Embalada pelo chamego bom demais proporcionado pela ludicidade do seu enredo, a Tom Maior tomou o asfalto do Bom Retiro para a realização de seu ensaio de rua no começo da noite do último domingo. Saindo do início da Rua Sérgio Tomás, a quarta escola a desfilar na primeira noite de carnaval, fez um percurso de ida e volta pelas 2 vias da rua, totalizando cerca de 1km, que foi registrado a todo momento pelo site CARNAVALESCO.
Nem mesmo a chuva conseguiu espantar a comunidade apaixonada da vermelho-e-amarelo, que apareceu em grande número em um ensaio marcado pelo sentimento acolhedor irradiado seus componentes. O diretor de carnaval da escola, Judosn Sales, destacou a importância desse ensaio para a escola.
“Nesse ano, onde teremos menos datas para ensaios técnicos, os ensaios de rua se tornam especialmente importantes para que você consiga fazer uma gestão de movimentação da escola, de fluxo de tempo. Principalmente por causa da nossa comissão de frente, para fazer um trabalho com a nossa alegoria de comissão. São momentos muito importantes que a gente tenta praticar o que será colocado na avenida”, disse.
A pandemia da Covid-19 impôs desafios para a escola, segundo o diretor. “Acima de tudo nós temos que trabalhar o entrosamento com a comunidade. Estamos está saindo de um momento tenso, complexo de crise sanitária. Tivemos ensaios muito esvaziados até então. De uma maneira muito responsável, suspendemos os ensaios de rua durante o mês de fevereiro. Estamos retomando agora o primeiro ensaio de rua, que envolve toda a comunidade. Teremos certa dificuldade a princípio de entrosar com a comunidade para fazer isso acontecer. Mas como a grande maioria da comunidade da Tom Maior é um pessoal que desfila conosco já há bastante tempo, eu acredito que isso é algo que conseguiremos alinhar muito rápido”, destacou.
Apesar das adversidades, Judson foi bastante claro quanto a quais são os objetivos da escola nesse carnaval. “Acima de tudo prestar contas de tudo que vimos desenvolvendo nesses últimos 2 anos. A Tom Maior se empenhou muito em fazer o melhor carnaval da sua história para 2021. Não pôde ser em 2021, está sendo feito agora para 2022. Seria muito melhor fazer na data correta, com 5 carros alegóricos, com público completo, sem esse clima que estamos vivendo hoje. Mas é o que nós temos e vamos fazer o mais bonito que podemos fazer nesse contexto que temos”, concluiu.
A bateria Tom 30 se destacou no ensaio, mostrando grande entrosamento dos comandados por mestre Carlão, que exaltou o ensaio da escola. “Para nós é muito importante porque aqui realmente representa um cenário muito próximo do que é na avenida. Fazemos isso há muitos anos, tem surtido resultado e nós confiamos no ensaio de rua. Nosso trabalho segue o mesmo, buscando sempre a excelência, a técnica, mais ritmo, e agora também buscando muita criatividade. Estamos aí trabalhando”, declarou.
Com a missão de defender o pavilhão da Tom Maior junto com a porta-bandeira Simone Gomes, que é a sua esposa, o mestre-sala Jairo Silva contou quais são os objetivos que se espera no ensaio de rua. “Esse ensaio que fazemos na rua é o chamado ‘ensaio-preparo’ para o carnaval na avenida. Esse ano infelizmente só teremos 1 ensaio técnico, dia 27 desse mês. Fazemos esse trabalho para desenvolver a nossa dança, a nossa bateria e outros segmentos”, explicou.
Jairo também revelou o que o primeiro casal da escola estará representando no desfile, além de expressar seu sentimento para o ensaio técnico no sambódromo. “A Tom Maior vem apresentando o Pequeno Príncipe, e viremos representando o Pequeno Sertão. A expectativa é muito grande para o ensaio. Por causa dessa pandemia o carnaval mudou a data, então estamos com a energia muito boa para entrar com tudo na avenida”, finalizou.
Depois de quase 2 horas de ensaio, o intérprete da escola Gilsinho exaltou a importância de todo trabalho feito. “Sempre é muito importante para a movimentação e a evolução da escola. Dentro da quadra não conseguimos fazer isso. Mas aqui na rua fica fácil, caminhando, andando sempre pra frente. A escola evolui bem, canta muito bem, e temos uma dimensão de som melhor. É sempre importante fazermos nossos ensaios de rua”.
Em seu ano de estreia pela escola do Sumaré, o cantor demonstrou otimismo ao falar do que espera do desfile. “A expectativa é a melhor possível. A Tom Maior é uma escola que vem fazendo bons carnavais já há algum tempo e está merecendo um título. Estamos muito felizes com o andamento do trabalho. A escola está pronta, barracão pronto, fantasias prontas. A escola está com uma organização muito boa, e só estamos aqui ajudando algumas coisas que precisamos ajustar aqui na rua mesmo. Temos certeza que faremos um grande carnaval”, completou.
Após um discurso marcante, a presidente da escola Luciana Silva contou um pouco sobre a relação da Tom Maior com as ruas da cidade. “Nós já temos a tradição do ensaio de rua. Nós não temos quadra, então é o único lugar onde conseguimos reunir pelo menos de 80 a 100% dos componentes. Eles estão acostumados, já que ensaiamos nessa rua há 6 anos. Então aqui é o nosso espaço, nosso lugar, e onde conseguimos ver o entrosamento e ter uma média do que vamos levar para o Anhembi”.
Indagada sobre o fato da escola desfilar no dia 22 de abril, dia do descobrimento do Brasil, Luciana almeja oferecer a quem for ao Anhembi um grande espetáculo. “O público vai descobrir um encanto enorme. Vai descobrir que uma história da Europa coube no Brasil e se adequou ao Nordeste. A escola estará colorida e trará muita esperança, pois é o que estamos precisando nesse momento. Esses ensinamentos que são tão básicos, que vem das crianças e que às vezes não prestamos atenção. É uma mínima frase: É o acreditar, o entender o outro, o olhar o outro”.