Por Lucas Sampaio e fotos de Fábio Martins (Colaboraram Naomi Prado, Gustavo Lima, Nabor Salvagnini e Will Ferreira)
A Unidos de Vila Maria realizou no último sábado seu segundo ensaio técnico no Sambódromo do Anhembi em preparação para o desfile no carnaval de 2025. A atuação corajosa de Kawê e Nathalia, superando os desafios do clima sem perder a elegância, foi o principal destaque do treinamento da escola, encerrado após 56 minutos na Avenida. A Mais Famosa será a quarta a se apresentar pelo Grupo de Acesso 1 com o enredo “O Planeta Terra pede socorro. É tempo de renovar e preservar!”, assinado pelo carnavalesco Eduardo Caetano.
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Vinda de um primeiro ensaio já com um desempenho positivo, a Vila Maria mostrou uma evolução ainda maior e deixou o diretor de carnaval Júlio César Dias Alves, o Queijo, animado.
“A escola está vindo numa evolução muito grande. No primeiro ensaio tiveram alguns erros, algumas coisas que nós estudamos bastante para esse segundo. Vamos chegar para o último dia e mostrar o que é, vamos voltar para o lugar merecido que não deveríamos ter saído. Trabalhamos muito, estamos quietos, é só trabalhar e se Deus quiser, Deus vai abençoar”, avaliou.
O diretor está orgulhoso do desempenho de sua comunidade e confiante ao avaliar o saldo positivo da Vila Maria e o que ainda pode ser afinado até o dia do desfile.
“Um ponto positivo da escola é a alegria, o canto e o que pode ser ajustado é sempre mais. Nunca estamos contentes, sempre achamos que tem que melhorar mais, mas eu estou muito feliz de verdade. Estou indo embora satisfeito com o ensaio de hoje e no dia 2 eu tenho certeza de que vai ser um espetáculo”, disse.
Comissão de Frente
Ensaiada pela coreógrafa Taiana Freitas, a comissão de frente da Vila Maria conseguiu manter o excelente desempenho do primeiro ensaio aliado a evoluções. Suas coreografias estão mais firmes e confiantes, e neste ensaio contaram com o tripé com um estágio mais avançado de montagem, mesmo que a finalização ocorra apenas para o desfile. O quesito, que retratará no primeiro ato o lado da destruição do planeta com uma explícita antagonista no topo da alegoria, e no segundo ato mostrando a atuação dos elementos de preservação, traz segurança para a escola pelas boas expectativas de nota.
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
O primeiro casal da Vila Maria, formado por Kawê Lacorte e Nathalia Bete, foram o grande destaque do segundo ensaio com uma apresentação valente. Nos dois primeiros módulos, a dupla encarou ventos muito fortes, mas souberam lidar com calma e sem perder a elegância. Para os segundos jurados, as lufadas tornaram o pavilhão arisco, principalmente na hora de apresentá-lo, mas Nathalia e Kawê souberam ter paciência e agiram no momento certo. Nos módulos finais o clima ajudou, o que permitiu aos guardiões do manto da Mais Famosa brilharem, executando todas as obrigatoriedades adequadamente com sintonia e brilho no olhar.
O mestre-sala saiu muito orgulhoso do trabalho executado na Avenida neste segundo ensaio ao analisar o desempenho do casal.
“Eu falei na última entrevista que estávamos muito satisfeitos com a nossa coreografia e que não tinha muita coisa para mudar. Porém, dentro de uma semana, nós mudamos muitas coisas e ensaiamos bastante para poder fazer essas mudanças. Deu muito certo, deu tudo positivo, nós não erramos em nenhum jurado foi um ensaio perfeito. Falando de energia, estava muito forte, muito boa, positiva, tenho certeza de que a mudança que propusemos para esse ensaio deu certo”, avaliou.
Os fortes ventos que podem ocorrer durante a passagem na Avenida impactam especialmente o trabalho da porta-bandeira, e Nathalia explicou os desafios que encarou, além de exaltar o saldo positivo do segundo ensaio geral do casal.
“Esse foi um ensaio bem difícil. O Kawê disse que foi perfeito, mas para mim foi muito difícil por conta do vento. O vento, a chuva, para nós que somos porta-bandeiras é muito cruel. Por mais que tenhamos conseguido ajustar nas duas últimas semanas os deslocamentos de pista e o que faltava nos jurados, o vento ele atrapalha um pouco a desenvoltura. Mas tirando isso, foi um ensaio onde nós conseguimos colocar em prática todas as pontuações que faltaram no primeiro ensaio. Isso foi um ponto muito positivo porque hoje é quando nós fazemos principalmente as últimas alterações para o dia do desfile”, afirmou.
Harmonia
Ainda mais espontânea e mais vívida, a comunidade da Vila Maria representou muito bem seu papel e engrandeceu ainda mais o bom ensaio da escola. Quando acionados pelas constantes bossas da “Cadência da Vila”, a Avenida se tornou um fervor. É evidente que o senso de compromisso com os objetivos da Mais Famosa neste carnaval está forte nos componentes, dispostos a brincar o carnaval ao máximo como deve ser.
