No encontro com os representantes das Escolas para fixação de critérios de julgamento do quesito Fantasias, um dos jurados deixou bem clara a sua posição sobre figurinos com letreiros:
– Essas legendas devem ser abolidas, pois tiram toda a beleza da fantasia, que deve ter leitura própria.
O presidente de uma agremiação discordou. Defendia que toda e qualquer explicação é válida para que o público entenda o que está vendo. Citou o exemplo do ano anterior, quando várias alas de sua Escola representavam antigos blocos carnavalescos. Os letreiros ajudavam a identificar os nomes dessas agremiações que não existiam mais. E concluiu:
– Meu senhor, nós fazemos carnaval para o público. A participação do público representa o sucesso de nosso trabalho – afirmou.
O presidente de outra Escola discordou:
– Nem sempre, meu amigo – e explicou o que acontecera com a sua Escola, cinco anos antes. Contou que em determinado momento do desfile, as arquibancadas explodiram de alegria. As pessoas aplaudiam, gritavam, vibravam a valer. E isso acontecera de repente, sem que houvesse uma razão específica para tamanha empatia.
Prosseguiu:
– Quando começava a achar que o público estava gostando mesmo de nosso desfile, descobri que o motivo era outro. Uma de nossas passistas se empolgou mais do que devia, tirou a fantasia e correu para a galera. Foi um delírio, de ponta a ponta das arquibancadas.
– E arrematou:- Mas aí, vieram os fiscais da Comissão de Obrigatoriedades e meteram a caneta, sem dó, nem piedade. Perdemos dois pontos e quase descemos.
O primeiro presidente ficou intrigado. Interrompeu o colega e perguntou:
– Por que? Acharam que a moça teve um comportamento inconveniente?
O segundo explicou:
– Pior, meu amigo, ela mostrou a "genitália desnuda".