A equipe do CARNAVALESCO acompanhou mais uma etapa de eliminatória de samba-enredo do Salgueiro para o Carnaval 2025. Abaixo, ao longo do texto, você pode conferir a análise de cada apresentação. Nesta noite se apresentaram 10 sambas da Chave Vermelha e o que ficou bem claro foi o equilíbrio entre as parcerias, tanto das que contam com nomes mais reconhecidos historicamente na competição de samba-enredo da academia quanto as que mais recentes ou com compositores não ainda sentiram o gostinho da vitória. A previsão é de que nesta segunda-feira aconteça o anúncio de quais parcerias vão continuar na disputa do Torrão Amado. * OUÇA AQUI OS SAMBAS

Parceria Tico do Gato: Abrindo a noite, a primeira parceria foi formada por Tico do Gato, Samir Trindade, Tião Casemiro, Romeu d’ Malandro, Gladiador, Geraldo M. Felicio, William Ramos, Josy Pereira, Telmo Augusto e Igor Leal. A obra foi interpretada por Ito Melodia, Pixulé e Marquinho Art’Samba, aposta em um trio experiente de cantores do Grupo Especial. Os artistas mostraram bastante disposição e implementaram muita potência na obra, ainda que ela ainda não esteja 100% na veia e que permitisse mais interação na melodia, até pelo tempo de três passadas. Destaque para o refrão principal, “eu vou seguir sem medo…”, mostrando uma melodia bem gostosa, remetendo a sambas antigos, ainda que a segunda parte tivesse algumas frases melódicas mais parecidas, trazendo pouca variação. A torcida compareceu com bandeiras e foi um destaque pela energia e interação. A quadra se manteve interessada, ainda que sem uma grande explosão.

Parceria Luiz Orlando: A segunda parceria a se apresentar na noite era formada pelos compositores Luiz Orlando Baptista (representante Oficial), Antônio Miguel Fernandes, Maurício da Fontoura, Cláudio Glutter, Paulo Roberto Andel e Joel Correia de Lima. A parceria não apostou em nenhum nome de maior impacto nos microfones para a apresentação. Com dignidade e animação deu o seu recado através dos próprios compositores cantando. Destaque para o refrão principal “Laroye, oyê, exu, Exu da capa preta” que apresentava o ponto alto da obra. Música de estrutura um pouco diferente dos sambas da contemporaneidade, mas com um charme de melodias mais antigas. Faltou um pouco mais de clareza na apresentação para a questão de melodia. Não conseguiu arrebatar muito o público.

Parceria Paulo César Feital: De composição de Paulo César Feital, Benjamin Figueiredo, Tiãozinho do Salgueiro, Rodrigo Gauz, Tomaz Miranda, Patrick Soares, Gilberth Castro, Osvaldo Cruz, Bruno Papão e Vagner Silva, a obra foi interpretada pelos cantores Leonardo Bessa, Wic Tavares, Chitão Martins e Dowglas Diniz. O quarteto esquentou a noite de apresentações com muita energia. O refrão “zum zum zum, é escola de malandro seu Zé” foi o destaque com uma pegada bastante para frente. Aliás, a obra, no geral, tem essa característica, de ser para frente, explosiva. Não é tão melódica, mas tem pontos muito fortes de potência e energia. Boa apresentação. A torcida também veio em peso, cantando bastante, com bandeiras e muita animação. Pode crescer nas próximas apresentações.

Parceria Edu Chagas: A parceria formada por Edu Chagas, Professor Avenas, Baez, Vânia Moraes, Walter Lopes, Beto Bombeiro, Luiz Vieira, PC Lopes, Silvia Santana e Pedro Bastos, foi a quarta da noite. Comandados por Maninho e o próprio Edu Chagas no palco, a parceria apresentou uma obra com variações melódicas interessantes, em sua maioria com construções melódicas aludindo a obras mais antigas, e com outras construções menos óbvias do que temos visto nos últimos anos. O andamento casou bem com a “Furiosa”, evoluindo de forma bem gostosa, cadenciada, ainda que sem tanta explosão. É uma obra que talvez seja interessante apostar em sua evolução ao longo da disputa, pode construir coisas interessantes. Destaque para o desempenho do intérprete Edu Chagas que mostrou qualidade na voz, afinação e desenvoltura no palco.

Parceria Alexandre Guerra: Formada pelos poetas Alexandre Guerra, Toni Bach, China do Cavaco, Wolkester Rolleigh, Jorge Blaublau, Eliezer meia noite, Geffson Coimbra, Luiz Vaz, Fernando Silva e Paulo Larrê a parceria não apostou em grande nomes para comandar o microfone, mas trouxe um grupo bem afinado e animado para defender a obra. Mostraram qualidade e desenvolveram bem um samba que parte por procurar um caminho melódico mais tradicional, aludindo bastante a melodias de obras mais antigas. Andamento bom, ainda que um pouco mais cadenciado para a tradição da furiosa. Destaque para o trecho na segunda parte com o “Ê Juremê, Ê Jurema” que trazia bastante balanço para a obra. A torcida veio em menor número, com alguns balões e bastante animação.

