Por Matheus Mattos. Fotos: Felipe Araújo/Liga-SP
A Acadêmicos do Tatuapé apresentou um ensaio técnico mais vibrante, com correções no quesito de evolução e domínio técnico do módulo musical.
“Nós tivemos alguns erros no último ensaio. Viemos aqui pra corrigi-los e superarmos os ensaios do ano passado. Acredito que batemos a meta. Esse lado técnico que a Tatuapé desenvolveu, torna o trabalho muito natural”, disse o vice-presidente Erivelto Gonçalves.
Samba-enredo
A postura do carro de som da agremiação foi o ponto que mais se destacou na noite. Primeira questão observada foi, durante a segunda passagem da estrofe final, Celsinho pediu para que todas as cordas, violões e cavacos, parassem de tocar. O time de canto seguiu sem harmonia até o refrão de cabeça, quando a bateria entrou na bossa. Segundo, em determinados momentos o intérprete cantava um trecho do samba sozinho, mais especificamente na retomada da segunda estrofe. Os cantores voltam no trecho “meu lugar”.
Terceiro, as cordas também recebem destaque pela postura ousada e arranjos em todo momento do samba. Um dos principais é durante a bossa executada na parte “sinto os perfumes das flores”. Enquanto apenas as marcações tocam (ponteia viola), os cavacos executam uma espécie de crescente. Eles também desenham em trechos mais curtos, como no “puxe o fole sanfoneiro”.
O que mais se destacou foi a conversa entre cordas e vozes. Na parte “lê lê lê lê lê a”, do segundo refrão, os cavacos perguntam, as vozes respondem, e isso dura até o final do refrão. O pai do cantor Celsinho Mody acompanhou o filho durante todo o treino ao lado do carro de som.
Harmonia
O quesito é um dos grandes destaques da escola, foi no primeiro, e se repetiu na última noite. As alas cantam o samba com gás, empenho e, o detalhe mais importante, com clareza em cada letra. Os dois refrões principais, “sinto o perfume das flores” e “Ê viola” são os trechos pronunciados com mais vibração.
Evolução
A entrada no recuo da agremiação tinha sofrido com algumas desatenções no primeiro técnico. Já no segundo, a equipe de harmonia estava atenta e executou a manobra de forma correta. Diferente das entradas “convencionais”, a Tatuapé tem uma ação cenográfica com a ala da frente. Os bailarinos antecedem a entrada no recuo, se separam no box e vão de encontro com os ritmistas. A ala preenche o vazio e, conforme a escola anda, as fileiras vão se desfazendo até corrigirem. A princesa da bateria, Priscila Araújo, ajudou a orientar a corte nos preenchimentos dos pequenos espaços vazios e na recomposição.
Analisando coreografia, a ala 10 traz movimentos que utilizam bastante os braços. São passos que o componente não precisa sair do lugar pra executar. A escola também trouxe muitas variações de cores no último setor. Todas as alas são separadas por camisetas específicas, que contém nome da fantasia e número da posição no desfile. A escola encerrou o técnico com cerca de 62 minutos.
Mestre-sala e Porta-bandeira
O espaço demarcado para o casal oficial dançar, atrás da comissão de frente, contou com o bailado do casal mirim, André e Maria Eduarda, do projeto casal foguinho. A dupla oficial, Diego e Jussara, estava logo atrás da primeira ala. Durante apresentação à torre 04, segundo jurado do quesito, eles demonstraram muita elegância, simpatia e clareza na realização de cada passo, mesmo na movimentação de um passo sútil.
Bateria
A Qualidade Especial manteve o domínio técnico apresentado no primeiro ensaio. Assim como foi pontuado na última análise, as bossas trabalham os diferentes timbres das marcações, ataques precisos de caixas e valorização de trechos vazios pra destacar o canto da escola. Durante a manobra do recuo, os leves não param de tocar.
Comissão de frente
O quesito trouxe uniformidade nas vestimentas dos bailarinos, porém apensavam alguns detalhes que diferencia. Ele evoluem com uma capa, branca do lado de fora e verde do lado de dentro. A comissão tem passos rápidos e bem sincronizado. Eles dançam com 14 homens e uma mulher, no caso, a personagem principal.
Outros destaques
Um destaque positivo do treino ficou por conta do grupo cênico da segunda alegoria. Junto à velha-guarda, os componentes tem a dança voltada as arquibancadas.