Por Gabriel Gomes e fotos de Allan Duffes
A Mocidade Independente de Padre Miguel foi a responsável por encerrar a primeira noite de ensaios técnicos do Grupo Especial do Rio de Janeiro na temporada de 2025, no último sábado. O casal de mestre-sala e porta-bandeira, Diogo Jesus e Bruna Santos, e a bateria “Não existe mais quente” foram os destaques do ensaio com forte canto da comunidade independente. A Verde e Branca será a primeira escola da terça-feira de carnaval (4 de março), com o enredo “Voltando para o Futuro – Não há limites pra sonhar”, desenvolvido pelos carnavalescos Renato Lage e Márcia Lage (In Memorian).
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“Foi um ensaio muito bom. Foi uma semana muito difícil, mas o povo está feliz. Ainda vamos trabalhar muito, ainda temos mais ensaios e vamos trabalhar até o último dia. Agora, é corrigir o que a gente entende que precisa ser corrigido, todo ensaio é uma oportunidade de trabalhar e corrigir”, explicou Mauro Amorim, diretor de carnaval.
O ensaio da escola foi marcado por diversas homenagens à carnavalesca Márcia Lage, que faleceu na última semana. O casal de mestre-sala e porta-bandeira da escola portava um laço preto na roupa. Além disso, o tripé levado pela Mocidade tinha uma estrela com o nome da carnavalesca.
Comissão de Frente
Comandada pelo experiente coreógrafo Marcelo Misailidis, a comissão de frente da Mocidade brindou um público com um belo espetáculo. A coreografia, inclusive, se encaixaria perfeitamente em uma apresentação de desfile oficial. A comissão era composta por 15 homens vestidos como uma espécie de “soldados” futuristas, com máscaras, lanternas e mochilas transparentes com luzes de led dentro. O ápice da coreografia
acontecia quando um dos componentes era erguido e dentro de uma bolsa transparente na barriga aparecia um bebê. A apresentação foi muito bela e emocionante.
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
O casal de mestre-sala e porta-bandeira da Mocidade, Bruna Santos e Diogo Jesus, se provaram, mais uma vez, como um dos melhores do quesito na atualidade. A dupla, vestida de roupas verdes, realizou uma excelente apresentação nas quatro cabines de julgadores, com muita garra e precisão nos movimentos executados. A se destacar, na coreografia, diversos momentos de alusões à letra do samba da escola, além da intensa e sincronizada troca de olhares entre o casal. Os giros da porta-bandeira, sempre com muita força, impressionaram e arrancaram aplausos do público.
“Graças a Deus a gente conseguiu fazer um belo ensaio técnico ao nosso ver, pela visão da nossa coreógrafa. É claro que tem muita coisa a acertar, a melhorar, mas em nossa visão nós conseguimos fazer um belo ensaio. Fizemos a coreografia oficial. Já que estamos aqui para testar, eu vejo uma grande importância trazer a coreografia oficial hoje, até mesmo para o público, que não pode estar aqui no dia de desfile, presenciar e ver esse trabalho que nós viemos preparando”, disse a porta-bandeira.
“A gente conseguiu, junto com a nossa coreógrafa Ana, junto com a nossa equipe, imprimir uma boa dança, é uma dança com muita energia. O público também ajudou bastante nas primeiras cabines.E a gente conseguiu fazer com êxito todas as cabines”, completou o mestre-sala.
Samba-enredo
O samba-enredo da Mocidade, composto por Paulo César Feital, Cláudio Russo, Alex Saraiça, Denilson Rozario, Carlinhos Da Chácara, Marcelo Casanossa, Rogerinho, Nito De Souza, Dr. Castilho e Leo Peres, afastou parte das desconfianças e se mostrou extremamente funcional no ensaio técnico. A obra contou com excelente condução do intérprete Zé Paulo e do carro de som da escola. O refrão principal, com “O céu vai clarear”, e a preparação com o refrão, com os versos “naveguei, no afã de me encontrar eu me emocionei”, foram os destaques do samba.