Evolução
Na primeira parte do ensaio, a Vila Maria manteve um ritmo seguro de evolução, com boa compactação entre as alas e realizando um bom recuo de bateria. Na metade final, porém, notou-se um pequeno acelerar do passo, gerando breve descompasso entre o terceiro carro e a ala que vem logo à frente. Os portões se fecharam aos 56 minutos, então a escola possui margem para passar pela Avenida de forma mais tranquila.
Samba-Enredo
Clayton Reis teve novamente uma boa atuação à frente do carro de som da Vila Maria. O intérprete conseguiu conduzir com segurança o samba da escola e contribuiu para animar o canto da comunidade, fazendo junto à bateria uma apresentação de alto nível.
“Esse segundo ensaio técnico acho que veio mais firme. Eu acho, eu não estou puxando sardinha, acho que foi muito bom, foi muito melhor que o primeiro. O primeiro foi mais para esquentar, mas após o segundo eu achei que o nosso carro de som está preparado e vai vir com muita força, com muita energia”, avaliou Clayton o desempenho do carro de som no ensaio.
O desempenho do samba neste segundo ensaio agradou o intérprete, sendo fruto de pedido realizado nos ensaios realizados desde a última passagem geral pelo Anhembi.
“Eu achei que foi muito melhor, muito superior ao primeiro ensaio. Acho que eles vieram com mais garra, com mais alegria, mais soltos. Foi o que nós falamos bastante lá na quadra: ‘vamos vir mais soltos, mais alegres, vamos cantar o samba!’, e aconteceu essa alegria toda”, opinou.
A preparação da Vila Maria seguirá firme até o dia do desfile, com a escola tendo na agenda ao menos mais um ensaio de rua que, na visão de Clayton Reis, manterá os ânimos da comunidade afiados até o domingo de carnaval.
“Como tem mais alguns ensaios, tem algumas coisas para acertar ainda. Alguma coisa, alguns errinhos, mas isso daí eu acho que é coisa pouca. Acho que nesses ensaios que tem agora, vai ter um ensaio de rua também dia 22 para não perdermos esse costume do ar livre. Nós ficamos muito dentro da quadra, daí perde essa vazão, o som que vai embora, não fica tudo ali. Acho que é isso, que é esse treino agora e descansar para o dia e rezar para o jurado olhar tudo certinho, dar tudo 10 e nós podermos subir”, afirmou.
Outros Destaques
A insaciável “Cadência da Vila” parece não ver limites para o quanto pode melhorar. Ousada, a bateria aplicou bossas precisas e variadas por toda a Avenida, não dando chances para o samba cansar na voz dos componentes. Mesmo diante de uma obra para um enredo com uma temática tão séria, o que se viu no Anhembi foi carnaval de escola de samba na sua mais pura essência, e os comandados de mestre Moleza tem muito mérito nisso.
“A bateria evoluiu dos dois primeiros ensaios. Teve o específico de bateria, teve o primeiro técnico e hoje já com a sonorização da Avenida, para a galera se acostumar com o som que vai ser no dia de desfile. Minha análise é positiva pelo que escutamos na frente, agora é continuar trabalhando o tempinho que falta, assistir aos vídeos, como eu sempre digo, analisar tudo para chegar a 110% no dia do desfile. Foi uma evolução dos últimos ensaios, muito mais acertos do que imprecisões. Tentar trabalhar 110% para quando os 10% faltarem pelo menos termos 100%”, avaliou Moleza o ensaio.
O mestre valorizou a presença do sistema de som instalado na Avenida para estimular os ânimos dos ritmistas da “Cadência da Vila”, fazendo com que eles se sintam ainda mais motivados para o dia do desfile oficial.
“Melhora com a sonoridade da Avenida. Com o som, a bateria consegue pulsar mais porque quando, quando tem a sonoriza geral da Avenida tem mais clima para a bateria. É importante porque a bateria toca mais animada, com mais emoção, melhorou foi isso. A galera estava mais animada, mais cantando samba, essa adrenalina de estar chegando no carnaval impulsiona, a galera fica mais confiante, nesse sentido mais motivacional. Mantivemos a técnica, fizeram um trabalho para ser muito técnica, para além de cumprir o que o regulamento do carnaval precisa. A bateria ensaia muito separada por naipes, para ser tudo no seu lugar, para não ter nada que sobressai. Uma bateria que tudo você vai ouvir é de forma proporcional, não vai ter nada se destacando e nada faltando, é isso que tentamos fazer e manter essa parte técnica”, afirmou.
A Vila Maria deixou o Sambódromo do Anhembi na noite de sábado com muita vontade de brigar pela vaga no Grupo Especial. Se o primeiro ensaio já deixara boa impressão, o segundo serviu para reforçar ainda mais quesitos bem cotados para garantir as notas 10. Se conseguirem ajustar os pequenos detalhes técnicos que faltam, só tornará a disputa do Grupo de Acesso 1 ainda mais grandiosa.
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