Parceria Xande de Pilares: Com a autoria de Xande de Pilares, Pedrinho da Flor, Betinho de Pilares, Renato Galante, Miguel Dibo, Leonardo Gallo, Jorginho Via 13, Jefferson Oliveira, Jassa e W.correa, a sexta parceria desta eliminatória foi comandada no palco por Pitty de Menezes e Charles Silva, com o reforço de Igor Vianna. A apresentação trouxe mais público para o meio da quadra, pessoas que estavam nas mesas, além de um grande contingente de torcedores. A obra mostrou uma boa energia para esse momento ainda inicial de disputa. É um samba com andamento mais para frente, bem ajustado às características da “Furiosa”. Pode crescer bastante, principalmente, na linha melódica, destaque para o refrão “Macumbeiro, mandingueiro…” , que apresenta muita energia e potência. Já a torcida trouxe, além das bandeiras, uma espécie de velas elétricas aludindo ao enredo.

Parceria Bernardo Nobre: Formada por Bernardo Nobre, João Moreira, Vitor Lajas, André Aleixo e Barreirinha, a parceria esteve sob o comando do cantor Chicão no microfone principal, reforçado de boas vozes de apoio, principalmente, as femininas. A parceria trouxe uma obra de linha melódica bastante interessante, não muito óbvia para o que se entende de Salgueiro, mas trazendo uma rica coleção de variações melódicas. Destaque para os dois refrãos, “Lá vem Salgueiro” e “Eu não ando só”, mas principalmente o início da segunda parte com ” E assim, do corpo fechado…”. Mostrou boa energia, apesar de a apresentação acontecer em um momento de quadra mais vazia. A torcida foi pequena, mas mostrou animação. A obra pode crescer ao longo da disputa.

Parceria Moisés Santiago: De composição dos autores Moisés Santiago, Gilmar l Silva, Aldir Senna, Orlando Ambrosio, Richard Valença, Wilson Mineiro, Gigi da Estiva, Alexandre Cabeça, Marcelo Fernandes e Leandro Thomaz, a oitava apresentação da noite foi comandada por Serginho do Porto, tendo como reforço Tem-Tem Jr e Tuninho Jr. A parceria trouxe um samba que encaixou muito bem, tendo andamento confortável e característico para a “Furiosa”. A obra também tem características melódicas bem relacionadas com a tradição do Salgueiro. Apresentação muito boa, com vibração e participação da quadra. Na torcida, a parceria tem como característica trazer elementos teatrais. Dessa vez, alguns personagens das religiões de matriz africana se fizeram presentes até interpretados por alguns passistas da Academia do Samba.

Parceria Luiz Mangará: Penúltimos a subir no palco, a parceria, formada por Luizão Mangará, Rico Teixeira, Ananias, Hemínio, André Lino, Jota Ailton, Vinícius e André Monteiro, não apostou em nenhuma grande voz, mas trouxe um time de vozes que era reduzido, entretanto, bem afinado e conhecendo muito bem a obra. O samba passeia por uma linha melódica não tão característica do Salgueiro e o andamento mais cadenciado também não é tão característico da furiosa. E, a apresentação, por ser já no final, e acontecer após uma boa sequência de obras, acabou se colocando de uma forma mais fria e com a quadra já esvaziada. Poucos componentes na torcida também contribuíram para uma apresentação que teve pouca receptividade do público.

Parceria Maralhas: Encerrando esta eliminatória do Salgueiro, a obra, dos autores Maralhas, Filipe Zizou, Luciano Gomes, Felipe Petrini, Queiroga, Ailtinho, Luiz Annunciação e Rogerinho do Salgueiro. Comandado pelo trio de vozes principais formado por Nêgo, Tiganá e Igor Pitta, a obra teve energia e contou ainda com mais alguns bons reforços nas vozes de apoio. Samba mais cadenciado do que a “Furiosa” está acostumado a levar de andamento, mas com um balanço gostoso, principalmente no refrão do meio “Na Bahia, a cura do patuá….”. O samba tem uma pegada diferente do que normalmente se vê recentemente de Salgueiro, mas pode retomar tempos mais antigos quando a Academia apostava neste balanço e nesta cadência. A torcida compareceu em bom número e mostrou animação com bandeiras e balões. Apresentação positiva, sem grande explosão, mas que encerrou bem a noite.