“Eu estou muito feliz, pelo menos ali no meu setor, bateria, parte da harmonia foi muito bem. O que passou de escola ali passou cantando muito bem, a gente não tem a visão macro do desfile. Mas acredito que para o primeiro dia de evento aqui na Sapucaí, quase uma hora da manhã,nós fomos muito bem. O propósito é esse mesmo, ensaiar, ensaiar, ensaiar, porque o que vale é o dia e estamos nos preparando bem. Temos que manter o canto ainda mais forte. Ano passado a gente perdeu o ponto da metade da escola pra trás, em harmonia, por conta do andamento de canto, então vamos tomando cuidado com o que foi apontado no passado para que a gente possa não cometer o mesmo erro esse ano”, comentou o intérprete Zé Paulo.
Harmonia
No quesito Harmonia, a comunidade de Padre Miguel mostrou a força do chão da Mocidade e cantou com bastante intensidade o samba-enredo da escola, que se mostrou funcional. A obra, mesmo com características mais melodiosas, foi muito bem conduzida pelo intérprete Zé Paulo e carro de som da escola. Os dois refrões, principalmente o principal, e a preparação para o refrão principal, desde o “Naveguei / No afã de me encontrar eu me emocionei” foram os trechos mais cantados pela escola.
Freddy Ferreira analisa a bateria da Mocidade no ensaio técnico
Evolução
A evolução da Mocidade transcorreu sem problemas ao longo do primeiro ensaio da temporada, nem mesmo nas saídas e entradas da bateria dos recuos. As alas da escola fluíram de maneira leve e animada pela Sapucaí. Muitas alas possuíam adereços de mão e luzes de led, uma referência ao enredo da escola e característica dos trabalhos do carnavalesco Renato Lage. A escola levou um grande tripé (uma nave espacial) e representou os carros alegóricos como pequenos tripés com a logo do enredo para o carnaval de 2025.
Outros destaques
Mais uma vez, a bateria “Não existe mais quente”, de mestre Dudu, fez uma excelente apresentação e conduziu muito bem o ensaio, dentro de suas características. A cadência da bateria contribuiu muito, junto do carro de som, para o bom desempenho do samba e do canto da escola. A rainha de bateria da Mocidade, Fabíola Andrade, esteve presente com uma fantasia futurista.
“Era de se esperar este ensaio. Nós fizemos quinta-feira aqui, no setor 11, um ensaio muito bom. Sempre digo que jogar no campo oficial é mais fácil. A gente lá na quadra tem um espaço muito bom, mas é diferente. E está aí o resultado. Para mim foi 100%. Agora é chegar em casa e ver os comentários. Mas aqui, você vê o brilho de olhar de cada ritmista meu. O trabalho foi genial porque conseguimos executar diversas bossas. Ainda vou pensar se eu vou botar a cereja do bolo no próximo ensaio ou será só para o desfile mesmo. Mas, o trabalho está entregue. Estamos desde julho com a bateria ensaiando: andamento, precisão de bossas, retomada de bossas. E é a bateria mais esperada do carnaval. Eu espero um resultado eficiente. Não vi nada a ser mudado ou melhorado. Foi uma semana bem tranquila, e conversei muito com a bateria. Precisava dar esse retorno, a escola está precisando disso. É um samba emocionante. A gente vem de um samba muito para cima, que é o samba do Caju. E esse não é um samba diferenciado, mas é um samba que é a cara da escola. Eles podem esperar um carnaval, cara de Renato Lage. A escola não está por menos. E é bom estar quietinho no nosso cantinho, deixa quem quiser falar o que quiser. E o resultado vai ser no nosso desfile oficial”, garantiu mestre Dudu.
Coloraboraram Gabriel Radicetti, Guibsom Romão, Marcos Marinho, Juliana Henrik e Carolina Freitas