na hora da magia, ele representa a magia, e aos poucos estamos pondo mais coisas de detalhes que a gente não está ensaiando aqui e sim na quadra para ser surpresa no dia do desfile, para o pessoal se surpreender com a Colorado”, completou.
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