Aldir Blanc entrou num boteco da Muda, reduto de sambistas da Império da Tijuca. Esbarrou, sem querer, no violão de um sujeito que estava cantando. O cara pensou que fosse provocação e se estourou com o poeta.

Com o seu jeitão de boa-paz, Aldir pediu desculpas e disse que também gostava de fazer sambas. O do violão arregalou os olhos, desconfiado, e desafiou o barbudo:

– Então, leva um samba aí!

Apesar da timidez, Aldir pigarreou, limpando a garganta, e puxou:

18jan Aldir2

– Caííía… a tarde feito um viaduto/ E um bêbado trajando luto/ Me lembrou Carliii…

O do violão interrompeu, bruscamente, mostrando-se mais zangado ainda:

– Peraí, ô! Esse samba é de um tal de Aldir, que mora ali na Rua Garibaldi!

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